Review: Motorola Edge 50 Ultra se destaca pelo zoom e pelo carregamento rápido

Ao abrir a caixa, foi curioso perceber que o celular estava perfumado. Em comentários de lojas online, descobri que os aparelhos recentes da Motorola estão vindo com um “cheirinho” elogiado pelos consumidores. No período em que fiquei com o aparelho, ele não desapareceu.

O design lembra os modelos do início da década, quando houve um boom de smartphones com bordas curvas. Isso dá um toque especial ao uso, especialmente ao visualizar imagens passando no modo horizontal. Não é uma área com muita sensibilidade ao toque, então não é preciso se preocupar com a forma de segurar o aparelho.

Esse formato de bordas, um ponto positivo para alguns, não me conquistou. Além de perceber as laterais um pouco mais escurecidas, atrapalhou o clique em alguns aplicativos. Na hora de fechar a seção de comentários no TikTok, por exemplo, foi preciso insistir mais que o normal.

A parte traseira do exemplar que recebi tem acabamento no estilo couro e é um bom ganho para evitar aquelas marcas de dedos inconvenientes. A textura oferece uma firmeza extra na hora de segurar o celular, mais que outros modelos que já usei com o mesmo tipo de material. Há a possibilidade de adquirir o dispositivo com a traseira em madeira – remetendo diretamente ao Moto X, modelo de 2013.

A Motorola desenvolveu uma inteligência artificial para ajustar as configurações automaticamente antes do clique. Dá para desativar, mas o recurso apresenta sugestões durante o uso e é bem útil para quem não quer ficar pensando tanto em controles de obturador ou ISO.

De um modo geral, as fotos são ótimas. Mas fica o aviso: as telas dos smartphones da Motorola da atual geração apresentam uma saturação maior que nos concorrentes, por isso, é comum achar que o seu clique está mais colorido que o normal. Para alterar isso, basta ir em Configurar > Tela > Cores e escolher a opção Naturais.

O zoom impressiona. O alcance óptico é de 3x e tem bastante qualidade, graças a lente de alta definição. O software da câmera sugere também a opção 6x, já digital, mas que também faz uma boa entrega por conta do processamento com inteligência artificial.

Dá para avançar até 100x, mas o intervalo entre 30x e 100x começa a pixelizar de uma forma mais incômoda. Exemplo:

Teste de zoom no Motorola Edge 50 Ultra

Com a IA ativada, a câmera suaviza as tremulações durante o uso, seja no modo foto ou vídeo. O zoom para filmagens vai até 20x, bem longe, mas já pixelizado também. No modo noturno, a câmera para fotos avança até 10x, enquanto o vídeo impede qualquer tipo de ampliação.

Alguns consumidores reclamam da qualidade do áudio em ambientes muito ruidosos. A marca propõe uma solução para isso ao adicionar cancelamento de ruído e vento por intermédio da inteligência artificial.

Porém, como vem desativado de fábrica, é preciso configurar (símbolo de Engrenagem no canto superior direito > seção Vídeos > Áudio com inteligência artificial > Cancelamento inteligente de ruído).

Além do formato padrão, a câmera tem os tradicionais modos noturno, profissional, retrato, câmera lenta, etc. Mas inclui também alguns bem diferentes, como o Cor em Destaque (em que você seleciona uma cor antes do clique e deixa o resto da foto em escala de cinza) e Captura Dupla (que tira uma foto pela visão traseira e frontal ao mesmo tempo, inspirado na rede social BeReal).

Teste do modo Câmera Dupla no Motorola Edge 50 Ultra

Senti falta de finalizar as fotos em outros formatos, como HEIF e RAW, já que a Motorola permite fotografar apenas em JPG – mesmo no modo Pro. Usando outro aparelho para finalizar em HEIF, uma foto com configurações bem similares ficou quase 3 MB mais leve. Usado em iPhones e alguns modelos da Xiaomi, o formato HEIF permite armazenar um número maior de fotos na mesma capacidade de armazenamento.

Outro ponto negativo é que, durante meus testes, o uso intenso da câmera deixou o aparelho quente. Esse não é um problema que vai afetar a maioria dos usuários, que geralmente abrem a câmera, clicam e fecham. Mas quem ficar brincando com as diferentes funcionalidades das lentes talvez note que a tela passará por uma variação de temperatura. Não foi uma questão quando eu estava jogando, por exemplo.

Apesar da lente teleobjetiva poderosa, um dos fatores que mais me chamaram a atenção, na verdade, foi a bateria. No Edge 50 Ultra, ela é de 4.500 mAh, um número até abaixo do padrão do mercado atual de 5.000 mAh. Mas isso não é necessariamente algo ruim.

Equipado com um carregador de 125 W, o mais potente das prateleiras nacionais em 2024, o tempo de recarga dele é realmente impressionante. Foram necessários apenas 20 minutos, cronometrados, para ele ir de zero a 100%.

Durante a recarga, o celular esquentou bastante, mas a marca avisa que isso é normal. Dá para usar o carregador em outros aparelhos? Sim, mas não será tão rápido se o seu smartphone não permitir esse nível de carregamento rápido.

Bateria tem recarga rápida no modo Turbo Power, com potência de 125 W.

O compartilhamento de bateria via carregamento reverso pareceu bem complicado; testei com outro Motorola e foi bem difícil conectar. Em poucos segundos, o recurso já foi desconectado – mesmo seguindo as instruções de deixar a tela virada para baixo e colocar os dispositivos em formato de cruz. Fiz uma tentativa com um celular Xiaomi e não houve resposta alguma. Tentei desativar o NFC, mas nem mesmo isso resolveu o problema.

O dispositivo aceita carregamento sem fio, mas é preciso adquirir a versão por indução à parte.

E quanto tempo ele segura? Com uso regular, é possível ficar mais de um dia longe da tomada, facilmente. Em momentos mais puxados, como uma partida de Age of Empires de cerca de meia hora, apenas 5% da bateria foi utilizada – e não esquentou. Dá para passar um bom tempo jogando ou rolando o feed do TikTok sem grandes preocupações.

Entre os fãs do Android, a Motorola é conhecida por trazer a experiência mais próxima ao “puro”, com poucas interferências no sistema operacional. Para mim, um dos pontos negativos disso é a ausência de uma galeria nativa, por exemplo.

Depender apenas do Google Photos pode ter seus benefícios – como edição de fotos de forma simplificada e direta no acervo – mas me pareceu bem confuso para quem não deseja subir tudo na nuvem.

Ainda assim, é bom ressaltar que esse é um smartphone top de linha por menos de R$ 5 mil. Para efeitos de comparação, o Galaxy S24 (a versão de entrada da linha S) custa mais ou menos o mesmo valor que o Edge 50 Ultra, mas o modelo da Motorola tem tela maior e melhor, além de lentes com mais resolução.

Talvez a comparação seja mais justa com o Galaxy S24 Ultra, o mais potente da Samsung. Nesse caso, o Edge 50 Ultra “perderia” um pouco em tela, câmeras e bateria, mas com a (boa) vantagem de custar cerca de R$ 2,5 mil a menos.

É um modelo que indico para quem busca um top de linha mas não quer gastar mais de R$ 5 mil. Deixa a desejar em alguns pontos – como o aquecimento durante uso intenso da câmera e pouco tempo de atualização do Android na comparação com concorrentes – mas com configurações avançadas interessantes e um preço abaixo do padrão para a categoria.