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Como é o Sesc 14 Bis? Nova unidade no centro de SP tem café, teatro e salas multiuso

Espaço de 20,4 mil m² traz programação que valoriza tradições do Bixiga e exalta fotógrafo Wagner Celestino; abertura é parcial, na antiga sede da Fecomercio

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Foto do author Priscila Mengue
Atualização:

O nome oficial é Sesc 14 Bis, mas já é Sesc Bixiga para os íntimos. A nova unidade do Serviço Social do Comércio abriu em 6 de outubro com uma programação fortemente ligada à diversidade e memória do tradicional bairro do centro de São Paulo, com a primeira exposição individual do fotógrafo Wagner Celestino. A expectativa é receber 7 mil pessoas por semana.

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A nova unidade abriu de forma parcial, com serviços variados em três pavimentos, com cafeteria, biblioteca, área de brincar, espaços multiuso para atividades esportivas e outros. Além disso, seguem em funcionamento os pavimentos já antes ocupados pelo Sesc com o acervo (Sesc Memória) e o Centro de Pesquisa e Formação (cursos).

Não há previsão de construção de piscina, enquanto a comedoria ficará para a segunda fase da obra, com previsão de entrega em 2026. Com 513 lugares, o Teatro Raul Cortez foi mantido e se tornou o quarto maior do Sesc na cidade. A partir de agora, tem uma programação múltipla, também com dança, circo, cinema e música.

A apresentação do dia de inauguração foi de Martinho da Vila, com ingressos esgotados. A proposta do espaço envolve também apresentações noturnas mais cedo do que em outras unidades, principalmente às 19h30. É oferecido transporte gratuito em três horários noturnos até a Estação Trianon-Masp, da Linha 2-Verde.

O Sesc 14 Bis fica na Rua Dr. Plínio Barreto, em frente à praça de mesmo nome, nas proximidades das Avenidas Paulista e Nove de Julho. A nova unidade ocupa a antiga sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que optou por se mudar para uma sede mais “otimizada e dinâmica”, que está em preparação em Pinheiros, na zona oeste.

Espaço multiuso da Sesc 14 Bis está em fase final para abertura Foto: Taba Benedicto/Estadão

A história do Bixiga tem presença intensa na programação inicial. Entre as atividades, estão um bate-papo sobre comida quilombola, um passeio pelos cursos d’água do bairro, um espetáculo inspirado no Córrego Saracura e oficinas de turbantes e bateria, dentre outros. A unidade também envolve apresentações do Sesc Jazz neste mês, com destaque para Egberto Gismonti.

A exposição de abertura recebe o público na entrada e ao longo de boa parte do pavimento térreo. Batizada de Constelação Celestina, reúne fotografias de diferentes períodos da trajetória de Wagner Celestino, de 71 anos, incluindo produções inéditas feitas especialmente para essa mostra, que seguirá até abril de 2024.

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“A exposição foi pensada justamente para criar a oportunidade dessa nova unidade iniciar um diálogo com o entorno, que imagino que vá ser profícuo”, diz Claudinei Roberto Silva, curador da mostra. Entre as obras, o Bixiga se faz presente. O bairro tradicional não só foi retratado por Celestino em diferentes momentos, como novamente o recebeu há cerca de dois meses, para a produção de novas imagens para a exposição.

“O Bixiga é um bairro que recebeu populações das mais variadas origens, mas tem uma história muito marcada pela população negra”, explica o curador. “A gente achou que seria interessante promover uma espécie de resgate de um fotógrafo veterano que trabalhou com a memória do samba.”

São mais de 145 fotos em preto e branco, em diferentes suportes e majoritariamente feitas após os anos 1970. A mostra envolve especialmente retratos do cotidiano da população negra de São Paulo, das velhas guardas das escolas de samba aos afazeres do dia a dia em Paranapiacaba, vila histórica do ABC Paulista.

Montagem de exposição com obras da Wagner Celestino Foto: Taba Benedicto/Estadão

O curador destaca as obras do artista que retratam o cotidiano em cortiços, assim como as que expõem tradições religiosas e o carnaval — tratado em uma ótica menos eufórica e mais melancólica que a habitual. “Wagner Celestino tem uma preocupação central no trabalho dele com a memória da população afro-brasileira, notadamente das populações periféricas”, salienta.

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Da periferia da zona leste, Celestino expôs obras em diferentes espaços da cidade, mas nunca com uma mostra nessas proporções. Espera-se que essa experiência seja marcante na sua trajetória. “Ele não tem aquela circulação que a gente acha merecida e espera que, com essa exposição, essa situação se reverta”, aponta o curador.

Sesc-SP tem planos de expansão e novas unidades

Neste ano, dois espaços do Sesc devem abrir: o Sesc Casa Verde, na zona norte, e um endereço majoritariamente administrativo no antigo prédio do Mappin, no centro. Ao todo, há um planejamento para a inauguração de 11 novas unidades em até 10 anos, além da conclusão dos espaços definitivos de unidades provisórias e a ampliação de locais já em funcionamento na capital e no interior.

Diretor regional em exercício do Sesc São Paulo, Luiz Galina explica que a oportunidade de implantação da unidade 14 Bis ocorreu após a decisão da Fecomercio em trocar de endereço. “É um prédio muito bem localizado, próximo do eixo da Avenida Paulista. Já tem um teatro maravilhoso. O Bixiga é um bairro com tradição cultural e gastronômica já estabelecidas. O Bixiga é uma referência na cidade de São Paulo”, destaca.

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Teatro Raul Cortez faz parte do novo Sesc 14 Bis Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ao todo, são 20,4 mil m². A ideia é que o térreo funcione quase como uma extensão da Praça 14 Bis, buscado por moradores, trabalhadores e frequentadores do entorno no dia a dia. Galina explica que a adaptação do espaço para as necessidades do Sesc foi fácil, com pavimentos de lajes amplas.

O térreo é amplo e tem um pé direito duplo, enquanto o primeiro piso já tinha um sistema de divisórias que permite a separação em espaços de diferentes dimensões, por exemplo. “Foram pequenas adaptações”, afirma.

Outra unidade no Bixiga também está no cronograma do Sesc, o Sesc TBC, que ocupará o antigo Teatro Brasileiro da Comédia. Será uma unidade de menor dimensão e que depende de um complexo trabalho de restauro, com inauguração prevista para 2029. “Estamos entusiasmados de fazer a gestão de um teatro icônico, que faz parte da história”, diz Galina.

O que tem em cada pavimento do Sesc 14 Bis?

O Sesc tem atividades em cinco pavimentos. Uma nova fase da implantação envolverá principalmente a implantação de uma comedoria, voltada a preparar de 800 a 1.000 pratos por refeição. Eis o que há em cada andar:

Térreo: biblioteca com cerca de 3 mil livros, jornais e revistas, espaço de leitura, espaço de brincar para bebês e crianças de até seis anos, loja Sesc, bilheteria, centro de atendimento, cafeteria e sala de apoio à família (com poltrona de amamentação, micro-ondas, purificador de água, pia e bancada de apoio).

1º andar: espaço multiuso de 1,8 mil m² adaptável para a subdivisão em salas de diferentes dimensões, voltadas a aulas, oficinas e atividades esportivas, de tecnologias, artes e socioeducativas.

2º andar: Teatro Raul Cortez, com 253 andares.

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3º andar: Sesc Memória (espaço de acervo que recebe pesquisadores mediante agendamento).

4º andar: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, com salas de aula, cafeteria e outros espaços.

Subsolo: 250 vagas de estacionamento para carro e motocicleta, além de bicicletário.

Sesc 14 Bis

Funcionamento: de terça a sábado, 10h às 21h, e domingos e feriados, 10h às 19h

Endereço: R. Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista

Mais informações: www.sescsp.org.br/unidades/14-bis/

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