Logo abaixo do letreiro da cidade de Lavrinhas, a 250 km de São Paulo, lê-se: município de interesse turístico. Mas, ao entrar na cidade, turismo não é a primeira palavra que surge na mente.
São pouquíssimos carros na rua, pessoas também - são pouco mais de 7 mil habitantes ao todo -, e é difícil até achar uma farmácia no local. Um investimento maior nesse sentido, seria bem vindo, claro. De acordo com a prefeitura, até há planos para criações de mais restaurantes, pousadas e pontos turísticos, mas fato é que hoje, quem visita a cidade se encanta pelo que ela oferece de natural, especialmente suas águas.
A cidade é cortada pelo Rio Jacu, Rio do Braço e Rio Paraíba do Sul, onde ambos desaguam. Assim, forma diversos pontos de banho com córregos, cachoeiras e balneários. E por estar perto das montanhas, próximo às divisas com o estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais, as águas são completamente translúcidas.
Outra vantagem é seu fácil acesso. Na Cachoeira da Pedreira, por exemplo, em menos de cinco minutos caminhando você chega na queda d'água de cerca de quatro metros de comprimento e nove metros de profundidade.
O lugar é administrado há três anos por Neto Quintanilha, que planeja até o final de julho ter uma lanchonete na entrada da propriedade. É ali que o turista compra seu ingresso e estaciona seu carro. Depois, é preciso caminhar até 350 metros para chegar nas atrações do caminho. O Poço da Esmeralda é uma das mais tranquilas para banho, mas não deixe de se maravilhar com a beleza da cachoeira que dá nome ao local e, se a correnteza permitir, aproveitar o Poço do Amor.
A água é tão translúcida que é possível ver alguns peixes passando por ali, mas quem prefere ver com detalhes pode levar óculos de mergulho. Todos os pontos convidam o turista a passar o dia, sem pressa. Caso queira levar seu cooler com bebidas e comidas, a entrada é feita sem taxas adicionais, só não esqueça de levar seu lixo de volta com você. Não é permitida a entrada de nenhum recipiente de vidro e nem caixinhas de som.
De acordo com Willian Martins de Almeida, chefe dos guarda-vidas de Lavrinhas, é preciso ficar muito atento às cabeças d'água ou trombas d'água, um fenômeno natural no qual há um aumento repentino do nível do rio devido às chuvas nos trechos mais altos do seu percurso.
“O nível de água aumenta, assim como sua força e a água fica mais escura, com folhas. Caso apresente essas características é bom sair da água e ir para um local alto”, garante. Por ter cerca de 11 espaços para banho ao longo da cidade, são mais de 30 salva-vidas que trabalham orientando os turistas, especialmente nos finais de semana.
Próximo dali, fica o Poço Azul, uma piscina natural tranquila e com águas azuladas. Para chegar até lá é preciso fazer uma trilha de dificuldade média de 2 km. As visitas são feitas somente aos sábados, domingos e feriados e as reservas são obrigatórias, uma vez que o espaço conta com uma equipe de salva-vidas e bombeiros para segurança.
A entrada custa R$ 50 e garante o passeio das 8h às 17h (entrada até 15h). Para quem quiser almoçar por ali, o restaurante serve comida caseira a R$ 79,90 o quilo. Veja mais aqui.
Sem pressa para acabar
Outra maneira comum de aproveitar as águas do rio é através dos ranchos da cidade. O mais estruturado deles, o Balneário Rancho Zé João, aberto ao público desde 1992, permite a entrada de hóspedes (em suítes, chalés ou camping. Ver valores abaixo) ou turistas que queiram fazer o day use.
A diária inclui o café da manhã e todas as piscinas do local, que são da água do rio, mas num ambiente mais controlável - o que é ótimo para as crianças pequenas. Agora, quem quiser ficar na beira rio, precisa chegar cedo e garantir um dos quiosques com espaço para rede e churrasqueira.
“Em um domingo costumamos receber cerca de 650 pessoas”, conta João Paulo Vialta, proprietário do local. Aos finais de semana, recomenda-se comprar o ingresso antecipadamente pelo site, pelo limite diário de visitantes. Apesar de ser permitida a entrada de comidas no local, as bebidas devem ser compradas ali.
Em qualquer que seja a opção, o almoço e o jantar não estão incluídos, mas podem ser solicitados no restaurante por um preço à parte. Há também uma loja de conveniências, com chinelos, protetor solar e outros itens essenciais que podem ser adquiridos.
Os outros ranchos da cidade, um pouco mais simples, oferecem mesas ao redor do rio e bons espaços para banho. O esquema é o mesmo: traga sua comida, mas consuma a bebida ali. O único que foge um pouco da regra é o Rancho do Toledo, que hospeda o poço do Major. De acordo com Adriana Toledo, muitos visitantes aproveitam para consumir a comida caseira do local.
Outras maravilhas de Lavrinhas
O nome da cidade vem da época dos bandeirantes, que exploravam o território em busca de pepitas de ouro e encontraram uma pequena lavra do metal. Lavrinhas também passou pelo período do café e também foi palco de vários confrontos na Revolução de 1932.
Caso não seja do time das cachoeiras, Lavrinhas também conta com trilhas incríveis pela Serra da Mantiqueira. O destaque de beleza vai para a Serra Fina, trecho da cadeia de montanhas com elevações pontiagudas.
O Pico da Pedra da Mina, uma das montanhas mais altas do Brasil, com 2.798 metros de altitude, faz parte dela. Seu cume forma o ponto tríplice entre o município mineiro de Passa Quatro e dos paulistas de Lavrinhas e Queluz. O acesso até ela é considerado muito difícil, sendo necessária a contratação de um guia.
O Pico do Itaguaré, já em Minas Gerais, também pode ser visto da cidade. Vale a pena parar para observar a montanha que tem o apelido de “Gigante Adormecido”, por ter formações rochosas que parecem um rosto deitado. De acordo com a lenda, um índio gigantesco teria salvado seus irmãos dos bandeirantes e depois se deitado em sono eterno e se transformado em uma rocha.
Uma curiosidade da cidade é ter um castelo, que funcionava como hotel até o final de 2024, mas atualmente funciona por aluguel de temporada. O espaço acomoda até 16 pessoas e sai por R$ 5 mil o pacote mínimo de duas noites. Saiba mais aqui.
Como planejar a viagem?
Por ser um ambiente repleto de cachoeiras e rios, a viagem não é recomendada em dias de chuva, por perigos de trombas d'água e é preciso sempre estar atento à natureza para evitar acidentes. É importante dizer também, que mesmo um dia após a chuva, a água da cachoeira pode não estar tão transparente. Por isso, planeje-se de acordo com o clima.
Além do protetor solar e repelente (que será muito útil quando o sol for embora), leve com você uma sapatilha náutica, uma espécie de sapato para usar em mar, piscinas e rios. Além de se proteger.
A maioria das pousadas e até os próprios salva-vidas contam com uma pequena farmácia para atender seus clientes. No entanto, a cidade mais próxima é Cruzeiro, a 8 km. Por isso, leve seus remédios de rotina ou que podem ser úteis na viagem, como pomada para amenizar coceiras.
Comidinhas para aproveitar ao longo do passeio também podem ser de boa ajuda.
Serviço
- Cachoeira da Pedreira
Valores: R$ 30 adultos; R$ 15 mais de 60 anos, R$ 10 de 6 a 10 anos. Crianças até cinco anos não pagam.
Horário de funcionamento: todos os dias, das 8h às 18h
Mais informações: www.instagram.com/cachoeiradapedreira.oficial/
- Balneário Rancho do Zé João
Valores:
Day use: das 8h às 18h, R$ 30 durante dias de semana, R$ 40 sábados, domingos e feriados. Crianças até 5 anos não pagam, assim como aniversariantes do dia e pessoas idosos acima de 65 anos (somente durante a semana)
Camping: R$ 100 por pessoa, incluindo café da manhã e chuveiro quente.
Suítes: a partir de R$ 400 - varia de acordo com o dia e o número de pessoas
Mais informações: www.instagram.com/ranchodozejoao/
- Rancho do Toledo
Valores: R$ 20 reais o day use, das 8h às 18h
Mais informações: www.instagram.com/pocodomajor_ranchotoledo/
