Maratonistas indicam 5 tênis para quem quer começar na corrida

A preparação para uma maratona é um processo meticuloso e requer atenção, diz Vanderlei Cordeiro de Lima. No caso de Atenas, o medalhista olímpico conta que foram necessárias 14 semanas de treino focando especificamente nas condições da prova, considerando não só o percurso, mas a questão climática e os adversários.

Outro aspecto importante são os tênis. Em relação ao modelo usado na competição, Vanderlei relembra que foi um da Nike, sua então patrocinadora. Ele se refere ao Nike Air Streak Ekiden, que hoje não é mais produzido.

Hoje, Cordeiro acredita que escolher escolher um modelo para competições “não é só a questão da marca”. “Você precisa ter a confiança, o conforto e desempenho em um bom calçado. Eu tinha todos esses fatores a favor e isso contribuiu muito”, explica.

E complementa: “O atleta, quando está correndo, concentrado e focado no objetivo, não pode ter nenhum tipo de incômodo em relação a sua vestimenta, a seu calçado. Qualquer interferência que você tiver na sua concentração com certeza vai atrapalhar no resultado.”

Essa lição, Vanderlei aprendeu da forma mais dolorosa, nas Olimpíadas de 1996. “Em Atlanta eu não tive acesso ao tênis antes e a planta estava muito quente. Com a perda de líquido, eu fui tendo muito atrito na sola do tênis e aí foi criar uma bolha de sangue na planta dos meus dois pés”, relembra.

Depois disso, o maratonista passou a usar os tênis em treinos para garantir mais segurança e conforto dentro da prova, evitando surpresas desagradáveis. Hoje, para quem está iniciando na corrida, Vanderlei recomenda o Corre 3, da Olympikus, e ressalta a tecnologia brasileira por trás do modelo.

Como esta é também a atual marca que patrocina o atleta, o Recomenda conversou com o jornalista e maratonista Rodrigo Flores para ter uma segunda visão sobre o modelo. “O Corre 3 é o tênis de corrida mais vendido do Brasil. É um baita sucesso e daqui a pouco vem o Corre 4. É o tênis que quando alguém me pergunta ‘ah, que tênis eu compro para começar a correr?’, na minha cabeça imediatamente vem o Corre 3”, explica.

Aproveite para ver abaixo outros modelos de tênis indicados pelo especialista para diferentes gostos e bolsos.

Para Vanderlei, competir nos Jogos Olímpicos de Atenas e ganhar a medalha de bronze foi a realização de um grande sonho. Ele destacou o momento como um dos mais marcantes de sua trajetória no esporte: “Foi um grande momento da minha carreira, da minha vida, e tanto eu como o treinador Ricardo [D’Angelo] sabíamos que seria uma grande chance”.

Símbolo de resiliência, o atleta comentou sobre como, 20 anos depois, enxerga o momento em que foi empurrado para fora da pista, nos últimos 7 km da corrida. No momento do incidente, ele liderava a competição. “Eu fui surpreendido naquela prova. Não que isso tenha sido algo diferente do que eu convivi na minha carreira: os obstáculos, as dificuldades. Então, eu tenho a teoria que apenas não foi diferente de tudo aquilo que eu já havia passado na minha vida, na minha carreira”, reflete.

A intromissão do espectador que empurrou o atleta para fora na pista acabou tirando preciosos segundos de Vanderlei. Contudo, ele decidiu seguir. “Conduzir daquela forma, para mim, foi algo que eu simplesmente estava exercitando todo dia da minha vida”, salienta.

Para quem está começando a correr e deseja melhorar o desempenho, Vanderlei recomenda paciência, dedicação e um bom planejamento. “O esporte, e principalmente a corrida, é algo a longo prazo. Você precisa se dedicar, se entregar e entender que faz parte de um processo de evolução. Não tem como pular etapas”, aconselha.

Confira em detalhes as dicas do maratonista olímpico:

• Dedicação: “Você tem que ter muita paciência, se dedicar muito, se entregar naquilo que você está fazendo”, diz;
• Foco: “Você tem que sentir o amor no que você está fazendo, para ter um melhor desempenho, e falar: ‘eu vou correr determinadas provas’ e focar nessas provas”, orienta;
• Planejamento durante o ano: “Não queira competir todo final de semana porque, com certeza, não será um bom planejamento no futuro”, explica, reforçando que o atleta pode variar suas competições;
• Descanso: “Tem quem ache que deve treinar 30 dias por mês e continuar treinando todos os meses dessa forma. O descanso é muito importante para a recuperação e para você ter o melhor desempenho nos outros treinos também”, diz.

Vanderlei destaca ainda que vale entender as motivações e se guiar por elas. “Às vezes, um atleta amador simplesmente quer fazer aquilo para trazer qualidade de vida”, diz. Para quem, apesar desse foco, decide melhorar a performance, ele aconselha dar ouvidos ao espírito competitivo. “Ninguém quer ficar para trás e é aí que você vai começar a evoluir. Você começa a ver que você pode ir muito mais”, finaliza.