Aeroporto de Congonhas vai reduzir nº de voos; veja como será funcionamento durante as obras

Planos da concessionária são diminuir os 44 movimentos por hora para 40, reduzindo as atividades da aviação executiva; novo terminal de passageiros terá o dobro do tamanho atual

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Foto do author Gonçalo Junior
Atualização:

O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, iniciou oficialmente nesta quarta-feira, 11, as obras de ampliação e modernização. Para diminuir o impacto da intervenção, que terá investimentos de R$ 2,4 bilhões até 2028, a principal conexão de destinos domésticos do País vai reduzir o número de voos diários.

A informação foi confirmada pela concessionária Aena, responsável pelo aeroporto desde outubro do ano passado. Os planos são reduzir os 44 voos por hora para 40, diminuindo as atividades da aviação executiva. Durante as obras, o terminal seguirá operando normalmente.

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Esses quatro voos a menos vão representar uma “gordura” diante das eventualidades, como explicou Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil. “Nosso desafio é manter o número de voos e uma boa performance. Esses quatro voos vão representar um buffer, uma gordura para fazermos a obra com menor impacto na aviação com um todo” , afirmou.

A concessionária diz que Congonhas opera com 44 movimentos por hora, 80% da capacidade máxima (55 voos por hora). A capacidade dos aeroportos é definida pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB). Em 2022, antes de a espanhola Aena arrematar a gestão de Congonhas no leilão, o governo federal havia anunciado o aumento da capacidade de operação de 41 para 44 voos por hora.

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Aeroporto de Congonhas terá um terminal de passageiros com o dobro do tamanho atual. Foto: Aena/Divulgação

O aeródromo vai ganhar um terminal de passageiros com o dobro do tamanho atual, passando a somar mais 100 mil m², novas pontes de embarque e 20 mil m² para áreas comerciais. Congonhas também vai poder receber aeronaves com maior capacidade como o Airbus A321neo e o Boeing 737 Max 10. A previsão de entrega é junho de 2028.

O início das obras representa um desafio para o Aeroporto de Congonhas diante de um problema que vem se repetindo: atrasos e cancelamentos de voos, seguidos de filas e queixas de passageiros. Relatório do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) pôs recentemente Congonhas entre os aeroportos com menor pontualidade.

Os transtornos, para especialistas ouvidos pelo Estadão, estão ligados à operação do terminal perto do limite da capacidade. A concessionária e as companhias aéreas atribuem os atrasos às condições meteorológicas adversas, como tempestades e ventanias.

O Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, tem o maior número de movimentações diárias no País. Lá, a capacidade máxima é de 60 movimentos por hora, mas nem todas as faixas horárias atingem o limite. Em Congonhas, o segundo com mais operações do Brasil, a capacidade é quase totalmente utilizada ao longo do dia. Congonhas tem papel importante para a conexão da malha aérea nacional.

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A capacidade máxima é o maior número de voos ou passageiros que o aeroporto consegue processar por hora. São avaliados fatores como check-in, canal de inspeção (raios x), esteiras de bagagens, pistas, fingers, capacidade do pátio de estacionamento de aeronaves.

Como Congonhas não tem voos entre 23 horas e 6 horas da manhã, cancelamentos noturnos viram dor de cabeça para o dia seguinte. A possibilidade de ampliar o horário de funcionamento motiva forte reação em associações de moradores que temem mais barulho.

Nos dias de chuva ou vento também são comuns remanejamentos para outros aeroportos próximos, como Cumbica (Guarulhos) ou Viracopos (Campinas).

O anúncio do início das obras com o lançamento da pedra fundamental contou com a presença de Maurici Lucena, presidente da Aena, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth.

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Lucena afirma que os R$ 2,4 bilhões que serão investidos representam o maior aporte da companhia fora da Espanha. Para o ministro Costa Filho, os “investimentos vão mudar significativamente a aviação no Estado de São Paulo”.

Obras serão divididas em fases

Outra estratégia da concessionária para limitar os impactos é dividir a ampliação em fases. Neste ano, a concessionária iniciou a ampliação da sala de embarque remoto e a reforma dos banheiros, que deve ser finalizada no primeiro trimestre de 2025.

“Fizemos seis meses de estudos para detalhar esse faseamento e verificar que ele é compatível. Nossa expectativa é trazer o menor impacto possível”, diz Santiago Yus.

  • primeira fase: inclui demolição de estruturas, instalação de canteiro de obras e melhorias na pista de taxiamento.
  • segunda fase: abrange a transferência das companhias para novos hangares, dando início à construção do píer do novo terminal.
  • terceira fase: serão instaladas as pistas de embarque e o sistema de processamento de bagagens.

Para melhorar a circulação no entorno, a concessionária pretende criar 72 vagas para motoristas por aplicativos. O aeroporto, no entanto, tem limitações para ampliar seu espaço físico. Inaugurado em 1936, numa área que à época era descampada, hoje está em frente ao Corredor Norte-Sul, uma das principais avenidas da cidade, além de vários prédios comerciais.

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