O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), assume um novo mandato nesta quarta-feira, 1º. À frente da maior cidade do País, Nunes terá o desafio de resolver problemas em áreas essenciais como transporte, segurança, educação e meio ambiente.
Reeleito com 59,35% dos votos válidos, Nunes chega ao segundo mandato após ser questionado durante debates eleitorais sobre questões urgentes da cidade, como a Cracolândia. Ao longo da campanha, o prefeito também foi questionado sobre o índice de alfabetização das crianças da capital, entre outros pontos.
Com mais quatro anos pela frente, veja os principais gargalos a serem resolvidos por Ricardo Nunes.
Cracolândia
Desde a década de 1990, a Cracolândia é um dos principais problemas sociais da cidade de São Paulo. O fluxo de usuários de drogas circula, principalmente, pelas ruas do centro da cidade.
Especialistas indicam a necessidade de realizar ações de assistência social e saúde como caminho mais eficaz para minimizar o problema. Ao longo dos anos, no entanto, diferentes gestões têm se concentrado mais em operações policiais para atacar a situação. Recentemente, o Estadão mostrou que o governo estadual quer usar reconhecimento facial para identificar foragidos e desaparecidos na Cracolândia.
Revitalização do centro
A revitalização do centro da cidade depende da solução de diversos problemas que vão desde a Cracolândia ao déficit habitacional. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um em cada cinco imóveis residenciais da região está sem uso. Ao mesmo tempo, 40% dos 31,9 mil moradores de rua estão no centro. A estratégia para revitalizar a região, segundo especialistas, deve incluir políticas de moradia, geração de renda, além de incentivo à abertura de empreendimentos que movimentem a região.
Segurança
Ainda que os Estados sejam responsáveis constitucionais pela segurança pública, cada vez mais as prefeituras são chamadas a atuar na área de maneira mais contundente. A administração municipal pode atuar seja por meio do fortalecimento das guardas municipais, seja por meio da melhoria da iluminação pública, de implementação de câmeras de vigilância, aumento de ações de assistência social, entre outras. A segurança pública foi o tema de maior preocupação dos paulistanos nas eleições de 2024.
Transporte
A área de transporte é um gargalo histórico da cidade. Segundo pesquisa de Qualidade do Serviço Público, publicada em 2023 pelo instituto Agenda Pública, 52,8% da população estava insatisfeita com o tempo de espera de ônibus e 64% com o preço da tarifa. A ampliação do transporte coletivo é a principal estratégia para reduzir os congestionamentos da capital. Nesse sentido, investir no sistema de BRT (Bus Rapid Transit) é uma opção importante a ser considerada. O modelo que prevê tráfego em corredores é uma alternativa para aumentar a velocidade média das viagens.
Educação
Embora tenha zerado a fila de creche desde 2020, a cidade de São Paulo ainda tem desafios significativos na área da educação. Atualmente, a cidade investe R$ 20 mil por aluno/ano na etapa, um dos maiores investimentos do País. Ainda que todas as crianças de 0 a 3 anos das creches da capital fiquem em regime de tempo integral, a taxa cai para 11% na pré-escola, segundo o Todos Pela Educação. A qualificação da educação infantil é vista como um passo fundamental para evitar danos na trajetória escolar dos estudantes a longo prazo.
Índice que mede o nível de alfabetização feito pelo Ministério da Educação (MEC), divulgado em maio de 2024, mostrou que a cidade está na 21.ª posição entre todas as capitais do País. Segundo a métrica, apenas 37,9% das crianças do 2.º ano sabem ler e escrever. O porcentual é bem abaixo da meta de 44,3% prevista pelo MEC. Para especialistas, o fortalecimento da educação infantil pode ter resultado positivo na estatística.
Desastres climáticos
Os desastres climáticos são desafio crescente para a prefeitura da capital. Fortes chuvas e ondas de calor têm trazido impactos que vão desde o fornecimento de energia à saúde pública. Atualmente, a capital tem 206 mil moradias em áreas de risco de deslizamento e enchente. Além da construção de unidades habitacionais em local seguro, segundo especialistas, a prefeitura precisa investir em sistemas de alerta de risco e ampliar o plantio de árvores na capital. Em dezembro, a prefeitura publicou uma atualização do Plano Municipal de Redução de Riscos que prevê o investimento de R$ 1,5 bilhão em obras de mitigação de risco.
Política urbana
No novo mandato, Ricardo Nunes terá a tarefa de promover a construção de moradias sociais, integrar os bairros e criar novos centros regionais para desconcentrar o fluxo na capital. Especialistas apostam na descentralização como uma estratégia importante para tornar a cidade viável. Isso significa promover incentivos para impulsionar atividades específicas nos bairros, de modo que não fiquem concentradas em apenas um lugar, diluindo o fluxo de pessoas.
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