Previsto para ser entregue em janeiro de 2024, o trem aéreo que vai ligar os três terminais de passageiros do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, à estação de trens urbanos da CPTM deverá operar apenas em fevereiro de 2025. O atraso de mais de um ano levou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a abrir processo administrativo para impor sanções à concessionária GRU Airport, responsável pelo projeto. A empresa pode ser multada.
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A nova previsão de inauguração foi informada pela Anac. A reportagem entrou em contato com as empresas que integram o Consórcio Aero Gru, sendo informado que apenas a GRU Airport dispunha de informações sobre as obras. Procurada, a GRU Aiport não respondeu.
O sistema está em fase final de testes, com as composições já circulando em todo o trajeto, mas ainda há obras em andamento no Terminal 2.
Este é o segundo sistema de transporte a utilizar a tecnologia do Automated People Mover (APM), conhecido como aeromóvel, no Brasil. Em Porto Alegre, desde 2013 uma linha semelhante faz a ligação entre o Aeroporto Salgado Filho e uma estação do metrô local.
Em Guarulhos, a via, com extensão de 2,7 quilômetros, foi construída a uma altura de 11 metros do solo. Os vagões são leves porque não têm motores e são movidos pelo empuxo do ar que circula em dutos localizados sob os trilhos.
Especialistas dizem que a tecnologia imita os barcos à vela, mas com vento artificial. O ar, empurrado por ventiladores potentes instalados na entrada dos dutos, faz com que os vagões se desloquem pelos trilhos.
As composições foram projetadas e construídas no Brasil, por meio de uma parceria da Aerom, empresa gaúcha que desenvolveu a tecnologia, e a Marcopolo Rail, especializada em modais sobre trilhos.
Trajeto em 6 minutos
O aeromóvel de Guarulhos tem três composições formando dois conjuntos – a terceira composição é reserva. Cada trem pode levar até 200 passageiros. O trajeto completo entre a estação da CPTM e as três estações dos terminais levará seis minutos, com o transporte inicial de 2 mil passageiros por hora.
A capacidade pode ser dobrada se houver demanda. Atualmente, os passageiros levam 45 minutos para fazer o percurso em transfer e ônibus. As composições, com dois carros articulares e cerca de 25 metros de comprimento, são equipadas com portas automáticas, ar-condicionado, sistema antifogo, saídas de emergência, acessibilidade e espaço para bagagens.
A bordo, os passageiros terão wi-fi grátis e monitores informativos. Nos testes, o veículo atingiu 57 km/h. Por não usar combustão, o sistema é silencioso. A eliminação de combustíveis fósseis ajuda a reduzir as emissões de carbono.
O projeto
O Consórcio AeroGru, formado pelas empresas Aerom, HTB Engenharia, FBS e TS Infraestrutura venceu a licitação aberta pelo governo federal em 2019. O termo aditivo para incluir o aeromóvel na concessão da GRU Airport foi assinado em setembro de 2021.
Na época, o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era o ministro de Infraestrutura do então governo Jair Bolsonaro (PL). O projeto, a um custo de R$ 271,7 milhões, foi iniciado em janeiro de 2022, com previsão de entrega do sistema operando em janeiro de 2024.
Em novembro de 2023, foi fundida a última das 116 vigas do projeto, e desmobilizada a parte de pré-moldagem. O içamento da viga, em dezembro daquele ano, foi feito com o uso do maior guindaste do Brasil, com capacidade para mil toneladas e uma lança de 120 metros. A estrutura foi içada por sobre a cobertura do terminal de desembarque.
Após o içamento da última viga, seguiu-se a instalação dos trilhos, aparelhos de mudanças de via e sistemas de alerta. Em outubro de 2024, o projeto recebeu o último trem.
Atraso e sanções
O contrato assinado com a concessionária previa que o sistema operasse em janeiro de 2024, o que não ocorreu. Devido ao atraso, a Anac informou ter aberto processo para aplicar as sanções previstas no contrato. “A Anac acompanha a implantação do investimento, uma vez que, a partir da eficácia do termo aditivo, trata-se de obrigação contratual da concessionária”, disse, em nota.
Segundo a agência, “o prazo de implantação do investimento já se encerrou e, desde fevereiro deste ano, encontra-se em andamento processo administrativo sancionador”.
Constatada a não entrega da obra em fevereiro de 2024, foi emitida notificação de infração à concessionária, disse a Anac. “O processo administrativo sancionado encontra-se em análise, podendo culminar, inclusive, na aplicação de multa por atraso.”
A agência informou ainda que tem acompanhado o cronograma de obras apresentado pela concessionária. “A informação mais recente prevê a conclusão do sistema em fevereiro de 2025″, informou.
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