A Polícia Civil de Santa Catarina investiga como uma mulher teria pego um bebê de 2 anos em São José, na região metropolitana de Florianópolis, e levado para a cidade de São Paulo. A participação de um homem, suspeito de fazer a intermediação do contato entre ela e a mãe da criança, também é apurada.
O bebê, que estava desaparecido desde o dia 30 de abril, foi localizado em um veículo na tarde desta segunda-feira, 8, em abordagem realizada pela Polícia Militar de São Paulo na região do Tatuapé, na zona leste da capital. O comerciante Marcelo Valverde Valezi, de 52 anos, e a designer Roberta Porfirio de Sousa Santos, de 41, foram presos em flagrante.
A ação da PM paulista foi realizada após o envio de informações das forças policias de Santa Catarina. “Chegou ao nosso conhecimento o veículo utilizado no desaparecimento dessa criança: o emplacamento e as características do veículo”, disse, em coletiva de imprensa, o tenente Sérgio Brandão Donofreo. “Quando localizamos o veículo, já começamos a seguir para achar o melhor momento de abordagem.”
O carro, um Hyundai Creta branco, foi localizado com auxílio do sistema de monitoramento Detecta na Avenida Conselheiro Carrão, na zona leste. A Polícia Militar passou a acompanhá-lo de longe e realizou a abordagem na Rua do Tatuapé. Não houve perseguição. No volante, estava Marcelo Valezi. No banco de trás, Roberta Santos e o bebê, acomodado em uma cadeira apropriada para a idade.
“Quando os vidros se abaixaram e nós localizamos o casal e a criança, tomamos todos os cuidados para não assustar a criança. Até achei que podia ser algum engano”, disse o sargento Márcio Roberto dos Santos. Segundo ele, a mulher falou que era responsável pelo bebê e disponibilizou a certidão de nascimento original da criança.
“Quando perguntamos onde estavam indo, ela disse que tentaria a adoção da criança”, afirmou. Roberta não tem nenhum processo criminal, mas Marcelo, que teria a ajudado, já foi indiciado por lesão corporal, segundo a PM. “No princípio da abordagem, eles falaram que eram um casal. Quando viram chegando informação, acabaram mudando de versão. Passaram a dizer que eram amigos.”
Os policiais acharam as informações desencontradas e pediram para os suspeitos os acompanharem até a Vara da Infância e Juventude mais próxima dali, localizada no Fórum do Tatuapé. “O promotor nos atendeu e encaminhou a criança para o Conselho Tutelar. Os adultos foram para o 30º DP (Tatuapé), para prestar esclarecimentos”, disse Santos.
O que foi apurado até aqui
A hipótese principal da Polícia Militar, pelo que foi apurado até então, é que o homem teria auxiliado a mulher a encontrar uma criança numa espécie de mercado paralelo para adoção. Conforme a Polícia Militar, o carro pertencia a mulher e a placa do veículo não estava adulterada no momento da abordagem – eles não especificaram se pode ter sido mudada em outra ocasião.
“Ele (Marcelo) disse que conheceu essa mulher em reuniões de pessoas que adotam crianças. Não sei se é legal ou ilegal, mas ele a conhece de reuniões de pessoas que querem adotar crianças”, disse o sargento Santos.
“Aí ele tomou ciência que tinha uma mãe querendo dar a criança no Estado de SC, falou com essa mulher (Roberta) – que ele conhecia através do WhatsApp e dessas reuniões –, a senhora pegou o carro dela e foi para Santa Catarina. Não sei de que forma foi feito, mas ela veio com a criança para o Estado de São Paulo”, acrescentou. O envolvimento da mãe também é apurado.
Segundo a PM, após pegar a criança em São José, Roberta teria retornado para São Paulo e passado a criar o bebê com o marido. A hipótese dos policiais é que, como a situação repercutiu, ela fez contato com o homem que a tinha ajudado para tentar levar o bebê ao Fórum do Tatuapé e regularizar a situação. Os dois são moradores de São Paulo.
“Estamos em contato com a família, lá em Santa Catarina, e a avó paterna já quer vir buscar a criança”, disse o sargento. Marcelo Valverde Valezi e Roberta Porfirio de Sousa Santos foram presos em flagrante por tráfico de pessoas. Em audiência de custódia realizada nesta terça, 9, tiveram a prisão convertida em preventiva. A reportagem não localizou a defesa dos suspeitos.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.