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Câmeras corporais: ‘policial não vai ligar e desligar na hora que bem entender’, diz Derrite

Secretário da Segurança Pública de São Paulo afirmou que funcionamento do equipamento não será feito de forma ininterrupta, mas gravação de todas as ocorrências é obrigatória

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Por Redação

O governo de São Paulo deve homologar nesta quinta-feira, 15, o resultado da licitação vencida pela Motorola para a compra de novas câmeras corporais para uso de policiais. Em entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira, 14, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, reforçou que a gravação não será feita de forma ininterrupta, mas sim durante as ocorrências.

Também chamadas de 'bodycams', as câmeras acopladas às fardas foram implementadas em São Paulo durante o governo de João Doria. Foto: Taba Benedicto / Estadão

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O novo edital feito pelo governo de São Paulo, lançado em maio deste ano, para substituir e ampliar o número de câmeras corporais da polícia, prevê que a gravação poderá ser iniciada e finalizada pelo próprio agente e foi alvo de críticas de especialistas. Atualmente, o modelo funciona com gravação ininterrupta.

“O nosso edital de licitação das câmeras corporais foi feito pela Polícia Militar, de forma técnica, e o nosso objetivo era ampliar as funcionalidades da câmera corporal. A decisão estratégica foi de não gravar todo o período de 12 horas, mas gravar as ocorrências. Qualquer atendimento policial, o policial é obrigado a estar com a câmera sendo gravada. Então, não é que o policial vai ligar e desligar na hora que bem entender, muito pelo contrário. A Polícia Militar colocou bem delimitadas todas as obrigatoriedades em que a câmera deve estar ligada”, disse.

A proposta da Motorola prevê custo mensal de R$ 4,3 milhões, montante abaixo de todos os outros concorrentes.

Combate ao crime organizado

Ao ser questionado sobre tentativas de infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) na política, Derrite ressaltou a realização de operações policiais que estariam “asfixiando o ecossistema financeiro” da organização criminosa.

“As coisas estão conectadas. O tráfico na Cracolândia com a Baixada Santista e com a falta de segurança em muitos locais do Estado, porque o crime organizado se fortaleceu. E nós estamos atacando o centro de distribuição logística do tráfico internacional de drogas que foi utilizado lá, que era em Guarujá, que transportava droga para o Porto de Santos, que levava a droga para fora do País”, afirmou.

“Nosso objetivo é ‘asfixiar’ financeiramente o PCC de maneira estratégica, inviabilizando a cadeia logística, evitando que a droga chegue até o Porto de Santos”, acrescentou o secretário.

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Operação do Ministério Público e da Polícia Civil visa enfraquecer o tráfico de drogas na região da Cracolândia. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 06/08/2024

Conflito entre polícias de São Paulo envolve possível mudança de registro de ocorrências

Derrite também falou à Rádio Eldorado sobre a implantação do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pela Polícia Militar. Está em estudo a possibilidade de os policiais militares serem capacitados para fazer TCOs em ocorrências de menor potencial ofensivo — como furto, lesão corporal e assédio sexual, entre outros — e atenderem a diligências. Essas atribuições hoje são da Polícia Civil, o que acabou aprofundando a rivalidade já existente entre as duas corporações.

“O que for melhor para a população será feito. Vou respeitar a decisão técnica do grupo de trabalho. Os trabalhos foram prorrogados, ainda está em fase final de desenvolvimento do relatório. O que esse grupo de trabalho apresentar eu vou levar para o governador para que a gente possa tomar a melhor decisão”, disse.

Segundo ele, as divergências são naturais de existirem entre as instituições policiais. “Tem de pensar no que é melhor para a população, se é melhor realizar o termo circunstanciado, se é pior, quais são as vantagens e desvantagens e, dentro desse contexto, isso vai ser conversado com a Polícia Civil e com a Polícia Militar”, afirmou o secretário.

Um grupo de trabalho foi criado para estudar a viabilidade do TCO pela Polícia Militar e também a implantação de um Boletim de Ocorrência único, antiga demanda da Polícia Civil.

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“A gente também tem um desejo da Polícia Civil, que é uma demanda institucional, do BO único, que eu tenho certeza que isso é bom para a população. Então, são demandas, uma demanda da Polícia Militar, que é o termo circunstanciado, outra da Polícia Civil, que é o BO único”, afirmou.

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