SÃO PAULO - São Paulo vai inaugurar seu primeiro sistema de empréstimo de bicicletas de larga escala na quinta-feira, 24. Dez estações já estarão em funcionamento, cada uma com cerca de dez bikes disponíveis. O bairro que receberá as primeiras será a Vila Mariana, na zona sul. A ideia é que, nos próximos três anos, 300 estações coloquem à disposição dos paulistanos 3 mil bicicletas para aluguel.
O sistema será operado pelo Itaú - que já tem um sistema com 600 bicicletas no Rio - e recebeu o nome de Bike Sampa. Os paulistanos vão poder checar pela internet e no celular qual é o bicicletário mais próximo, com aparelhos disponíveis para uso. As viagens de até 30 minutos são gratuitas - paga-se R$ 5 pela hora excedente. Para usar o sistema, também é necessário ter passe mensal - com mensalidade de R$ 10.
Quando todo o sistema estiver concluído, o objetivo é que a cidade tenha uma rede de estações de empréstimo em uma distância de um quilômetro entre uma e outra. Assim, será possível pegar uma bicicleta perto do metrô, do ponto de ônibus ou de casa, por exemplo, e deixá-la na estação mais próxima do trabalho. A Secretaria de Transportes também fará ciclorrotas em áreas próximas de estações - uma já está sendo pintada e sinalizada na região da Vila Mariana.
As primeiras estações já estavam sendo concluídas na noite desta terça-feira, 22. Elas estarão posicionadas na frente de pontos de interesse, como o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, o Sesc Vila Mariana e a Cinemateca Brasileira, que atraem centenas de visitantes todos os dias. Estações de metrô no bairro, como a Vila Mariana e Ana Rosa, também terão bicicletários próximos.
O retorno financeiro para o banco é feito por meio da publicidade estampada nas estações e em cada uma das bikes - brecha prevista na Lei Cidade Limpa, de 2007. Na visão da empresa, essa será uma das poucas possibilidades no curto prazo para expor sua marca pela capital. A exploração publicitária vai ocorrer da seguinte forma: duas placas de 3 centímetros cada na parte dianteira da bicicleta e duas placas na parte traseira, de 10 centímetros cada.
Mudanças. Segundo Regina Monteiro, presidente da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana da Prefeitura (CPPU), algumas modificações foram feitas em relação às bicicletas que são emprestadas na capital fluminense. "Houve pequenas modificações no formato do banco e no sistema de freio. Eles (o banco) nos garantiram que o modelo paulistano será o mais moderno possível", afirmou a arquiteta.
Para Thiago Bennichio, diretor-geral da Associação Ciclocidade, a ideia é boa, mas é necessário maior investimento em infraestrutura para garantir a segurança do ciclista em São Paulo. "Seria preciso fazer mais ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas para garantir a segurança do usuário do sistema. A Secretaria de Transportes está apostando mais nas ciclorrotas (ruas onde são colocadas sinalização advertindo para o fluxo das bicicletas), mas cada tipo de via precisa de um tipo de infraestrutura diferente", afirmou o ativista.
Segundo Bennichio, também são necessárias campanhas de educação permanentes para que se diminua o risco de acidentes com o provável aumento no número de ciclistas na cidade.
Outros planos. Além do Itaú, pelo menos mais três empresas têm planos de criar sistemas de empréstimo de bicicletas. O Bradesco já apresentou proposta à CPPU, para colocar à disposição 300 bicicletas no entorno das Ciclofaixas de Lazer. A AES Eletropaulo e a Ambev ainda estudam o modelo que será utilizado.
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