Diversas construções públicas, igrejas, residências e outros monumentos de São Paulo conservam relíquias de um artesão alemão que migrou para a cidade na década de 1870 em busca de alívio para suas dores reumáticas. Esse alemão, do norte, era Conrado Sorgenicht. Ele fundou em São Paulo a Casa Conrado, em 1889, especializada em vitrais.
Conrado, que morreu em 1901, trabalhou c0m artistas como Benedito Calixto, espalhando a beleza da arte em vidro em painéis por prédios de São Paulo no final do Século 19. Os mais conhecidos são os da Casa das Rosas, na Avenida Paulista, do Mercado Municipal, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da FAAP, de Igrejas como a da Nossa Senhora da Consolação, da Sé e até uma em Caraguatatuba.
Os descendentes de Conrado prosseguiram com o negócio por muito tempo e sua obra não ficou, obviamente, restrita a São Paulo. A qualidade dos vitrais da Casa Conrado varou o país e pode ser encontrada em outros estados, como Rio, Minas, Espírito Santo.
Andando pelo Mosteiro de São Bento, aberto para visitação na manhã deste 25 de Janeiro, aniversário da capital paulista, encontrei a assinatura "Casa Conrado" também nos belos vitrais que adornam boa parte das laterais da Capela do Colégio. São peças maravilhosas. Há painéis planos, ondulados. Há pequenos quadros em baixo relevo, entre estruturas de metal fundido já desgastado pelo tempo. E pequenas janelas, que necessitam de cuidados. Mas todos conservam uma beleza cativante.
A história dos vitrais no Brasil tem bom documento preparado pela pesquisadora Regina Lara Silveira Mello, pela Unicamp, Casa Conrado, cem anos do vitral brasileiro. Ela conta detalhes de como Conrado veio parar em São Paulo e relaciona vários locais nos quais se pode apreciar a arte daquele pioneiro paulistano-alemão.
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