O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quarta-feira, 16, que a Enel não conhece a realidade do Brasil e errou ao focar investimentos em automação do sistema de distribuição e redução no quadro de funcionários.
“Quero apontar um grave erro da Enel. Realmente ela não conhece a realidade do Brasil. Ela investiu em automação de rede, que custa caro. Ela automatizou e diminuiu gente, retirou gente da rua”, disse Silveira. Essa estratégia, segundo o ministro, dificulta a retomada do serviço em cenários como o vivido por São Paulo.
Uma tempestade na sexta-feira, 11, deixou 2,1 milhões de endereços sem energia na Grande São Paulo. Nesta quarta-feira, de acordo com balanço divulgado às 17h pela concessionária, aproximadamente 74 mil clientes estavam sem luz.
Como o Estadão mostrou, no terceiro trimestre de 2023, antes do apagão do ano passado, a Enel São Paulo tinha 15.366 empregados, sendo 11.503 terceirizados e 3.863 próprios. O número representou uma queda em relação ao mesmo período do ano anterior, quando eram 17.475 - sendo 13.034 terceirizados e 4.441 próprios.
Ainda de acordo com o seu balanço consolidado de 2023, a Enel reportou 15.721 trabalhadores. Como comparação, em 2020 eram quase 27 mil.
A Enel diz, no entanto, que a medida não prejudicou a sua operação. “A empresa reforça que não reduziu a força de trabalho que atua em campo e tem aumentado o seu quadro de eletricistas próprios. A redução no quadro pessoal no período não trouxe impactos às atividades operacionais da distribuidora”, informou a companhia em nota.
Em coletiva de imprensa, Silveira disse ainda que a entrada da empresa no Brasil teria sido barrada em 2019 caso tivesse sido avaliada de forma “séria”. Ele afirmou que reconhece que a Enel ampliou investimentos na rede, mas destacou que, caso a empresa pense em renovar a concessão, teria que mudar aspectos da gestão e ampliar os investimentos. “No decreto de renovação é proibido o aumento de terceirizações”, exemplificou.
Perguntado sobre a possibilidade de haver troca de controle do serviço da Enel em São Paulo para outra empresa, como ocorrido em Goiás, o ministro disse que é uma possibilidade, mas que não se posiciona sobre ser ou não o melhor caminho. “Defendo o devido processo legal”, afirmou.
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