SÃO PAULO - Com medo de ter praias lotadas no feriado de 7 de setembro, São Sebastião prepara barreiras sanitárias nas divisas com Bertioga e Caraguatatuba a partir de quinta-feira, 3, além de reforço na fiscalização. Após aglomeração na orla do Guarujá no último fim de semana, a prefeitura também cogita uma barreira na entrada da cidade para impedir a chegada de turistas. Essa medida já foi tomada pelo município de março a julho e barrou 42.689 veículos. Santos também discute medidas para evitar lotação das praias. No domingo, 30, o Rio foi outro local cujo excesso de banhistas nas praias da zona sul também fez aumentar a preocupação com o possível aumento de contágio da covid-19.
"Vamos parar todos os veículos que não têm placa de São Sebastião, será feita medição de temperatura do motorista e passageiros, desinfecção dos pneus e perguntas sobre a covid-19. Se a pessoa apresentar sintomas, será submetida ao teste. Em caso de resultado positivo, a pessoa será encaminhada imediatamente para uma unidade de pronto atendimento", afirmou o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).
Ele se preocupa com aglomerações, principalmente nas praias mais famosas dos bairros de Maresias, Baleia, Juquehy e Camburi. No último fim de semana, eram quase 200 mil pessoas na cidade. "Inverno atípico com 40 graus, mar em boas condições e céu limpo, fatores que promoveram aglomeração nas praias. A fiscalização não deu conta de todas as 18 praias que estavam praticamente lotadas", afirmou.
Além disso, desde o início da pandemia em meados de março, parte dos paulistanos migrou para o litoral."Temos 89 mil habitantes em São Sebastião, mas desde o início do ano estamos com 150 mil permanentes, que são veranistas (quem tem casa no litoral) ou pessoas que alugaram casas por 6 meses ou até 1 ano", disse o prefeito. "Habitantes e veranistas respeitam as regras, mas turistas provocam aglomerações, sendo poucos os que usam máscaras. Quem passa o fim de semana não se protege, mesmo com todas as orientações por parte da prefeitura, de hotéis e de pousadas."
O Plano São Paulo - programa de flexibilização da quarentena - proíbe aglomerações em locais públicos, mas a prerrogativa de liberar o acesso a praias é dos municípios, que devem garantir o cumprimento dos critérios estaduais. Na segunda-feira, 31, o governador João Doria (PSDB) criticou a alta procura pelas praias e cobrou medidas mais restritivas dos prefeitos. "É como se nada estivesse acontecendo, como se estivéssemos em período de alta temporada e com razões para celebrar." O Estado registrou queda no número de internações, infecções e óbitos pelo coronavírus pela 3ª semana consecutiva. Ainda assim, afirmou Doria, todas as cidades seguirão em quarentena, enquanto não houver vacina aprovada e distribuída para a população.
No Guarujá, uma reunião do comitê gestor do novo coronavírus do município será realizada nos próximos dias e até quinta-feira deve haver uma decisão sobre a adoção ou não desta medida restritiva. O decreto 13.770, de 10 de julho, permite a permanência nas praias da cidade apenas para caminhada e prática de esporte. No fim de semana, a prefeitura admitiu que houve aglomeração e "centenas de intervenções dos fiscais em faixa de areia".
Em Santos, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) também demonstrou preocupação. Por meio de nota, informou que o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista (Condesb) discutirá medidas estratégicas ao longo da semana. "A pandemia não acabou. É importante que as pessoas se mantenham conscientes. O distanciamento deve ser mantido e as regras de higienização para prevenção continuam. Todos, sem exceção, devem sair de casa cumprindo e respeitando o próximo e a si mesmo", declarou Barbosa.
A prefeitura admitiu que, no domingo, 30, houve "movimento acima do normal para um final de semana". Segundo nota, a Guarda Civil da cidade abordou 922 pessoas, informando que não era permitido ficar na areia. Assim como no Guarujá, as praias da cidade foram liberadas apenas para atividades esportivas individuais e banho de mar. Cinco multas foram aplicadas pelo não uso de máscaras. A preocupação com aglomeração acontece ao mesmo tempo em que os ambulantes foram liberados para ficar na orla da praia de Santos. A hospedagem de turistas está liberada no município, mas os hotéis só podem receber até 60% da capacidade.
Já Caraguatatuba diz que a fiscalização será intensa neste fim de semana prolongado, principalmente para "turismo de um dia - ônibus que descem com banhistas apenas para pegar praia - prática que ainda não está liberado dentro da quarentena." Quem for flagrado será multado, diz a prefeitura. O município pediu apoio ao Estado nos trabalhos de fiscalização da quarentena no próximo fim de semana prolongado, que costuma ocasionar em um aumento de turistas nas praias da cidade. A expectativa de grande movimento aumentou por causa do aumento de turistas no último fim de semana, que lotou as praias. "Outro fator que nos leva a crer no aumento desses visitantes é a previsão de tempo sem chuva. Ao Estado, o município pediu apoio das Polícias Militar, Civil e Rodoviária, além da Vigilância Sanitária." Nesta quarta-feira, 2, equipes de fiscalização da prefeitura, formadas por Fiscais de Posturas (Urbanismo), Fiscais do Comércio (Fazenda), Agentes de Saúde Pública (Saúde), Agentes de Trânsito (Mobilidade Urbana) e Agentes da Defesa Civil (Mobilidade Urbana), além de representantes da PM, vão se reunir para definir o plano de ação. "Importante destacar a responsabilidade de cada um, pois ainda não é o momento para aglomeração", destacou em nota.
O Governo do Estado de São Paulo afirmou, também por meio de nota, que dialoga com as prefeituras e apoiará as ações em vista do feriado de 7 de setembro. "O Estado recomenda que as mesmas sejam efetivas, visando a manutenção da quarentena e utilização de máscaras. Na manhã desta quarta-feira, 2, o Secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi fará reunião com Associação das Prefeituras das Cidades Estâncias do Estado de São Paulo (Aprecesp) para maiores detalhamentos", disse.
Rio pede ajuda ao Estado e Floripa vai reabrir; Salvador mantém orla fechada
Depois do fim de semana de praias cheias, a prefeitura do Rio fez na segunda-feira, 31, um apelo para que os cariocas não se aglomerem nas areias. Embora o banho de mar esteja liberado, ocupar a faixa de areia continua proibido. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) afirmou que pedirá ajuda ao governo fluminense para intensificar a fiscalização. Na cidade, a média móvel de casos de coronavírus saltou de 374 para 808, entre 9 e 23 de agosto, alta de 116%.
Em Florianópolis, a reabertura deve começar na próxima segunda-feira, 7. Assim como nas praias paulistas, será permitida só a prática esportiva. Restaurantes na orla serão autorizados a colocar mesas e cadeiras ao ar livre. O decreto será publicado ainda nesta semana para confirmar a data e a prefeitura promete dobrar o efetivo da Guarda Municipal em feriados e final de semana. "Serão mais de 20 agentes e 10 viaturas apenas nessa função, além de videomonitoramento e quadriciclos que são utilizados pelos agentes", informou por meio de nota.
Em outros destinos turísticos, a ida à praia ainda não é permitida. Em Salvador, a orla está fechada desde 18 de março, sem previsão de reabertura. "São 50 quilômetros de orla fiscalizadas diariamente por 50 profissionais da Guarda Civil", informou Maurício Lima, diretor de segurança urbana e prevenção à violência da prefeitura. "Até agora, desde o início da proibição, 13 pessoas foram conduzidas à delegacia, não só por descumprir o decreto, mas por resistir em seguir as orientações". Não há previsão de multa para quem estiver na praia.
Na segunda, Recife autorizou o retorno dos ambulantes. Na orla de Boa Viagem, um dos cartões-postais da cidade, cerca de 120 profissionais da prefeitura orientaram banhistas e comerciantes cadastrados em relação ao cumprimento dos protocolos. Nos primeiros dias de ação, serão distribuídas cerca de mil máscaras para os frequentadores da praia para reforçar a obrigatoriedade do uso.
No total, são 1.165 trabalhadores cadastrados pela Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, entre ambulantes e barraqueiros fixos. "Reforçamos a importância de todos usarem máscara, higienizar as mãos e objetos, além de manter o distanciamento social”, declarou o comandante da Guarda Civil, Marcílio Domingos.
Noronha reabre nesta terça só para quem já foi infectado
Depois de cinco meses do fechamento da ilha de Fernando de Noronha para o turismo, o acesso de visitantes será retomado a partir desta terça-feira, 1º. Segundo consta no site oficial, "devido ao risco de uma nova onda de contágio no arquipélago, a retomada do setor será por etapas, para garantir a segurança de todos. Neste primeiro momento, apenas pessoas que já tiveram diagnóstico positivo para a covid-19 vão poder desembarcar no arquipélago."
O turista deverá enviar o resultado do exame confirmando que já teve doença. "Serão aceitos dois tipos de análises: O IgG positivo (sorológico), com exame realizado pelos métodos de quimioluminescência, eletroquimioluminescência ou elisa imunoensaio, com menos de 90 dias da data do embarque. E o RT-PCR (exame de nariz e garganta), com mais de 20 dias da data do embarque. Testes rápidos não serão aceitos", conforme foi divulgado pelo governo de Pernambuco.
O resultado do teste deverá ser apresentado durante o processo de pagamento da Taxa de Preservação Ambiental (TPA), que agora só poderá ser feito on-line, pelo site www.sounoronha.com. O pagamento deve ser feito com um prazo de até 72 horas antes do embarque.
As próximas etapas ainda serão estudadas. Noronha registrou ao todo 93 casos do novo coronavírus até o momento, sendo 42 identificados pelo estudo epidemiológico em curso no arquipélago, que deve ser concluído em 2021.
A previsão para os próximos dias e o feriado é de frio em grande parte do País. Uma nova massa de ar polar deve derrubar temperaturas no Sul e trazer chuva para São Paulo e Rio de Janeiro no 7 de setembro.
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