Como escolher um smartphone com a câmera ideal?

Para saber se a câmera do seu celular (ou do próximo) tem boa qualidade, é preciso prestar atenção em algumas especificações, além da quantidade de megapixels (MP).

A primeira delas é quantas e quais são os tipos de lentes. Hoje em dia é raro encontrar um smartphone que tenha apenas uma e, quando é o caso, são aparelhos mais básicos.

Muitas lentes não garantem, necessariamente, maior qualidade na foto final, mas pode indicar que, provavelmente, existem mais possibilidades de captura.

Os tipos mais comuns são:

• Principal: oferece um campo de visão bem amplo e é ideal para uma variedade maior de fotos: paisagens, ambientes internos, grupos de pessoas, etc. Cada marca tem uma distância focal distinta, mas geralmente têm distância focal de 24 e 35 mm.
• Ultra grande angular: também chamada pelo nome em inglês, ultrawide, tem ângulo de visão ainda maior que a lente principal – que permite incluir mais elementos na fotografia. São ideais para fotos de paisagens ou de arquitetura. A distância focal varia entre 16 e 24 mm, geralmente.
• Teleobjetiva: é a responsável pelo zoom óptico (vale lembrar que o zoom digital é apenas uma extensão eletrônica de uma foto, que não preserva a qualidade original), ideal para retratos com o fundo desfocado, esportes e shows. Os smartphones costumam trazer teles com distância focal equivalente a 100 mm ou mais.
  
• Macro: é a lente para fazer fotos de detalhes ou objetos pequenos. É indicada para fotos de texturas, insetos e flores e tem distância focal abaixo dos 15mm.
  

Outro ponto importante para verificar é a abertura máxima do diafragma. A maioria dos smartphones atuais têm entre f/1.8 e f/2.8, mas os melhores modelos têm lentes principais abaixo desse valor. Funciona assim:

• Quanto menor o número f, maior é a abertura do diafragma, o que permite a entrada de mais luz (ideal para fotos em ambientes escuros, com mais detalhes e menos ruídos). Também diminui a profundidade de campo (entregando imagens com desfoque de fundo mais acurado) e obturador mais rápido (mais ágeis em congelar movimentos e evitam fotos tremidas).
• Se o número f é maior, o oposto disso acontece: menos luz (fotos dependem de mais iluminação), aumenta a profundidade de campo (todos os elementos ficam em foco e perde-se o fundo desfocado) e obturador mais lento (é preciso mais firmeza na mão).

Para resolver o problema da iluminação, praticamente todos os smartphones contam com algum tipo de flash, geralmente LED. Os melhores modelos contam com mais de um ponto LED, que emitem luzes em diferentes tonalidades para uma captura de cores mais equilibrada.

Nas câmeras frontais, as marcas podem recorrer a outros artifícios para simular um flash, como ativar brilho máximo da tela ou colocar um frame branco segundos antes do clique.

Megapixel é uma medida que corresponde a quantidade de pixels físicos (unidades que coletam a luz) presentes no sensor de uma câmera. Dessa forma, são eles que compõem a imagem digital capturada pelas lentes. Em teoria, quanto maior a quantidade de megapixels, mais detalhada e nítida é a fotografia. 

Porém: como smartphones geralmente contam com sensores bem pequenos, uma alta quantidade pode não ter uma influência tão significativa assim. Mesmo com alta contagem de MP, o sensor pode ter pixels físicos pequenos e captar menos luz (resultando em qualidade inferior em ambientes menos iluminados).

Isso não torna a quantidade de megapixels totalmente dispensável: câmeras abaixo de 12MP entregam fotografias de menor qualidade.

No fim das contas, vale mais ter um sensor de qualidade. Com um sensor maior é possível captar mais luz por pixel físico, resultando em uma imagem de qualidade melhor mesmo que a quantidade de MP seja um pouco inferior.

Mas essa é uma informação bem mais difícil de se checar em um celular, já que nem sempre essas informações estão disponíveis no manual e seria preciso abrir o aparelho para verificar o tamanho do sensor.

O processamento das imagens é responsável pela entrega final das fotos. Nesse quesito, vale observar se o software da câmera conta com esses recursos adicionais:

• HDR faz com que a câmera faça várias capturas de diferentes exposições e as combina em um único arquivo para gerar melhor qualidade em ambientes com alta luminosidade, mas pode causar um efeito artificial em algumas situações.
• Estabilização, seja óptica (OIS) ou digital (EIS), esse recurso evita que a foto ou o vídeo saiam com tremores.
• Modo noturno ou equivalentes é essencial para capturas de qualidade em ambientes mais escuros.
• Modo profissional ou correspondente permite que o próprio usuário determine os valores de diafragma, ISO, obturador, balanço de branco e outros.

Vale a pena também checar o formato que a câmera está finalizando as fotos. Além do tradicional JPEG, dá para explorar em outros formatos mais favoráveis aos detalhes da fotografia:

• RAW/DNG, o formato sem perdas e ideal para quem vai trabalhar com edição da fotografia;
• HEIF, formato mais recente e usado no iPhone, mas disponível mais recentemente em algumas marcas com Android também. É até 50% mais leve que o JPEG, entrega gradiente de cores mais acurado e com melhores detalhes finos.

Se o software de processamento for insuficiente, dá para tentar driblar uma parte do problema com apps como Open Camera e Adobe Lightroom, que também possibilitam alterar configurações diretamente na captura.

E o vídeo? As configurações de hardware já citadas se aplicam também para a captura de vídeo. Na parte do software, porém, o olhar deve ir para:

• Resolução: praticamente todos os smartphones atuais gravam em Full HD. A qualidade superior está no 4K, enquanto os melhores se destacam por capturar em 8K;
• Taxa de frames: é ela que dá aquele ar mais realista e fluído ao vídeo. Quanto maior, melhor. A maioria grava em 24fps (padrão cinema) ou 30fps (padrão TV), mas os melhores aparelhos filmam em 60fps (padrão cinema e game) ou até mesmo em 120fps (padrão game).
• Formato: a maioria dos smartphones com Android finalizam em MP4, o formato mais popular e aceito. Já os modelos com iOS fecham em MOV, criado pela Apple (mas não é exclusivo) e que entrega uma qualidade superior ao MP4 ao passar por menos compressão – mas com arquivos mais pesados, consequentemente. Alguns celulares Android oferecem a opção de gravar nativamente em MOV, como o Galaxy S24. O HEVC é um formato ainda mais compacto que todos os outros e de qualidade superior, mas com menor compatibilidade.