Já ouviu falar da Capadócia Caipira? Ainda que a expressão não seja familiar, é fácil apostar em Boituva como dona do título. A 120 km da capital paulista (cerca de uma hora e meia de carro), ela é famosa pelo céu, tanto que há mais de 30 anos proporciona passeios de balões.
Hoje, Boituva é o local que tem mais voos de balão na América Latina (por isso a comparação com a região turística da Turquia, onde esse tipo de atividade também é comum), o que é favorecido pelos ventos fracos na maior parte do ano e pela pouca chuva. Além disso, ainda há diversos campos verdes que ajudam no pouso. Mais de vinte empresas se instalaram ali para oferecer esse tipo de passeio.
Mas não faltam outras opções para curtir na cidade.
Uma das propostas que diferem do turismo de aventura é a do Centro Equestre Liberdade. “Nosso espaço é de cura e conexão”, resume Fernanda Rosolino, idealizadora do C.E.L.
Em uma área de 17 mil m², que se divide entre pastos para os cavalos, jardins sensoriais e pousada para visitantes, o turista pode ter uma experiência com cavalos e a natureza, para proporcionar o bem-estar, autoconhecimento e relaxamento por meio das atividades propostas.
Uma delas, por exemplo, é caminhar vendado dentro do pasto com os cavalos livres, algo que faz com que você fique atento aos seus outros sentidos, como a audição, e propõe enfrentar um medo. “A gente traz essa oportunidade da pessoa vir e se conectar com ela.”
A conexão entre humanos e cavalos inclui desde atividades no campo até os esportes, mas há estudos que mostram que o simples contato com o animal pode aumentar o bem-estar.
“Muita gente acha que precisa montar no cavalo para ter esses resultados bons, mas percebemos que o trabalho com eles em liberdade era tão forte quanto, às vezes até maior. Todo trabalho é feito no chão, em conjunto com os estímulos dos sentidos com experiências com a natureza”, explica Fernanda.
A vivência pode ser particular ou em grupo, mas sempre deve ser agendads previamente. Os preços iniciam a partir de R$590 e inclui a hospedagem e as atividades.
Para quem quer somente se reconectar, faça a vivência de um dia. Mas aqueles que desejam conciliar isso com outras atividades de aventura da cidade, têm a opção de começar o relaxamento no café da tarde e seguir até a manhã do dia seguinte.
Para passear e degustar
Na cidade, um dos passeios favoritos dos visitantes é o Parque Ecológico Eugênio Walter, que conta com trilhas e uma espécie de mini zoológico com animais em proteção como tucanos, araras e pavão.
A seis minutos dali fica o QJO Martina, que tem oito variedades de queijos à venda e faz parte da Rota do Queijo do Estado de São Paulo. Dentre eles, o Pinho que fica coberto por três semanas na casca de pinho, e o Marmoratto, maturado na cachaça artesanal com urucum.
Vale também a visita até a Fazenda Pinhal, onde você é recebido pelo cachacista Leandro de Oliveira Jorge, que nasceu e cresceu na fazenda e conta a história como ninguém.
“Boituva, em 1900, eram apenas três fazendas, cada uma pertencente a um coronel. Um tinha a mão de obra; o outro, as terras; e o outro, a cana-de-açúcar. E eles se juntaram para fazer cachaça”, começa ele em sua explicação. “Daí vem o nome da nossa cachaça mais famosa, a 3 Coronéis, além da Cachaça do Rosa, homenagem ao meu patrão”, diz.
Tudo isso é narrado com fotos espalhadas nas paredes, que mostram a história da construção da cidade: desde a primeira igreja, até o sucesso do alambique do espaço. “A degustação e a visitação ao alambique (que no momento está sendo reformado e não pode ser visitado) são gratuitas justamente para divulgarmos a história de Boituva e do processo da cachaça.” Ao todo, são cinco tipos de cachaça e sete tipos de licores, entre doce de leite, jabuticaba e acerola.
Aventuras na água
Para quem é fã de aventura, é possível fazer atividades na água, como rafting (R$160 por pessoa) e super duck, espécie de passeio de caiaque com obstáculos (R$ 320), ou ainda escalar a Pedreira da Esmeralda com o rapel (R$ 150) - todas atividades oferecidas pela empresa Eko Natural.
O trajeto segue parte do trecho das águas do Rio Sorocaba, um dos únicos despoluídos da Bacia do Médio Tietê, que não fica exatamente em Boituva, mas na cidade ao lado: Cerquilho. No passeio, é possível observar pássaros e diversos pescadores nas margens.
“Nosso propósito é oferecer experiências únicas, por isso nunca operamos com muitos botes ou grupos grandes”, conta Alessandra de Faulin Vieira, sócio criadora da empresa ao lado de Alexandre Henrique Faulin Vieira.
A empresa oferece rafting para crianças, que cumpre o mesmo trecho tradicional, mas sem quedas fortes. “Se altera o volume do rio, alteramos nossa faixa etária”, garante. O passeio normal é oferecido para visitantes acima de nove anos.
Para não dizer que não falei do céu
Apesar de ter outros atrativos, não podemos deixar de mencionar o céu da cidade e o paraquedismo. São cerca de 13 mil saltos mensais, com diversas escolas e empresas que oferecem a experiência maluca de pular de um avião a 4 km de altura, em queda livre, numa velocidade de 250 km/h.
“A porta do avião é um portal e, quando a pessoa vê que pode pular de lá de cima, percebe a força que tem e consegue fazer tudo que se propõe”, reflete William Aguilar, paraquedista e sócio fundador da Wow Paraquedismo junto com Paulo César Mirkai.
Ambos largaram o mercado financeiro e de comunicação para se dedicarem ao esporte radical. “Para mim, o paraquedismo deixou de ser um esporte em 2015, quando comecei a ver que isso mudava a maneira de as pessoas verem a vida. Passou a ser um propósito para mim”, conta Mirkai. Hoje a empresa têm cinco anos no mercado, uma média de 500 saltos mensais e faz saltos adaptados.
“Todos têm o direito de provar o que é pular de um avião. Não faz sentido a gente falar que alguém que seja surdo ou sem movimento nas pernas não possa saltar”, diz Aguilar. Foi a dupla que formou o ex-BBB Fernando Fernandes na categoria e ele pôde saltar durante o programa No Limite, da TV Globo.
De acordo com os empresários, há preocupação das empresas de evitar acidentes. Em 2022, após a quarta morte de paraquedista em quatro meses, houve suspensão de saltos em toda a região, para que fossem aperfeiçoados os protocolos de segurança.
“Um acidente que acontece com uma escola da região afeta todos. Por isso, somos muito preocupados com a segurança”, garante Aguilar. “Nosso paraquedas é desenvolvido com o principal, um reserva e um sistema chamado DAA (Dispositivo de Abertura Automática), que numa altura mínima de segurança vai abrir o paraquedas reserva, mesmo que não façamos nada”, explica.
Além da Wow, algumas escolas mais conhecidas da região são a Go Fly Paraquedismo, a Queda Livre Paraquedismo e a Sky Jump Paraquedismo. Os preços variam de R$ 485 a R$ 1499 (os pacotes podem incluir registros por fotos e vídeos, por exemplo).
A idade mínima costuma ser 12 anos e o peso máximo de 120 kg. Mas se a pessoa tiver mais de 99kg é necessária a comunicação prévia à equipe.
Serviço
- C.E.L.
Endereço: Estrada do Retiro, 581
Horário de funcionamento: terça a domingo, das 7h às 17h
Mais informações: www.centroequestreliberdade.com
- Fazenda Pinhal
Endereço: Estrada dos Pinhais , km 111
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 17h. Domingo das 9h às 12h
Mais informações: WhatsApp (15) 99785-2025
- Eko Natural
Mais informações: www.ekonatural.com.br
- Wow Paraquedismo
Endereço: Rua Domingos Waldemar Belucci, 11
Horário de funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 7h às 18h
Mais informações: www.wowparaquedismo.com.br
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