BRASÍLIA - O chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro do ar Marcelo Moreno, afirmou que a aeronave que caiu com 61 pessoas em Vinhedo (SP) não reportou qualquer emergência antes do acidente. Em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, 9, o porta-voz do órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que as duas “caixas-pretas” do avião foram encontradas e serão enviadas a Brasília para extração de dados em perícia.
“É tudo prematuro, mas o que temos até agora é que não houve, por parte da aeronave, comunicação com órgãos de controle de que haveria alguma emergência”, disse.
As duas “caixas-pretas” recuperadas registram informações distintas. Uma grava conversas da cabine de comando e o outra registra dados da aeronave, como velocidade e inclinação. Apesar de os dispositivos terem sido recuperados, a extração das informações dependerá das condições em que essas estruturas estão.
Segundo o chefe do Cenipa, há casos em que os dispositivos acabam danificados e parte das gravações fica prejudicada. Ainda assim, há uma série de outros elementos que precisam ser considerados para as apurações.
Na entrevista em Brasília, os representantes da Aeronáutica e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) evitaram apontar linhas de investigação sobre as causas do acidente. A mensagem foi a de que o momento é de captação de informações e qualquer suspeita neste momento seria mera especulação.
O coronel aviador Carlos Henrique Baldin afirmou que aeronaves do modelo que caiu em Vinhedo tem condições de voar nas condições mencionadas e que até o momento não é possível afirmar se as condições meteorológicas causaram a queda.
“Ela é certificada para voar nessas condições. Tem sistemas de proteção para evitar a formação de gelo na superfície da aeronave e, caso se forme, tem dispositivos para eliminar esse gelo. É muito cedo para afirmar qualquer coisa nesse sentido. Precisamos coletar uma serie de informações e no momento não tem como afirmar se isso foi decisivo ou não para a ocorrência”, disse.
O diretor da Anac Luiz Ricardo Nascimento de Souza afirmou que a Voepass Linhas Aéreas e a aeronave PS-VPB, modelo ATR-72, estavam regularizadas e que todo o histórico do avião será enviado ao Cenipa.
O chefe do Cenipa, Marcelo Moreno, afirmou que o Estado está empenhado em realizar a investigação que poderá apontar as causas do acidente para que fins de prevenção de novos eventos trágicos. A apuração judicial, sobre eventuais responsabilidades criminais, é conduzida pela Polícia Civil ou pela Polícia Federal.
Investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) estão no local do acidente, uma área residencial, desde o período da tarde.
O comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, está a caminho de Vinhedo para acompanhar os trabalhos dos militares. A equipe de investigadores da Aeronáutica é composta por peritos, engenheiros, mecânicos e psicólogos.
Dentro da aeronave que fazia o voo 2283 estavam 61 pessoas, sendo 57 passageiros e quatro tripulantes. É o acidente aéreo com o maior número de vítimas em solo brasileiro desde 17 de julho de 2007, quando uma tragédia com aeronave da TAM deixou 199 mortos.
Não houve sobreviventes. O secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que os corpos serão levados para exames na capital paulista.
Inicialmente, a informação era a de que havia 58 passageiros e quatro tripulantes. No fim da tarde, a companhia Voepass Linhas Aéreas (antiga Passaredo) emitiu um comunicado com a informação precisa.
O avião saiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. A aeronave caiu no início da tarde desta sexta-feira, 9, na cidade de Vinhedo (SP). A queda se deu próximo à rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324). Nenhuma residência foi atingida.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.