Câmeras da polícia: Tarcísio diz que não vai mexer em programa após fala de secretário de Segurança

Governador de São Paulo afirmou que equipamentos têm gerado ‘repercussões positivas’. Fala contrasta com declaração de subordinado

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Por Stéphanie Araujo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta quinta-feira, 5, que não pretende alterar o programa de câmeras corporais implementado na Polícia Militar. “Tem gerado suas repercussões positivas, tem gerado uma sensação de segurança para segmentos da sociedade, segmentos mais vulneráveis. Então não vamos alterar nada”, disse em coletiva de imprensa realizada após um encontro com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

"Nós vamos mexer ao longo do tempo, mas vamos observar e reavaliar como qualquer outra política" afirmou Tarcísio durante a coletiva. Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

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Freitas negou que haja um desalinhamento no discurso em relação ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. O chefe da pasta de segurança disse nesta semana estudar mudanças no programa. “O que existe de bom vai permanecer e o que não está sendo bom, e que pode ser cientificamente comprovado, a gente vai propor possíveis alterações”, afirmou a uma rádio do interior do Estado.

Após a declaração de Derrite, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo de Lula chegou a emitir uma nota em que se disse preocupado com a declaração do secretário.

“O sucesso dessa política demonstrado pela ciência faz com que ela não apenas tenha que ser reforçada e ampliada nas regiões em que é aplicada, mas também que seja estendida a todas as unidades da federação”, completou. Questionado sobre a nota do ministério, Tarcísio disse que o governo não vai fazer “nada que coloque em risco a vida das pessoas”.

O Estadão já mostrou que o uso do equipamento por policiais em São Paulo aumentou a efetividade da PM no combate aos agressores de mulheres, além de tornar mais difícil a vida de outros criminosos.

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Os dados de letalidade policial do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 também mostram que entre o terceiro e o quarto trimestre de 2021, os batalhões que faziam parte do programa Olho Vivo apresentaram redução de -63,6% e -77,4% na letalidade provocada pelos PMs em serviço, ao passo que nos demais batalhões houve crescimento de 9,1% e 10,9%.

No balanço do número de mortes decorrente de intervenções policiais ao longo de todo o ano de 2021 houve redução de 47% nos níveis de uso da força letal entre os que aderiram ao uso das câmeras na comparação com os demais batalhões, onde houve apenas 16,5% de redução.

Ainda de acordo com a pesquisa, o estado de São Paulo reduziu em 30% o total de vítimas de letalidade policial após inserção das câmeras em 2020.

Tarcísio defendeu o fim das câmeras corporais usadas pelos policiais diversas vezes, chegando a dizer que iria rever a política. No debate da Band, o candidato afirmou que os equipamentos “incomodam e fazem mal para segurança pública do Estado”, mas revisou o discurso ao longo do segundo turno da campanha, quando afirmou que faria um estudo para avaliar a efetividade da política e repetiu o mesmo na última coletiva.

“Deixa o programa fluir, vamos ver observar o andamento, os resultados, conversar com especialistas e ver se tem aprimoramento a fazer. Se você ainda não tem essa convicção você não faz nada”, afirmou.

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