Como um mero usuário que aprecia, no mínimo, um som livre de detalhes incômodos, como ruído de granulação e uma equalização exagerada, consegui definir a sonoridade em duas palavras: espacialidade e fidelidade.
Pode ser que um consumidor mais exigente não fique satisfeito com o aparelho logo de início. Como a maioria dos compradores que pesquisaram a fundo, notei que o Anker Q30 exige uma equalização antes de utilizá-lo. Basicamente, isso significa que a sonoridade de fábrica é mais básica (plana) do que o normal, ao contrário dos fones com curva em V, que enfatizam graves e agudos, como encontrado no Edifier W820NB, já avaliado pelo Estadão Recomenda.
No começo, pessoalmente, achei a sonoridade quente e um pouco densa, mas não excessivamente fechada. Os graves são bem completos e cheios, contribuindo para essa sensação “quente”, enquanto os agudos também se destacam com bastante clareza e independência, sem interferir nos graves, o que reforça a sensação de espacialidade mencionada anteriormente.
O melhor deste fone está escondido nas configurações do seu aplicativo Soundcore. Com ele, é possível equalizar os alto-falantes, ou seja, personalizar o som de acordo com suas preferências. Esse recurso é indicado não só por críticos e audiófilos, mas também por pessoas que avaliaram o dispositivo, especialmente para corrigir essa sonoridade mais abafada.
Por fidelidade, digo que o antes e o depois da equalização é como se tirasse um tampão dos ouvidos. Apesar de não possuir certificação com o selo Hi-Res — concedido oficialmente a poucos modelos, mas presente no Edifier W820NB —, a sensação é de aumentar a definição do som reproduzido, permitindo ouvir tudo com muito mais detalhes — alguns deles nunca notados por mim em outros fones —, seja em podcasts, vídeos, mas especialmente em músicas.
Em “Lose Yourself to Dance” – Daft Punk, como mencionado na parte da espacialidade, você sente como se estivesse dentro da sala onde foi gravada a bateria que aparece nos primeiros minutos, com definição até na ressonância do instrumento. O mesmo efeito de espacialidade se faz presente em “Virgo’s Groove” – Beyoncé, no brilho da bateria e na força do groove do baixo, ambos muito mais notáveis no Q30. Para comparação, a sensação é a mesma de ouvir no som do carro: arejada, mas sem perder detalhes nem força.
Em resumo, este fone proporciona uma imersão que nunca experimentei com outro modelo. Mesmo tendo elogiado o review do Edifier W820NB em minha análise anterior, agora vejo que o Anker Q30 representa um avanço muito mais significativo.