Academias comemoram reabertura, mas reclamam do limite de horário

Pelas regras, locais podem ficar abertos seis horas por dia e só podem operar com 30% da capacidade

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SÃO PAULO — Representantes de academias de São Paulo comemoraram a decisão do prefeito Bruno Covas (PSDB) de autorizar a retomada parcial das atividades a partir de segunda-feira, 13, mas reclamam do limite de abertura de seis horas por dia. Entre os argumentos, o setor alega desde o modelo econômico "pouco atrativo" a até risco maior de haver aglomeração.

De acordo com o protocolo assinado por Covas, as academias poderão reabrir com até 30% da capacidade e com os alunos fazendo agendamento prévio. Os locais também precisam adotar uma série de outras medidas contra o coronavírus, incluindo restrição para uso de bebedouros e vestiários, higienização de aparelhos, no mínimo, a cada duas horas e distância mínima de dois metros entre as pessoas nas salas de treino.

Especialista afirma que as academias são ambientes de alto risco de infecção por covid-19 e que a retomada deve ser feita com 'muito cuidado' Foto: SmartFit/Divulgação

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As academias vão medir a temperatura dos alunos e funcionários antes da entrada e também investigar o histórico de covid-19, com os frequentadores tendo de responder a uma série de perguntas antes de entrar. O objetivo é evitar o ingresso de pessoas infectadas ou que tiveram contato com doentes recentemente.

Diretor de Operações da Just Fit, Paulo Rebello afirma que as unidades da rede já vão reabrir na segunda. Segundo relata, o grupo estudava protocolos aplicados no Brasil e no exterior há 45 dias, e fez estoque de insumos de higiene para se precaver contra possíveis "sumiços" de produtos no mercado. A estimativa é que cada unidade use cinco litros de alcool em gel por semana.

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"Nós estamos preparados para reabrir com segurança. Com a limitação de 30% da capacidade máxima, teremos entre 70 a 80 pessoas por hora treinando. Em geral, as nossas unidades têm 1 mil m², então há tranquilidade para evitar aglomeração", diz Rebello. "O setor foi um dos mais prejudicados pela pandemia e passou quatro meses fechado. O único problema é que abrir seis horas por dia não é interessante do ponto de vista econômico, então seria interessante poder trabalhar dentro do horário normal."

Já Filippe Savoia, CEO da Bluefit, diz que com horários estendidos seria mais fácil evitar aglomerações. "Estamos de acordo com as regras definidas, com exceção do funcionamento limitado a seis horas. Acaba fazendo mais sentido funcionar por mais tempo durante o dia e evitar a concentração de pessoas em horários limitados."

Segundo Savoio, além das medidas de segurança previstas no protocolo, a rede fará distribuição gratuita de máscaras para os alunos. "Acreditamos que a prática das atividades físicas são importantes para aumentar a imunidade e a saúde das pessoas. Dessa forma somos favoráveis às reaberturas", afirma. Como os contratos dos funcionários estão suspensos, no entanto, ainda não há previsão para a reabertura das unidades. "Logo, iremos comunicar a todos sobre a data de retomada."

Em nota, a Smart Fit afirma que o protocolo de São Paulo é "um dos mais rígidos", mas que estaria apoiado "nas melhores práticas de biossegurança" e que apoia as medidas. "Temos dialogado com outras redes de academia espalhadas pelo mundo, que já viveram processos de reabertura e a implementação dos protocolos", diz. "O grupo entende e apoia a rigidez desses protocolos pois em um momento de reabertura, o principal objetivo deve ser a segurança dos colaboradores e clientes."

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Para se adaptar às regras, as unidades da rede só devem reabrir na terça-feira, 14. "Não abriremos na segunda-feira, principalmente para garantir o treinamento de toda a equipe de colaboradores e terminarmos a implantação de todos os procedimentos que o protocolo determina."

Por risco, pessoas obesas deveriam evitar academia agora, diz especialista

Professor titular do Instituto de Física de São Carlos da USP e diretor executivo da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), Adriano Andricopulo afirma que as academias são ambientes de alto risco de infecção por covid-19 e que a retomada deve ser feita com "muito cuidado". Entre as recomendações, o especialista sugere que os alunos levem máscaras reservas, usem o equipamento de proteção o tempo inteiro e higienizem as mãos antes e depois das atividades.

"O ambiente das academias é muito complicado: é fechado, existe um número considerável de pessoas circulando e há contato muito intenso das mãos com os aparelhos. É um dos piores locais para se estar em momentos, como este, de pandemia", descreve. "A comparação que se pode fazer é com a panela de pressão. Há vários componentes ali dentro: se algo sair do controle, o efeito pode ser devastador."

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Andricopulo alerta que os alunos não devem restirar as máscaras de proteção em nenhum momento. "Vai ser um desafio grande, porque a pessoa fica cansada, a respiração é mais intensa com a atividade física", diz. "Se a máscara ficar muito úmida com o suor, o ideal é ter alguma reserva para fazer a troca."

"Existe uma grande diversidade de infraestrutura de academia. Algumas são grandes, com espaço mais amplos, talvez nestas o número restrito de pessoas pode ajudar. Na menores, não muda muito", avalia. "De toda forma, entendo que, pro mais que você limite, ainda assim o contato é muito grande, com problemas de gotículas, do toque das mãos nos aparelos. A limpeza deve ser constante."

O pesquisador recomenda, ainda, que pessoas obesas evitem o ambiente das academias e façam exercícios em espaços abertos, como caminhadas nas ruas ou em parques. "A reabertura das academias pode ser um chamativo para as pessoas que estão acima do peso e já passaram meses isoladas em casa, possivelmente fazendo planos para o momento em que pudessem sair de novo. Isso me preocupa bastante", afirma.

"Os dados da OMS e do Ministério da Saúde mostram que a obesidade é um grande fator de risco entre as vítimas da covid-19, mesmo para quem tem menos de 60 anos", explica Andricopulo. "Elas podem até pensar que ir para a academia melhoraria sua condição de saúde mas, na verdade, pode acabar as colocando em risco potencial maior." 

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