Samuel Rosa, Paulo Miklos e mais indicam grandes discos do rock; confira a lista

Nascido em Belo Horizonte (MG), em 1966, começou na música em 1991, quando fundou a banda Skank. O vocalista e guitarrista conhecido pelos hits “Garota Nacional” e “Vou Deixar” define o rock com uma frase: “a maior invenção do século 20″.

Rosa conta que seu contato com o rock vem de berço — literalmente. “Meu pai brincava que quando eu chorava, ainda neném, era só colocar Help, dos Beatles, que eu parava na hora.”

Comentário: “É uma lembrança açucarada da primeira infância, como o disco que me apaixonei perdidamente a ponto de ouvir até furar. Quando virou trilha sonora de seu filme homônimo, então, ganhou ainda mais importância. Aí decorei todas as músicas e me arrebatou profundamente.”

Fundador da lendária banda Os Mutantes, que também teve Rita Lee em sua formação, Baptista compôs sucessos como “Balada do Louco” e “Ando Meio Desligado”. Para ele, o rock pode ser definido como “consciência”.

Comentário: “Álbum fantástico de Jimmy Smith, com a música “What’d I Say”. Dentro do mundo dos órgãos, que é enorme, ele escolhe o melhor modelo Hammond que existe, o L100. Como resultado, temos uma técnica de improviso inigualável.”

Um dos fundadores dos Titãs, Miklos aparece como autor de clássicos como “Sonífera Ilha” e “Flores”. Para ele, a melhor palavra para definir o rock é “vitalidade”.

Comentário: “O compacto simples de Help, dos Beatles, me encantou. Eu tinha apenas 8 anos e fiquei eletrizado!”

Menção honrosa: “O outro disquinho foi Quero Que Tudo Vá Para O Inferno (1965), do Roberto Carlos.”

Hoje no Angra, Barbosa começou na música em 1994, quando fundou a banda Khallice. Ele admite a dificuldade em encontrar uma só palavra, mas resume o rock em “atitude”.

Comentário: “Nessa época, eu tinha entre 12 e 13 anos e morava em Brasília – que virou um centro afastado do rock nacional, com uma pegada bem autoral. Aí foi batata. Decorei o disco, sabia todas as linhas – de guitarra e de baixo. Eu adorava aquilo ali.”

Começou na música em 1997, quando fundou a banda Detonautas, o vocalista é conhecido pelos hits “Olhos Certos” e “O Dia Que Não Terminou”. Para ele, não existe rock senão na “atitude e consciência”.

O vocalista se lembra como antigamente – ainda na década de 1980 – era muito difícil ter acesso a CDs e vinis estrangeiros. Por isso, ficou com a memória marcada de seu primeiro contato com a mídia. “Da primeira leva de discos importados que tive acesso, não posso me esquecer de …And Justice For All, do Metallica.”

Comentário: “Eu lembro de adorar ficar lendo o encarte, vendo as fotos da banda. Prestava atenção no que estava escrito nos créditos de produção, letras, etc. Tenho essa memória muito clara na minha cabeça, de ter esses registros em mãos e ficar bem entusiasmado.”

Menção honrosa: “Blood Sugar Sex Magik (1991), do Red Hot Chili Peppers. Apesar de serem de estilos diferentes, esses discos me marcaram muito.”

Nascido em Curitiba (PR), em 1964, começou na música em 1982, quando fundou a banda Capital Inicial. O vocalista é conhecido pelos hits “À Sua Maneira”, “Primeiros Erros” e “Natasha”. Para o artista, rock é a “música urbana“ e multimídia por excelência, “fornecendo eletricidade às nossas veias”.

O vocalista conta que seu primeiro LP era um disco pirata de Jimi Hendrix. “Era uma gravação meio tosca de um show ao vivo no qual, entre vários clássicos, ele tocava  também uma versão de ‘Sunshine of Your Love’, do Cream (1967).”

Comentário: “Mesmo mal gravado, foi amor à primeira ouvida. Em algum momento da minha vida eu devo ter emprestado esse disco a alguém, porque ele sumiu.” [Como indicação, deixamos a versão original do mesmo show a que Dinho se refere, marcado pela versão do clássico do Cream].

Nascido em Brasília (DF), em 1970, começou na música em 1987, quando fundou a banda Raimundos. O vocalista e guitarrista é conhecido pelos hits “Mulher de Fases”, “Eu Quero Ver o Oco” e “Puteiro em João Pessoa”. Para ele, não existem dúvidas, rock é “vida”.

Como ninguém nasce roqueiro, de berço, o vocalista lembra que precisou de um mãozinha da irmã para conhecer e se encantar pelo rock. “O primeiro disco que realmente me apaixonei foi o Back in Black, do AC/DC. Tive contato com ele graças à minha irmã, que trouxe de um intercâmbio em 1982.”

Comentário: “Foi meu primeiro divisor de águas na música, pois, até então, só ouvia no máximo Beatles e rádio FM! Não conseguia parar de ouvir e querer mostrar para todo mundo! Ali, me tornei roqueiro.”

Nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 1952, começou na música em 1981, quando fundou a banda Blitz. O vocalista é conhecido pelos hits “Você Não Soube Me Amar”, “A Dois Passos do Paraíso” e “Mais Uma de Amor (Geme, Geme)”.

Quando perguntado sobre como definir o rock, não escondeu o bom humor e soltou o trocadilho: “Por mais que você grite, por mais que ‘Berry’, jamais chegará a Chuck!”

Comentário: “Gostava de tudo, desde a capa, com atitudes, cabelos e figurinos sensacionais, à contracapa, créditos… Devorava aquela sonoridade estranha que batia em cheio no meu corpo e alma.”

Nascido em São Bernardo do Campo (SP), em 1968, começou na música em 1987, quando se juntou à banda Sepultura. O guitarrista é conhecido pelos hits “Roots Bloody Roots”, “Refuse/Resist” e “Arise”.

Para ele, o rock significa “liberdade“. Porém, a infância do guitarrista nem sempre foi acompanhada de Elvis Presley ou Beatles. “Meu pai costumava comprar muito disco de sertanejo, e eu sempre o acompanhava nas lojas. Em uma das visitas, consegui encher o saco dele, que comprou o A Night At The Opera, do Queen.”

Comentário: “Para mim é, até hoje, uma obra-prima. Um álbum em que os quatro integrantes têm composições. Tem rock, blues, folk, ópera… além de ‘Bohemian Rhapsody’ – talvez, a maior música já escrita no rock. A partir dali, comecei a entrar nesse mundo. Imbatível.”

Nascido em São Paulo (SP), em 1978, começou na música em meados dos anos 1990. No Ratos de Porão desde 2003, o baixista demonstra sua habilidade em clássicos como “Crucificados pelo Sistema”, “Amazônia Nunca Mais” e “Sofrer”. Para ele, o rock é “gerar energia“.

A primeira lembrança de Juninho com um disco vem de quando o Brasil foi invadido por Queen e companhia, durante o Rock in Rio de 1985. “Eu era muito criança e estava assistindo pela televisão, quando meu pai decidiu me levar a uma loja de vinis e me deixou escolher um álbum.”

Comentário: “Esse disco é incrível e para mim é muito especial por conta de toda essa história da minha idade. Detalhe importante: eu ainda tenho ele até hoje na minha coleção.”

Nascido em Salvador (BA), em 1951, começou na música em 1980, quando fundou a banda Camisa de Vênus. O vocalista é conhecido pelos hits “Eu Não Matei Joana D’Arc”, “Bete Morreu” e “Simca Chambord”. Para definir o gênero, ele prefere a sátira e diz que o rock’n’roll é “tudo aquilo que o Coldplay não faz – uma música protagonista, sem necessidade de pulseiras ou micro-coreografias”.

Por isso mesmo, seu primeiro disco vai de encontro às modices do pop e remete à fonte de onde o rock bebeu. “Não podia ser outro senão Here’s Little Richard. Tem um motivo óbvio. Na época, meus pais ouviam uma música tranquila em casa, como Frank Sinatra e Bing Crosby, e Little Richard quebrou esse padrão sonoro completamente.”

Comentário: “Ele era selvagem, agressivo, com músicas velozes, acompanhadas de piano e saxofone vibrantes durante todo o disco. Era uma possibilidade da transgressão rítmica e até de volume – enquanto meus pais ouviam tudo baixo, eu colocava no talo. Era um recompensante desagrado familiar.”

Nascido em São Paulo (SP), em 1959, se juntou à banda RPM em 2018. O baixista é conhecido por tocar os hits “Olhar 43”, “Rádio Pirata” e “Alvorada Voraz”. Para ele, o rock não é somente música ou acessório, porém essencial.

No entanto, sem um empurrãozinho dos nova-iorquinos de cara pintada, talvez o rock’n’roll não atingisse esse patamar. “Eu, como vários da minha geração, fui pego de forma avassaladora pela vinda do Kiss para o Brasil em 1983. Na verdade, eu fui apresentado a este álbum por meio de videoclipes que passavam na TV.”

Comentário: “Assistindo ao clipe da música ‘I Love It Loud’, passei a correr na minha casa, com apenas 4 anos de idade, pedindo aos meus pais para comprarem o álbum. Tudo para mim começou nele, que acho fenomenal, atemporal e, talvez, um dos melhores da banda.”

Nascido em São Paulo (SP), em 1962, começou na música em 1981, quando fundou a banda Ira!. O vocalista é conhecido pelos hits “Flores em Você”, “Núcleo Base” e “Envelheço na Cidade”. Para ele, que afirma sem amarras, o rock é “tesão” – e, não por acaso, responde à trindade “sexo, drogas e rock’n’roll”.

Seu primeiro vinil “foi um compacto de Suzi Quatro, com ‘48 crash’, que fez muito sucesso, pois passava direto na televisão. Além de rebelde e intensa, era uma bomba hormonal [risadas]. Vamos lembrar, rock’n’roll também é, basicamente, sexo”.

Comentário: “Era o auge do glitter, quase um proto-punk. Mas tinha um lado sensual muito importante. Imagine eu, no início da minha adolescência, vendo a Suzi Quatro, aquela bad-girl, com sua banda – todos de jaqueta de couro e cara de bandido– e ela à frente, mais ainda. Me encantei.”

Nascido em Itapira (SP), em 1965, começou na música em 1982, quando fundou a banda Legião Urbana. O baterista é conhecido pelos hits “Tempo Perdido”, “Pais e Filhos” e “Será”. Para ele, rock é o “sentimento de contestação e rebeldia“. 

Comentário: “Eu poderia citar uma infinidade de bandas que evocam esse protesto em mim e em quem curte rock. Mas, peculiarmente, comecei minha infância  ouvindo The Who por causa do filme Tommy. Só depois fui entender o que era Keith Moon: um mito.”

Nascida em São Paulo (SP), em 1989, começou na música em 2011, quando fundou a banda Nervosa. A vocalista e baixista é conhecida pelos hits “From the Ashes”, “Starvation” e “Dark Night of the Soul” com a banda Crypta. Para ela, o rock é protesto, pois contesta tudo o que é imposto. Porém, também é acolhimento, ao dar casa a quem antes se sentia perdido.  

O início da vocalista no rock foi caso de família. “Meu pai era metaleiro, então desde criança (6-7 anos) eu estava acostumada a ouvir rock’n’roll e metal. Ele sempre fazia uma coletânea, em fita cassete, com diferentes músicas que eu gostava. Mas, no caso do Kiss, me apaixonei de ponta a ponta.”

Comentário: “É um disco com várias músicas deles, até lado B, mas bem acessível, pois apesar de Kiss e rock, era acústico. Ele me fez apaixonar, com músicas mais alegres e fáceis de decorar. Definia muito bem o que é rock’n’roll e foi um convite para me aproximar.”

Nascido em Uberaba (MG), em 1981, começou na música em 2014, quando fundou a banda Black Pantera. O baixista e vocalista é conhecido pelos hits “Punk Rock Nigga Roll” e “I Can’t Breathe”. Para ele, rock é “estilo de vida, é legado” e, no seu caso, serve como arma para denunciar o racismo em todas as suas roupagens.

Assim, a experiência do baixista, em seus primeiros contatos com o rock, não poderia ser outra senão com uma música crítica. “As bandas que eu mais gosto sempre puseram o dedo na ferida e usaram a arte como confronto. Hoje é a minha vida. Tenho uma banda de rock, mais que isso, uma banda de rock antirracista.”

Comentário: “O primeiro rock que eu botei para tocar foi o Cabeça Dinossauro, na vitrola do meu pai. É a primeira memória de ouvir e segurar um disco na mão.”

Nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 1997, começou na música em 2015, quando lançou seu primeiro EP independente. O artista e compositor é conhecido pelos hits “Saudade”, “Tem Certeza?” e “Promessas e Previsões”. Para elu, o rock é sobre “tomar atitude“.

Comentário: “É um disco que me marcou e me mostrou que o rock tem amizade com tudo quanto é ritmo. Sou grande fã de samba rock, por exemplo.”

Menção honrosa: Some Girls (1978), do Rolling Stones.

Nascido em São Paulo (SP), em 1999, começou na música em 2016, quando cofundou a banda O Grilo. O baixista é conhecido por tocar os hits “Serenata Existencialista”, “Onde Flor” e “Trela”. Para eles, o rock é vida.

Comentário: “Meu pai tinha o CD e o LP, que ouvíamos em todas as viagens para a praia. É uma das memórias mais antigas relacionadas à música e lembro-me de me apaixonar desde a primeira vez que a escutei.”