Review 1More Pistonbuds Pro Q30: o que achamos do fone sem fio com cancelamento de ruído abaixo de R$ 270

Na data de publicação desta matéria, o 1More Pistonbuds Pro Q30 chega a estar 50% mais barato nos sites de importação, em relação às compras nacionais.

Comprei este modelo durante a promoção do Choice Day, no AliExpress, uma campanha que ocorre periodicamente nos primeiros dias de cada mês. Na ocasião, consegui adquiri-lo por R$ 161,67, excluindo o ICMS. Por estar abaixo de US$ 50, o item não sofreu incidência de impostos do programa Remessa Conforme, que taxa produtos acima desse valor.

Até o momento, a melhor opção continua sendo o AliExpress. O fone custa R$ 264,78, excluindo o ICMS. Mesmo fora de promoção, o produto custa US$ 49 – abaixo do limite de taxa. Assim, se deseja adquiri-lo com a melhor economia, importá-lo vale mais a pena.

O case não traz novidades nem inovações revolucionárias. É o tradicional compartimento com tampa e LED indicador de bateria. Aqui, o básico é bem feito. A mistura do toque fosco com a superfície acetinada da tampa passa uma impressão refinada em comparação com outros fones.

Com os fones dentro, estojo pesa 44g. Individualmente, cada um pesa 4,6g. Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão

Os fones em si também são muito bonitos. Em particular, gostei do detalhe dourado que cobre a ponta superior da haste. A geometria cilíndrica dessa barra vertical, junto ao compartimento do alto-falante, é outro aspecto que me agradou visualmente.

Eles não possuem botões físicos pressionáveis, apenas uma área touch programável, indicada em relevo. Achei-a relativamente pequena e um pouco difícil de alcançar. Algumas vezes me deparei tentando pausar uma música sem sucesso de primeira. Com o hábito, essa dificuldade diminui, porém não é uma ação intuitiva.

Cada um dos lados pode ser utilizado sozinho, para prolongar a duração útil da bateria. Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão.

De toda forma, ele não introduz novidades em design, como o Huwaei FreeClip (a partir de R$ 1.053,63), mas cumpre plenamente com o vissual e formato esperados em um fone TWS.

Outro ponto que motivou minha compra foi a excelente duração da bateria. Na página do produto no AliExpress, o fabricante promete até 30 horas de carga total, com 7,5 horas de autonomia. Na prática, o fone realmente dura tudo isso. Houve momentos em que adormeci enquanto escutava músicas e, no dia seguinte, ainda estavam funcionando.

Além de verificar o status da bateria, o app permite reprogramar os botões de controle e alternar entre os modos de cancelamento de ruído. Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão.

O LED indicador é outro detalhe que ajuda bastante para saber quando recarregar o case. Em minha experiência, quando a bateria do estojo estava praticamente na “reserva” (luz vermelha, indicando 20% ou menos), o fone ainda durou mais duas recargas completas. Isso se traduz em cerca de três horas extras antes do esgotamento.

Os indicadores exibem as cores conforme a porcentagem da bateria: verde (> 80%), amarelo (80 – 20%) e vermelho (< 20%). Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão.

Vale lembrar que o desempenho da bateria depende do quanto você utiliza o cancelamento de ruído ou o modo transparente. Com um deles ativado, é razoável que a bateria dure menos do que o esperado, pois são funções adicionais que consomem mais energia. Por isso, se seu objetivo é ter um fone que dure muitas horas, utilizar o ANC desligado é uma escolha prudente.

A forma como ele se mantém preso à orelha contribui muito para o conforto. Testei durante treinos na academia e na pista, e em nenhum momento senti que poderia cair do meu ouvido. Tem o peso padrão de um TWS: nem pesado demais para cair sozinho, nem muito leve para sentir que algo está faltando.

A parte de plástico que estrutura o dispositivo gerou certo incômodo. Devido ao tamanho pequeno da minha orelha, o aparelho acabou sendo maior do que a parte interna dela. Senti que ele não se encaixou muito bem, apesar de não cair com facilidade. É provável que esse fone se adapte melhor a orelhas maiores. Por causa desse obstáculo, aproveitar o smart playback torna-se mais complicado do que deveria.

O fone fica preso pela ponteira de borracha. Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão.

A funcionalidade smart playback pausa automaticamente a música sempre que um dos fones é removido da orelha. Através de um sensor localizado na parte interna, a tecnologia detecta a ausência de audição e interrompe o som para economizar bateria e preservar a sequência da playlist.

Ao remover o fone, a música pausa automaticamente. Além disso, interrompe qualquer tratamento de ruído que estiver ligado. Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão.

O obstáculo é que, caso esteja mal posicionado, essa função também desativa todo o sistema de cancelamento de ruídos do fone, até mesmo a sua própria reativação. Nas primeiras semanas, cheguei a pensar que havia recebido um produto defeituoso, pois ele constantemente pausava as músicas sem que eu tivesse removido. Isso ocorreu justamente devido à imperfeição no encaixe. Por conveniência, decidi desativar o smart playback pelo aplicativo, e os problemas desapareceram.

Semelhante a outros fones com a mesma função, o cancelamento de ruído do Pistonbuds elimina grande parte dos sons externos que possam interferir na reprodução do áudio. Ele possui três modos: white noise reduction, mild e strong, que equivalem respectivamente ao tratamento fraco, médio e forte. Há também uma função adaptativa, que alterna entre os três modos automaticamente, conforme o ambiente em que você estiver.

Em um primeiro momento, por nunca ter utilizado um earphone true wireless com cancelamento de ruído ativo, não tive grandes expectativas quanto ao desempenho dessa função. Porém, o modelo me surpreendeu: o sistema funciona bem para um equipamento tão pequeno.

A combinação do isolamento passivo com esse sistema de cancelamento ativo beneficia em grande escala sua sonoridade. Por anular duplamente os ruídos externos, o som do Pistonbuds Pro Q30 é reproduzido livre de interferências, como em uma sala silenciosa.

No metrô, por exemplo, os ruídos graves do funcionamento do trem são eliminados, restando apenas um som de “ar”, como um vento leve. Algumas vozes de outros passageiros do vagão ainda permanecem, mas bem menos ruidosas do que sem o fone.

Sublinho que qualquer sistema de cancelamento de ruído funciona muito bem para sons contínuos e uniformes, como o som de um ar-condicionado. Este fone consegue eliminar até algumas frequências de voz, mas não é o ponto forte dessa funcionalidade.

O Pistonbuds Q30 é um ótimo exemplo de som com potencial para agradar a todos. Ele não é nem exagerado, nem deficiente. Simplesmente, o fone proporciona uma sensação de plenitude e satisfação, sem necessidade de ajustes na equalização. Por esses termos, significa que ele oferece uma sonoridade naturalmente equilibrada, sem exagerar nos graves e agudos.

Na minha jornada pelos fones sem fio, já testei desde cópias de fones que já eram ruins, até mais renomados como o Galaxy Buds e, mais recentemente, este.

Sempre notei uma clara diferença de sonoridade entre earphones – que costumam ser mais simples devido ao espaço limitado – e headphones ‐ que geralmente têm um desempenho muito melhor devido aos seus drivers maiores.

Coincidentemente com o mesmo nome (‘Q30’), tanto o modelo da Anker como o da 1More possuem cancelamento de ruído ativo, boa bateria e ótima sonoridade. Imagem: Jônatas Fuentes/Estadão.

O que mais me chamou atenção no Pistonbuds foi que essa diferença não se aplica a ele. Ao escutá-lo pela primeira vez, a impressão que tive foi a de que a experiência é semelhante à de um headphone, mas com a leveza de um pequeno earphone – que ele realmente é.

É claro que ele não possui a mesma potência de um driver de 44mm, como o Anker Soundcore Life Q30, que chega a vibrar os falantes nos volumes mais altos. Por outro lado, isso é vantajoso tanto para a duração da bateria, eliminação de distorções em volumes extremos e até mesmo na preservação da audição do usuário.

De acordo com a 1More, o Pistonbuds Pro Q30 possui 6 microfones – uma quantidade curiosamente alta para um fone diminuto – aprimorados com tecnologia de inteligência artificial para melhorar a qualidade de voz em chamadas e ligações.

Em nossos testes, a qualidade foi surpreendentemente agradável para um fone sem fio. A voz sai clara e definida, além de remover os sons externos que possam atrapalhar na compreensão do que é dito.

Confira o teste:

É importante observar que qualquer microfone de um fone Bluetooth não possui a mesma qualidade de outros equipamentos com fio. Devido à limitação de largura de banda da conexão sem fio, os dispositivos comprimem os dados gravados e reduzem sua qualidade, o que pode resultar em uma qualidade de som semelhante à de um telefone.

Ele é ótimo para quem precisa de um aparelho acima da média em todas as funções básicas de um TWS: som, bateria e isolamento. Talvez não seja tão esteticamente sedutor como o Galaxy Buds Live, nem ofereça baixa latência e funções gamer como o Lenovo GM2 Pro, mas ele cumpre tudo o que um fone precisa. Muitos modelos investem nessas características excepcionais como forma de se destacar no cenário de dispositivos TWS.

No geral, o Pistonbuds Q30 me atendeu na medida certa. Ele é discreto nos aspectos que o colocam como destaque promissor no mercado, mas é competente no que se propõe. O detalhe do tamanho ainda é algo que me incomoda, mas toda a qualidade de som e funcionalidade prática compensam muito mais.

Sua construção mais sóbria e discreta abriga uma série de funções que ajudam em longas horas produtivas. A bateria pode durar facilmente por dias de reuniões online, com o microfone aprimorado. Além disso, na minha opinião, ele contribui muito para o visual, conferindo uma sofisticação adicional à sua aparência. Querendo ou não, o fone também é um acessório.

No geral, o Pistonbuds Q30 é uma boa escolha se você não se importa em investir um pouco mais para nunca ficar na mão. Sua bateria dura o dia inteiro, o som é agradável e sua aparência é simples e refinada, oferecendo qualidade com bastante segurança.