A cidade de São Paulo registrou uma nova alta de latrocínios, como são chamados os roubos seguidos de morte, em setembro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2023, segundo dados divulgados na tarde desta quinta-feira, 31, pela Secretaria da Segurança Pública do Estado. Homicídios também apresentaram piora na capital. Por outro lado, os casos de estupros, roubos e furtos caíram.
Quando se leva em consideração todo o Estado, houve queda de latrocínios em setembro, na contramão do que foi observado na capital paulista. Roubos e furtos também apresentaram redução, em tendência que tem se consolidado ao longo de todo o ano. Ao mesmo tempo, estupros e homicídios aumentaram.
Em nota publicada no site, a Secretaria da Segurança Pública destacou que a capital teve o segundo menor número de homicídios nos nove primeiros meses desde 2001, com 353 casos. “De janeiro a setembro deste ano, as prisões e apreensões efetuadas aumentaram 3,4% em comparação com o mesmo período do ano passado”, complementou a pasta. Ao todo, 32.731 suspeitos foram detidos nos nove primeiros meses (mais abaixo).
- Conforme os dados divulgados nesta quinta, foram seis casos de latrocínio na capital paulista em setembro deste ano, ante três registrados no mesmo mês do ano passado. Quando se leva em conta os números de janeiro a setembro, as ocorrências saltaram de 31 para 43, alta de 38,7%.
O mês de setembro ficou marcado pela morte do delegado de classe especial Mauro Guimarães Soares, de 59 anos, que foi baleado no peito durante uma tentativa de assalto na Rua Caio Graco, na Vila Romana, zona oeste da cidade de São Paulo. Ele caminhava com a esposa, também delegada, quando foi abordado.
De acordo com a SSP, o caso foi investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que relatou o inquérito policial à Justiça após a prisão de três suspeitos de envolvimento no crime, incluindo o autor dos disparos.
Além dos latrocínios, os homicídios também subiram na capital paulista em setembro: foram 49 casos, alta de 11,3% em relação às 44 ocorrências do mesmo mês do ano passado.
Em paralelo, houve quedas expressivas em outras modalidades de crime. Foram 8.466 notificações de roubo em setembro deste ano, diminuição de 17,3% em relação aos 10.236 casos contabilizados no período anterior. Os furtos caíram 7%: foram de 21,1 mil casos para 20,3 mil. Os estupros, por sua vez, tiveram queda de 1,4% na capital paulista: de 283 ocorrências para 279.
- As quedas nos registros de crimes patrimoniais consolidam uma tendência que vem sendo observada ao longo de todo este ano. Foram 86.751 roubos registrados de janeiro a setembro deste ano, queda de 13,3% ante um total de 100 mil casos no período anterior. Já os furtos apresentaram redução de 4% nos nove primeiros meses: caíram de 187,3 mil para 179,6 mil.
Ainda com esse redução geral, as quedas não têm se refletido, por exemplo, em todas as regiões da cidade de São Paulo. Bairros como Pinheiros e Perdizes, ambos na zona oeste de São Paulo, observaram alta nos números de roubos e furtos registrados em setembro, apontam dados da secretaria. O Radar da Criminalidade, ferramenta desenvolvida com exclusividade pelo Estadão, permite a consulta de como estão as dinâmicas criminais em cada região.
“A SSP reforça que cada região possui características únicas, que podem impactar nos indicadores criminais. Justamente por isso, a pasta se mantém atenta à variação dos índices criminais e atua para combater todas as modalidades criminosas, especialmente os homicídios e latrocínios, além dos crimes patrimoniais com uso de violência, que podem ter como consequência morte”, diz nota da secretaria.
Estado tem queda de latrocínios, na contramão da capital
Os dados divulgados nesta quinta apontam que os latrocínios tiveram queda no Estado de São Paulo, com 15 casos em setembro deste ano, ante 16 no mesmo mês do ano passado (queda de 6,2%). Já os roubos caíram 20,5% (de 17,9 mil para 14,2 mil) e os furtos, 4,7% (de 48,2 mil para 45,9 mil).
Por outro lado, os registros de estupro subiram 13,1% em setembro deste ano: de 297 para 336 ocorrências. Com relação aos estupros, a SSP diz que segue ampliando os canais para denúncias e investe em campanhas para incentivar as vítimas a denunciarem os agressores, ajudando a reduzir a subnotificação desses crimes. “Atualmente, há 142 salas de Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para atendimento ininterrupto, por videoconferência, em plantões policiais, além das 141 DDMs territoriais já existentes e a DDM On-line, que também está acessível 24 horas por dia para o registro de ocorrências e solicitação de medidas protetivas a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.”
Já os homicídios tiveram uma leve oscilação negativa, de 0,4%. Conforme os dados oficiais, houve uma vítima a mais no último mês (252) do que no período anterior (251).
No consolidado de janeiro a setembro, observa-se a mesma tendência de queda dos crimes patrimoniais no Estado. Foram 146.455 roubos registrados de janeiro a setembro deste ano, queda de 14,7% ante os cerca de 171 mil casos no mesmo período do ano passado. No caso dos furtos, a redução foi de 4% nos nove primeiros meses: de 431 mil casos para 413 mil.
O que diz a Secretaria da Segurança Pública
A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota publicada no site, que as estratégias de combate ao crime realizadas pela atual gestão resultaram no aumento de armas de fogo ilegais apreendidas, mais veículos recuperados e crescimento de infratores presos ou apreendidos na comparação com 2023.
“De janeiro a setembro, foram presos ou apreendidos, seja por flagrante ou por mandado judicial, 151.005 infratores, aumento de 6,5%. Os veículos recuperados saltaram 21,4%, de 34.102 para 41.392″, disse a pasta.
As polícias Civil e Militar retiraram de circulação 10.542 armas de fogo ilegais neste ano em todo o território paulista, o que representa um aumento de 25,8% na comparação com igual período do ano passado. Entre os armamentos, foram 191 fuzis apreendidos, 57,8% a mais, de acordo com o balanço oficial.
“Em relação à apreensão de drogas, no período, foram 148,3 toneladas de entorpecentes recolhidos pelas polícias em todo o estado de São Paulo, sendo a maior parte maconha – 104 toneladas”, complementou a Secretaria da Segurança Pública. Só na capital paulista foram 31 toneladas, entre maconha, cocaína e crack.
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