Com hospitais colapsados pela covid, ao menos 6 morrem na fila por internação em Ribeirão Pires

Com 100% da ocupação de leitos, prefeitura da cidade do interior paulista decretou estado de calamidade pública nesta sexta-feira

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Por Luiz Carlos Pavão
Atualização:

A cidade de Ribeirão Pires, interior de São Paulo, registrou ao menos 6 mortes por covid-19 desde o início do mês de março de pacientes que aguardavam na fila por uma transferência por meio da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross). De acordo com a prefeitura, outras 15 pessoas aguardam vagas na fila do sistema estadual.

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Há duas semanas o Hospital de Campanha de Ribeirão Pires opera com 100% de ocupação dos leitos de emergência e enfermaria e não recebe mais novos pacientes. Com o colapso do sistema de saúde, o prefeito do município, Clóvis Volpi (PL), decretou nesta sexta-feira, 12, Estado de Calamidade Pública.

“O nosso Hospital de Campanha está lotado, a Unidade de Pronto Atendimento também está sobrecarregada com pacientes entubados, o que contraria os protocolos de saúde. Hoje, temos uma fila de 15 pessoas aguardando vagas no CROSS. A situação é alarmante”, disse Volpi. Como mostrou o Estadão, ao menos 26 cidades de São Paulo registraram mortes de pacientes na fila por internação.

Rio Grande do Sul está com todos os leitos de UTI adulto ocupados Foto: Eraldo Peres/AP

De acordo com a prefeitura, quatro dessas mortes foram registradas entre a noite do dia 10 e a manhã do dia 11 de março. Dois homens, de 64 e 78 anos, e duas mulheres, de 68 e 71 anos, que aguardavam vagas via Cross morreram à espera de transferência. Todos estavam internados no município com quadro de complicações pela covid-19.

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As outras duas mortes na fila para internação ocorreram no dia 1º de março e a outra no dia 7. Ambas estavam internadas em uma mesma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). De acordo com a prefeitura, as duas estavam com pedido de internação em UTI devido à gravidade do quadro de saúde, porém as vagas não foram disponibilizadas e os pacientes vieram a óbito.

Segundo a administração do município, desde de fevereiro, Ribeirão Pires vinha alertando o governo do Estado sobre a necessidade de investimentos tanto no Hospital de Campanha da cidade, quanto na viabilização de equipamentos para municípios vizinhos, como Mauá, Rio Grande da Serra e Suzano “pois mais de 30% dos pacientes atendidos em Ribeirão Pires são provenientes dessas localidades”.

Ainda de acordo com a prefeitura, graças ao Consórcio Intermunicipal Grande ABC, o Hospital de Campanha de Ribeirão Pires não vai encerrar as atividades neste mês, pois a entidade se comprometeu a realizar um aporte financeiro para manter o equipamento funcionando. 

No entanto, caso o governo federal e estadual não enviem recursos para a cidade, é possível que a estrutura seja desmobilizada nos próximos meses. É o que diz o prefeito Clóvis Volpi. “Para continuarmos com o equipamento sem ajuda estadual e federal, vamos precisar acabar com diversos programas do município, o que vai comprometer o atendimento em outras áreas”, alertou.

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