Corredor verde substituirá muro de vidro da raia olímpica da USP

Estrutura de vidro foi inaugurada em 4 de abril de 2018, mas ao longo dos anos não foi concluída e apenas acumulou painéis quebrados. Novo conceito vai fomentar sustentabilidade

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Foto do author Renata Okumura

SÃO PAULO - Com a promessa de mudar a paisagem da raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP), localizada ao lado da Marginal do Pinheiros, o muro de vidro dará lugar a um corredor verde. Prevista para ser entregue em sessenta dias, ao custo de R$ 160 mil, a primeira etapa da obra inclui a instalação de gradis em quarenta e cinco espaços vazios (onde os vidros quebraram ou não foram colocados), que irão receber a nova arborização. Posteriormente, o novo corredor verde ocupará toda a extensão da Cidade Universitária, com previsão de finalização em dezembro deste ano.

Em entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira, 29, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, afirmou que o novo conceito pretende integrar a universidade com a marginal. "Pedimos para a prefeitura do campus Butantã da USP realizar um estudo e chegamos a uma solução: transformar aquele muro em um corredor verde. Deixar de ser um elemento de separação, para ser um elemento de integração entre as áreas", afirmou.

Estrutura inacabada apenas acumulou acidentes com pássaros e vidros quebrados Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

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Inaugurado em 4 de abril de 2018, o muro de vidro tinha proposta semelhante na questão de integrar a universidade e o entorno, mas a estrutura inacabada apenas acumulou acidentes com pássaros e vidros quebrados. Duas semanas depois da inauguração, começaram a ser registrados boletins de ocorrência sobre danos nos painéis. Na época, de acordo com a Polícia Civil, laudos do Instituto de Criminalística (IC) não apontaram indícios de vandalismo nas placas quebradas - suspeita levantada inicialmente - mas que o problema foi causado por trepidações, já que o muro de vidro foi instalado ao lado de uma das vias mais movimentadas da cidade. 

Para solucionar a questão, a reitoria da instituição aprovou a nova proposta de arborização no local. O novo corredor verde ocupará tanto a parte interna da raia quanto o lado externo na Marginal do Pinheiros.  Além de oferecer uma paisagem urbana mais agradável, favorecerá o equilíbrio climático para a absorção de águas de chuvas, melhorando as condições de drenagem, além de servir como abrigo para a fauna.

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Para solucionar problemas com vidros quebrados, a reitoria da USP aprovou a nova proposta de arborização no local Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

"O aumento da vegetação nos gradis pode permitir que os pássaros no lugar de se chocarem com o vidro, eles morem dentro desses espaços verdes. Será muito mais agradável para quem está na Marginal enxergar um jardim, mesma perspectiva para quem está na raia olímpica. Tirar o muro de concreto foi boa iniciativa. Essa maior transparência da universidade com a sociedade também foi boa iniciativa, mas é preciso trazer um conceito maior de sustentabilidade", afirmou o reitor.

Em um primeiro momento, os vidros que estiverem conservados - em média 800 - serão mantidos. "Quando eles quebrarem ou nos espaços onde não há vidros é que serão colocados os gradis de metais, que receberão um aumento significativo de área verde, que será colada no gradil na área da marginal e na área da Raia Olímpica", explicou o reitor. Nos vidros, serão aplicadas películas para diminuir a transparência deles e evitar acidentes com pássaros que esbarram na estrutura.

No local onde ainda há muro de concreto, serão colocados os suportes para receberem a jardinagem. "Com os gradis prontos, o muro será retirado. Vamos fazer uma licitação para comprar um número maior de gradis para essa área que ainda está coberta pelo muro de concreto" explicou o reitor. Como essa etapa demora mais, a previsão é que seja finalizada em dezembro deste ano.

Com a promessa de mudar a paisagem da Raia Olímpica da USP, localizada ao lado da Marginal do Pinheiros, o muro de vidro dará lugar a um corredor verde Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

"O projeto atende às diretrizes da gestão reitoral atual, pois utilizará toda a estrutura existente, realizada com o auxílio de empresas e aumentará o conceito de sustentabilidade ambiental no local", disse o reitor.

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Atualmente, de mais de dois quilômetros de extensão do muro de vidro, 1.055 metros estão finalizados, 597 metros não foram concluídos, 240 metros estão com mureta de concreto e colunas de alumínio instaladas e 135 metros estão apenas com uma mureta de concreto.

De acordo com a universidade, o projeto está em fase de desenvolvimento. A prefeitura do Campus reuniu pesquisadores da USP - ecólogos, botânicos, paisagistas, especialistas em poluição, entre outros - para a elaboração de diretrizes que resultaram em um termo de referência para contratação da empresa que desenvolverá o projeto do corredor. 

Uma comissão formada por biólogos e especialistas em poluição já está envolvida com o novo conceito de sustentabilidade. "A ideia é utilizar plantas nativas da região. Oferecer um novo paisagismo ao local", destacou Carlotti Júnior.

Corredor verde substituirá muro de vidro da Raia Olímpica da USP Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

A proposta da mudança do muro tradicional para a instalação de painéis, orçada em R$ 20 milhões, teve início há quatro anos. Conforme a USP, o projeto foi uma iniciativa do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, o município fez, inclusive, o anúncio da instalação do muro de vidro, em julho de 2017, quando o governador João Doria (PSDB) era prefeito da capital paulista.

Custeada por mais de quarenta empresas privadas, a iniciativa não onerou financeiramente a USP. O projeto foi doado pelo escritório de design Jóia Bergamo. Como a retomada da obra está sob gestão somente da USP, o Governo paulista e o município disseram que não vão se pronunciar sobre a alteração da proposta.