As buscas por vítimas em São Sebastião após o temporal que atingiu o litoral norte de São Paulo, no domingo de carnaval, entraram no nono dia com foco no bairro da Baleia Verde. A informação inicial é que o local teria um idoso desaparecido. Até agora, os maiores esforços estavam concentrados na Vila Sahy, bairro humilde no pé da Serra do Mar de onde 64 corpos foram retirados. Em Ubatuba, a chuva causou uma morte.
Apesar de inicialmente todos os desaparecidos na Vila Sahy terem sido encontrados, o Corpo de Bombeiros informou, na tarde deste domingo, 26, que as buscas a possíveis vítimas prosseguem no município.
A informação foi confirmada durante a reunião do comando das forças integradas de segurança, que trabalham na operação de resgate, socorro e apoio às vítimas. De acordo com o coronel Jefferson de Mello, comandante do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, o trabalho de buscas prosseguirá e não tem data para terminar.
No domingo, 19, São Sebastião registrou 626 mm de precipitação. Em Bertioga, 682 mm. Os maiores volumes já registrados no Brasil. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.
Até o momento, das 64 mortes confirmadas na cidade, 20 são homens adultos, 18 mulheres adultas e 18 são crianças. Desses, 55 corpos já foram identificados e liberados para os enterros. Ao todo, 26 pessoas foram resgatadas com vida. O município tem hoje 887 moradores desalojados ou desabrigados.
Na manhã desta segunda-feira, o Navio Aeródromo Atlântico, da Marinha, foi ancorado próximo à Juquehy e Barra do Sahy, para ficar mais perto das áreas mais atingidas.
Falta de efetividade dos alertas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse, na quinta-feira, 23, que o sistema de alertas por mensagem de celular não foi efetivo para reduzir a tragédia em São Sebastião, no litoral norte do Estado.
Segundo ele, foram disparados 2,6 milhões de avisos antes da chuva, mas não resultaram na evacuação de pontos críticos e em outras ações preventivas. Tarcísio afirmou que vai investir em novas tecnologias para aprimorar o sistema e na instalação de sirenes em pontos críticos.
A avaliação foi feita durante entrevista coletiva, em São Sebastião, cidade para a qual Tarcísio deslocou seu gabinete. Ele disse que, por lei federal, as empresas de telefonia são obrigadas a fornecer o alerta, mas a lei não estabelece as formas. “Aqui no litoral mais de 30 mil pessoas receberam o SMS de alerta e vimos que eventualmente não teve maior efetividade. Então precisamos de uma maneira mais efetiva”, disse.
Apenas os quatro municípios do litoral norte somam 355 mil habitantes e, em razão do carnaval, receberam milhares de turistas. Cerca de 34 mil pessoas cadastradas na plataforma estadual da Defesa Civil receberam os alertas que falavam sobre “chuvas fortes e persistentes” pedindo a atenção para alagamentos e possíveis quedas de muros, sem mencionar os deslizamentos. Algumas mensagens chegaram na noite de sábado quando, devido às chuvas, algumas áreas já estavam sem sinal de celular e internet.
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