SÃO SEBASTIÃO - Buracos enormes na estrada, pedaços de árvore e deslizamentos impressionantes contrastam com o mar esverdeado e a beleza do litoral norte de São Paulo nesta terça-feira de carnaval. O Estadão percorreu o trecho de São Sebastião até a Barra do Sahy, região mais atingida pela tragédia que matou ao menos 46 pessoas depois das chuvas intensas do fim de semana. Turistas tentavam voltar para a casa depois de um feriado de transtornos e mortes.
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A reportagem contou mais de dez bloqueios parciais na rodovia Rio-Santos no trajeto, na maioria deles, os policiais liberavam um lado da estrada por vez. Quinze minutos para quem estava indo em direção a São Sebastião, outros quinze para o caminho contrário.
Com dois bebês, a designer Natalia Halcsk e fisioterapeuta Paula Issobe subiam a serra a pé em direção a Boiçucanga. Elas iriam tentar pegar um barco para Barra do Una, onde uma van as levaria de volta a São Paulo. Os carros das duas foram perdidos pela chuva que atingiu a casa que alugaram em Camburi para passar o feriado. Ficaram sem luz, água e telefone por três dias. “Derretemos gelo para fazer a mamadeira do bebê. Um deles já está com diarreia”, contou Natalia. “Deixamos tudo para trás, malas, carrinho de bebê”, completa Paula, com uma pequena sacola na mão.
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Os vários pontos intransitáveis da rodovia Rio-Santos foram sendo liberados ao longo do feriado, mas ainda não é possível passar de Juquei em direção ao sistema Anchieta e Imigrantes. Todos os turistas precisam então ir para o norte, passar por São Sebastião e subir pela Rodovia dos Tamoios.
O advogado Ronaldo Ribeiro e a dona de casa Marília Ribeiro são de Tatuí e faziam nesta terça-feira o caminho até a Tamoios, que os levaria para São Paulo e depois para a casa. Estavam parados em uma das interrupções na altura de Toque Toque Grande. “Essa é terceira vez que tentamos ir embora”, contou Ronaldo. As outras duas foram frustradas por chuva ou interrupção das estradas. Eles passaram o feriado numa pousada em Maresias, que ficou sem luz e telefone. “Os parentes estavam preocupados e não conseguíamos avisar ninguém”.
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O empresário Ricardo Aguiar, de 53 anos, mora em Santos, e também estava em direção à Tamoios. “Vamos fazer uma viagem de 400 quilômetros para chegar em casa.”
Em Maresias, condomínios de luxo estavam ainda cheios de água nesta terça-feira, apesar da movimentação nas praias e nos comércios ter voltado à normalidade. Dezenas de carros foram perdidos e casas alagadas. “Entrou água, estragou tapete, sofá, mas perto do que aconteceu, da tragédia, não foi nada sério”, disse o empresário Jeferson Piassa, de 46 anos, que tem casa em um dos condomínios à beira mar.
Na Barra do Sahy, onde fica a Vila Sahy, local mais atingido pelas tragédias, turistas deixavam a praia com barcos alugados em direção à marina da Barra do Una. A praia estava na terça-feira ainda tomada de árvores e com o mar barrento.