14h de greve castigam 5 milhões em SP

Metroviários descumprem decisão judicial e param 3 linhas até horário de pico da noite; CPTM tem paralisação total nas Linhas 11 e 12

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Foto do author Adriana Ferraz

SÃO PAULO - Foi um dia de transtornos. Das 4 horas - quando abrem as estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) - até a retomada de operações por três linhas do Metrô, às 18h45, a cidade viveu mais de 14 horas de caos. Com boa parte dos ramais do Metrô fechados e as Linhas 11-Coral (Luz-Mogi das Cruzes) e 12-Safira (Brás-Calmon Viana) da CPTM paradas, cerca de 5 milhões de paulistanos que usam transporte público sofreram para chegar ao trabalho de manhã ou simplesmente se locomover pela cidade.

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Quem estava nos ônibus e carros não escapava - São Paulo registrou às 10 horas o recorde de congestionamentos para a manhã desde que começaram as medições, nos anos 1980. Motoristas demoravam até três horas para cruzar vias que, em dias comuns, são percorridas em 30 minutos. Fora deles, o cenário era ainda pior: ônibus lotados, trabalhadores a pé e quebra-quebra nas estações. Com 60 ônibus extras, o sistema de emergência da Prefeitura não deu conta de atender tanta gente. Em São Mateus, esperava-se uma hora, em média, para embarcar.

Na zona leste, sem trens nem Metrô, a Tropa de Choque da Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar passageiros que fecharam a Avenida Radial Leste, em frente à Estação Itaquera, da Linha 3-Vermelha, para protestar. Uma pessoa ficou ferida e duas foram detidas - entre elas uma copeira que chamou PMs de covardes. A mais de 30 km dali, no Jabaquara, zona sul, usuários também enfrentaram a polícia e atearam fogo em jornais do sindicato dos metroviários na entrada da estação.

Mesmo com a decisão de acabar com a greve no Metrô - tomada às 16h30 pelos metroviários após audiência de conciliação com o governo na 2ª Região do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) -, muita gente ainda sofreu para voltar para casa. Na Estação Barra Funda, os portões foram abertos às 18h30 e os corredores logo lotaram. Houve confusão e correria e muitos passageiros pularam as catracas. Às 20 horas, sindicalistas da Linha 11 da CPTM também decidiram encerrar a paralisação, mas as estações continuavam fechadas.

O caos foi tanto que à tarde algumas empresas chegaram a dispensar mais cedo seus funcionários - muitos haviam chegado atrasados de manhã e foram pegos de surpresa com o fim da greve. "Quando estava chegando à Estação Bresser, eles (Metrô) anunciaram que o trem seguiria até a Penha. Na Penha, disseram que o metrô iria até Corinthians-Itaquera", comemorava nesta quarta-feira, 23, às 19h o selecionador de pessoal Ricardo Lima, de 21 anos.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) classificou a greve como "eleitoreira" e "ilegal", já que sindicalistas descumpriram ordem judicial de manter 100% de operação em horários de pico e 85% no resto do dia, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. "É o argumento dele para não discutir nossas reivindicações", rebateu o sindicalista Altino de Melo dos Prazeres.

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