Como um smartwatch pode melhorar a sua saúde? Especialista explica vantagens do acessório

Smartwatches – traduzido, relógios inteligentes – nada mais são que relógios de pulso computadorizados, ou seja, que possuem um sistema operacional digital. Não confunda com um relógio digital, termo utilizado mais frequentemente para definir modelos que utilizam visores eletrônicos, não necessariamente com funcionamento tecnológico.

Os smartwatches possuem funções que um relógio analógico não conseguiria. Além de mostrar as horas, a maioria dos modelos oferece suporte a alarme, temporizador, alteração de fusos horários automática baseada em localização, entre outras funções. Caso isso seja dispensável para você, modelos mais simples podem servir para seu objetivo.

Em um rápido levantamento organizado pelo Estadão Recomenda, pessoas que praticam modalidades ligadas à academia, corrida de rua e atletismo representam uma grande parte do público que utiliza smartwatches para acompanhar seus treinos. A maioria dos relógios inteligentes possuem funções projetadas para corrida e gasto calórico, como é o caso do próprio Apple Watch.

Há também quem não utilize nem smartwatches, nem relógios esportivos. A estudante de jornalismo Lara Paiva utiliza um celular para acompanhar seus treinos, mas afirma que um smartwatch melhoraria. “É meio chato ficar com ele na mão”, avalia, quanto à comodidade e à segurança pessoal.

A exposição do smartphone em locais públicos pode ser perigosa. O Apple Watch seria a sua opção de compra pela integração com outros dispositivos Apple, como o AirPods e o próprio iPhone.

Entre as funções adicionais de um relógio inteligente, o funcionamento offline (57,5%) e o armazenamento de músicas (21,4%) é um dos fatores mais úteis e atrativos para quem os utiliza. Ambas as funções mostram que é possível utilizar um smartwatch independentemente, deixando seu smartphone em casa, o que facilita no dia a dia.

“Quando fosse correr, eu poderia deixar sair só com o relógio, conectado ao fone de ouvido. Como também dá pra pagar por aproximação, não haveria a necessidade de sair com cartão ou dinheiro para correr”, afirma a estudante.

O nosso levantamento indicou, também, que os dispositivos mais utilizados para acompanhar treinos são os smartwatches convencionais. Modelos como o Apple Watch e Xiaomi Mi Band aparecem com mais frequência entre os entrevistados. Por mais que a Xiaomi Mi Band não seja considerada um relógio inteligente, ela é um dos wearables mais populares entre os consumidores, com milhões de vendas desde o seu lançamento.

Entre os dispositivos que acompanham a sua saúde, três são as opções mais comuns:

• 🏃 Relógios esportivos: mais famosos entre corredores e ciclistas, esse tipo de wearable é focado exclusivamente no acompanhamento de métricas do desempenho. Com cronômetro, medidor de pace ou velocidade, GPS, entre outras ferramentas, um relógio esportivo foca em acertar esses dados com precisão.
• 📱 Celular: uma ferramenta tão básica, mas tão fundamental e útil para o dia a dia. Uma das funções dele pode ser acompanhar sua rotina de treinos ou até mesmo dados da sua saúde. Através de aplicativos, o smartphone consegue desde mapear sua corrida até mesmo registrar dados sobre o sono ou ciclo menstrual.
• ⌚ Smartwatches: smartwatches estão mais para um celular do que para um relógio esportivo, pois seu foco é digitalizar o dia a dia, e não apenas acompanhar a saúde. Por estarem no pulso o dia inteiro, eles também são capazes de medir as estatísticas de saúde em tempo real, até com mais extensão que um esportivo.

Na hora de escolher um desses para acompanhar a sua saúde, é preciso saber o que você precisa medir especificamente. Se você tem um grande foco em esportes, talvez o relógio esportivo seja a melhor escolha. Agora, se o seu objetivo é tornar sua vida mais inteligente além da saúde, o smartwatch traz um pacote muito maior de funcionalidades, porém abrindo mão da precisão em dados de saúde.

O celular, por sua vez, é uma forma de acompanhar a sua saúde sem precisar realizar o investimento em outro equipamento. Há uma gama imensa de aplicativos que vão desde o monitoramento de sono até o controle de hidratação. A desvantagem é que ele pode ser grandes demais para atividades que exigem mobilidade, como a corrida, por exemplo.

Como um mini-computador de pulso, um smartwatch registra métricas associadas ao desempenho do seu corpo durante atividades cotidianas ou exercícios intensos. Portanto, ele pode ser um ótimo parceiro na hora de manter você informado do seu próprio estado físico. Por exemplo, caso o relógio perceba que seu treino está abaixo da média, ele pode ser o empurrãozinho que faltava para voltar ao nível normal de atividade.

Além de funções automáticas que monitoram atividades físicas, a praticidade do smartwatch também é ter um registro ao seu alcance em qualquer momento. Isso serve para anotar diversas informações manualmente, como dados nutricionais de consumo calórico, números de copos de água ou informações sobre o ciclo menstrual.

Fora das atividades físicas, muitos escolhem o smartwatch pelo monitoramento de sono. Trata-se de uma função presente em parte dos relógios inteligentes, que detecta variações de comportamento noturno, seja através do movimento ou dos sons.

A partir desses dados, os relógios conseguem passar uma série de dados compilados, gráficos e informações para nortear uma decisão que influencie positivamente na sua saúde. Há ainda modelos que automatizam ainda mais essas tarefas, como o Amazfit Cheetah Pro, testado pelo corredor Sérgio Rocha.

“Ele tem todas as funções que eu preciso para correr, mas, em questões de funções, ele é muito melhor que outros relógios esportivos, como o Garmin, Polar, entre outros”.

Alguns smartwatches possuem suporte a procedimentos médicos, normalmente realizados em ambientes clínicos ou hospitalares. O Apple Watch, por exemplo, é equipado com eletrodos que podem até realizar um eletrocardiograma (ECG) através de seus sensores elétricos integrados na Digital Crown, junto a outros sensores na parte de trás do dispositivo. É com ele que o relógio avisa sobre quaisquer irregularidades cardíacas, porém ele não é capaz de detectar um infarto.

Até agosto de 2020, no Brasil, aplicativos que realizassem eletrocardiograma sem auxílio médico eram proibidos, seja sem um profissional ou sem um equipamento próprio para tal. Essa resolução foi alterada em julho de 2022, de forma que os principais smartwatches do mercado podem funcionar na opção eletrocardiograma (ECG).

Atualmente, smartwatches que monitorem glicemia ou oxigenação do sangue são desaconselhados pela Anvisa. Até o momento, não há nenhum dispositivo desse tipo para medição não invasiva dessas métricas, que esteja propriamente regularizado pela agência.

Também, alguns modelos – em teoria – são capazes de medir a pressão arterial através do pulso. Modelos como o Galaxy Watch exigem uma braçadeira para calibrar o monitor de pressão arterial do relógio. Todavia, nenhum dispositivo inteligente substitui os métodos tradicionais de monitoramento e diagnóstico realizados por profissionais de saúde qualificados.

“Nada substitui um equipamento calibrado utilizado em hospitais e pronto-socorros. O relógio serve muito mais como um parâmetro de aviso”, analisa Rocha.

Mesmo com funcionalidades proibidas, a utilidade dessas funções ainda podem ajudar no dia a dia, como no caso de smartwatches Samsung, mencionados pelo corredor, que avisam o serviço de emergência caso sofra uma queda brusca. “Acho difícil conseguir barrar a evolução da tecnologia, ainda mais com protocolos de inteligência artificial. Ela nunca vai substituir, mas vai ajudar a prever sinais que te motivem buscar um hospital”, ressalta.

Em resumo: embora ofereçam conveniência e acesso rápido a certas métricas de saúde, é fundamental lembrar que smartwatches não substituem uma avaliação médica adequada.