Zé Carioca, Fogo e Mancha Solar. Falamos de três personagens brasileiros de HQ, porém criados no exterior. Por trás deles, estão Walt Disney, Nelson Bridwell e Chris Claremont – nenhum nome com pinta de quem toma mate na praia ou faz churrasco na laje com os amigos. Em vez disso, o que acha de Maurício de Sousa, Laerte e Ziraldo?

Com obras como Turma da Mônica, Piratas do Tietê e Menino Maluquinho, os quadrinhos se popularizaram de vez a partir da década de 1960. Já são 155 anos de HQ no Brasil. O que começou em 1869 com As Aventuras de Nhô Quim, de Ângelo Agostini para a revista Vida Fluminense, hoje já virou até saudosismo.

Porém, não confunda nostalgia a um sentimento desbotado. Pelo contrário, conforme informações levantadas pelo Guia dos Quadrinhos e pela Quadrinhopedia, o mercado de HQ no Brasil aparece em ascensão desde 2011. De lá para cá, o número de títulos lançados por ano no País aumentou de 1.861 para 2.262 obras. Delas, 452 são produções nacionais.

No entanto, para que uma obra de língua portuguesa tenha reconhecimento internacional, ela não pode se reter às tiragens brasileiras. Um bom exemplo foi o que ocorreu com Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Mesmo traduzida para o inglês desde 1951, ela está passando por uma nova onda de interesse estrangeiro recentemente quando caiu nas graças do TikTok, em maio de 2024.

As HQ brasileiras no cenário internacional

O mesmo vale para qualquer HQ. Mike Deodato, quadrinista vencedor do Prêmio Eisner (o “Oscar dos quadrinhos”) em 2022, ressalta o ponto de vista particular que o brasileiro coloca nas tirinhas e defende sua valorização. “Somos reconhecidos por nossa criatividade e habilidade técnica. Assim, mesmo com falta de visibilidade, muitos conseguem chegar em grandes editoras estrangeiras”.

A obra Tungstênio, de Marcello Quintanilha, por exemplo, foi premiada com o Fauve D’or no Angoulême (principal cerimônia europeia de HQ) em 2016 e, ainda assim, nunca foi traduzida para o inglês. Já os prêmios – desculpe a modéstia – não faltam para o Brasil. De 2008 até 2024, quadrinistas canarinhos faturaram 13 Eisners. Imagine, então, com incentivo.

Para homenagear nosso País nos quadrinhos, o Estadão Recomenda entrevistou três cartunistas vencedores do Prêmio Eisner, Marcelo D’Salete, Mike Deodato e Fido Nesti, e perguntou a cada um deles quais obras nacionais influenciaram o seu trabalho.

Ficou interessado? Confira abaixo as indicações dos quadrinistas.