‘Chuva foi sem precedentes’, diz porta-voz da Defesa Civil de SP sobre alertas para o litoral norte

Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais disse que governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Sebastião foram alertados dois dias antes sobre o risco de desastres

PUBLICIDADE

Foto do author Renata Okumura
Atualização:

O tenente Roberto Farina, diretor de comunicação da Defesa Civil do Estado de São Paulo, classificou como “sem precedentes” a chuva que atingiu o litoral norte de São Paulo no fim de semana. Até o momento, ao menos 50 pessoas morreram em decorrência das fortes tempestades que atingiram a região no último fim de semana.

PUBLICIDADE

“A Defesa Civil do Estado emitiu um alerta do dia 17 ao dia 19 sobre as fortes chuvas, alertando sobre os acumulados em torno de 250 milímetros. Mas a questão dos acumulados de chuva que aconteceram e atingiram 680 milímetros é sem precedentes na história da Defesa Civil do Estado de São Paulo. O que aconteceu foi um fenômeno da natureza que afetou principalmente São Sebastião”, disse o tenente Farina em entrevista à Rádio Eldorado nesta quinta-feira, 23.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) afirmou que o governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Sebastião foram avisados com pelo menos dois dias de antecedência sobre os riscos de desastres na cidade em razão dos fortes temporais. Moradores da região relatam não ter recebido alertas da Defesa Civil.

“Ainda há previsão de chuva nesta quinta-feira, entre 20 e 30 milímetros. O solo ainda está encharcado e se chover, isso prejudica, porque os trabalhos da força-tarefa precisam ser interrompidos”, acrescenta o tenente. Em caso de maior acumulado, a Defesa Civil fará novo alerta, segundo ele.

Até o momento, 48 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo no último fim de semana. Foto: Tiago Queiroz/Estadão)

“Temos 47 anos de existência. E antes da estruturação da Defesa Civil, nos anos 1970, a maior catástrofe aconteceu em Caraguatatuba, em 1967, onde foram registrados quase 500 mortos. O acumulado era em torno de 230 milímetros”, afirma.

Publicidade

De acordo com ele, a chuva do último fim de semana foi uma das maiores tragédias da história do Estado de São Paulo e do Brasil. “A força-tarefa, que é multidisciplinar, tem contribuído muito com o avanço das buscas e localização de pessoas, assim como de alguns corpos”, afirmou Farina. Na quarta-feira, chegaram alguns cães farejadores, para ajudar nos trabalhos.

“Todos os esforços estão sendo usados na Vila Sahy, Juquehy, Boiçucanga, em São Sebastião, com o intuito de localizar vítimas”, disse ele.

Conforme Farina, o número de desaparecidos varia entre 36 e 40. “O familiar informa que uma pessoa está desaparecida. A pessoa aparece, mas não dão baixa no cadastro, por isso pode ter essa pequena variação”, afirma ele. Mais de 700 pessoas estão envolvidas operacionalmente na força-tarefa.

Monitoramento

Entre dezembro e março, durante a Operação Chuvas de Verão, 177 municípios que são propícios a terem deslizamentos e desmoronamentos, intercorrências em relação ao acumulado de chuvas, são monitorados. “Dentro do plano preventivo, temos uma oficina preparatória. Então, nós já treinamos voluntários que têm interesse em ter conhecimentos nestes tipos de tragédias”, afirma Farina. Em São Sebastião, somente no primeiro dia mais de 80 voluntários participaram dos trabalhos de resgate.

“Temos ainda as mídias sociais para que as informações cheguem até as pessoas. Temos as informações que enviamos para a imprensa, que replica a divulgação. Temos aplicativo que está disponível para qualquer plataforma, onde a pessoa pode buscar informações sobre a sua região. Temos o SMS. A pessoa digita o seu CEP e envia torpedo para o número 40199 para receber as informações”, disse o tenente.

Publicidade

Sobre a implantação de sirenes para avisar a população, Farina apenas justifica que o sistema de alerta da Defesa Civil tem diversas ferramentas. “Temos realizado diversos estudos sobre como aperfeiçoar estes alertas. Enviamos equipes para outros países para analisar se outras tecnologias, que ainda não utilizamos, cabe no nosso País e na nossa realidade.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.