Fotógrafo das Olimpíadas elege melhores câmeras de ação

Brouillet começa suas indicações com dois modelos semiprofissionais, a Sony A7C e a Nikon ZF. “Pequenas, mas poderosas, você pode levá-las para qualquer lugar em uma bolsa. Afinal, fotografar deve continuar sendo agradável, e se você puder levar sua câmera para qualquer lugar, poderá tirar mais fotos.”

Entre modelos mais avançados, há opções que dependem do objetivo. Segundo Brouillet, é possível investir em câmeras focadas em resolução, como a A7R IV, ou em vídeos, como a A7S III. “Trabalhei com a Nikon Z9 para a WSL (Liga Mundial de Surfe) e os Jogos Olímpicos – que é uma verdadeira máquina, mas muito cara e pesada. Então, coloco a Nikon Z8 como solução.”

Para capturar cenas de ação com nitidez, as teleobjetivas são indispensáveis. As favoritas de Brouillet são a 70-200 mm ou a 100-400 mm – independentemente da marca. “Considero a 70-200 mm mais nítida. É a minha lente ‘to go’, bem leve e ágil.”

Para uma segunda abordagem, o fotógrafo recomenda escolher entre uma lente fixa, como uma 85 mm, ou algo mais aberto como as grande angulares. “Você pode usar uma 24-105 mm, que é mais ampla e permite um pouco de zoom. Além disso, é ótima para trazer uma visão panorâmica dos atletas.”

No surfe, Brouillet valoriza a possibilidade de capturar fotos mais próximas dos objetos, sem deixar a paisagem de fora. “Quando estou em Teahupo’o (Taiti), consigo enxergar a cena completa: as montanhas, as ondas vindo à direita, à esquerda e o recife ao longe. É uma maneira de enriquecer a composição.”

Brouillet recomenda usar câmeras de uma mesma marca, pois assim fica mais fácil usar as mesmas lentes e acessórios, como baterias e cartões de memória.

Com o equipamento pronto, o modo de disparo contínuo é essencial, pois a foto publicada é apenas uma entre várias da mesma cena. “Eu fotografo a 10 quadros por segundo, o padrão das câmeras atuais, o que é suficiente para esportes menos rápidos como surfe e futebol”, explica.

O ISO, que pode ser definido como a capacidade de uma câmera em registrar imagens em ambientes escuros, varia conforme o ambiente: “Uma manhã ensolarada na praia exige menos ISO do que uma partida de futebol à noite.”

O autofoco também é importante, com a flexibilidade de ajustar o foco em cenas inesperadas. Para fotos planejadas, sugere ajustar manualmente o foco, como fez na icônica foto de Gabriel Medina.

Nascido em 1985, em Marseille (França), Jerome Brouillet cresceu e passou a maior parte de seu tempo livre, na infância, navegando na costa de sua cidade natal em um pequeno barco da família, chamado Chrysaora. Desde então, criou um elo com a natureza, especialmente com o oceano, que viria a ser protagonista anos mais tarde.

Já na vida adulta, depois de filmar amigos como hobby, Jérôme Brouillet iniciou sua carreira profissional há 14 anos, ao ajudar um colega em uma competição de mountain bike na França. A partir daí, decidiu dedicar-se exclusivamente à fotografia de esportes.

Apaixonado por atividades radicais, do surfe à Fórmula 1, diz que a pior coisa seria acordar sem vontade de fotografar. “Por isso, deixei outras ofertas, juntei dinheiro por fora e foquei apenas em esportes”, diz.

Em 2014, mudou-se para o Taiti para fotografar o surfe em Teahupo’o, um ponto de virada em sua carreira. Dez anos depois e após algumas coberturas da WSL, foi credenciado para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

Lá, além de tirar uma foto digna de capa de caderno, o fotógrafo viveu grandes emoções, especialmente ao ver Kauli Vaast, do Taiti, ganhar a medalha de ouro. “Vê-lo vencer a bateria e, depois, subir no pódio foi provavelmente uma das melhores emoções da minha vida.”