SÃO PAULO - Com a promessa de mudar a paisagem da raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP), localizada ao lado da Marginal do Pinheiros, o muro de vidro dará lugar a um corredor verde. Prevista para ser entregue em sessenta dias, ao custo de R$ 160 mil, a primeira etapa da obra inclui a instalação de gradis em quarenta e cinco espaços vazios (onde os vidros quebraram ou não foram colocados), que irão receber a nova arborização. Posteriormente, o novo corredor verde ocupará toda a extensão da Cidade Universitária, com previsão de finalização em dezembro deste ano.
Em entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira, 29, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, afirmou que o novo conceito pretende integrar a universidade com a marginal. "Pedimos para a prefeitura do campus Butantã da USP realizar um estudo e chegamos a uma solução: transformar aquele muro em um corredor verde. Deixar de ser um elemento de separação, para ser um elemento de integração entre as áreas", afirmou.
Inaugurado em 4 de abril de 2018, o muro de vidro tinha proposta semelhante na questão de integrar a universidade e o entorno, mas a estrutura inacabada apenas acumulou acidentes com pássaros e vidros quebrados. Duas semanas depois da inauguração, começaram a ser registrados boletins de ocorrência sobre danos nos painéis. Na época, de acordo com a Polícia Civil, laudos do Instituto de Criminalística (IC) não apontaram indícios de vandalismo nas placas quebradas - suspeita levantada inicialmente - mas que o problema foi causado por trepidações, já que o muro de vidro foi instalado ao lado de uma das vias mais movimentadas da cidade.
Para solucionar a questão, a reitoria da instituição aprovou a nova proposta de arborização no local. O novo corredor verde ocupará tanto a parte interna da raia quanto o lado externo na Marginal do Pinheiros. Além de oferecer uma paisagem urbana mais agradável, favorecerá o equilíbrio climático para a absorção de águas de chuvas, melhorando as condições de drenagem, além de servir como abrigo para a fauna.
"O aumento da vegetação nos gradis pode permitir que os pássaros no lugar de se chocarem com o vidro, eles morem dentro desses espaços verdes. Será muito mais agradável para quem está na Marginal enxergar um jardim, mesma perspectiva para quem está na raia olímpica. Tirar o muro de concreto foi boa iniciativa. Essa maior transparência da universidade com a sociedade também foi boa iniciativa, mas é preciso trazer um conceito maior de sustentabilidade", afirmou o reitor.
Em um primeiro momento, os vidros que estiverem conservados - em média 800 - serão mantidos. "Quando eles quebrarem ou nos espaços onde não há vidros é que serão colocados os gradis de metais, que receberão um aumento significativo de área verde, que será colada no gradil na área da marginal e na área da Raia Olímpica", explicou o reitor. Nos vidros, serão aplicadas películas para diminuir a transparência deles e evitar acidentes com pássaros que esbarram na estrutura.
No local onde ainda há muro de concreto, serão colocados os suportes para receberem a jardinagem. "Com os gradis prontos, o muro será retirado. Vamos fazer uma licitação para comprar um número maior de gradis para essa área que ainda está coberta pelo muro de concreto" explicou o reitor. Como essa etapa demora mais, a previsão é que seja finalizada em dezembro deste ano.
"O projeto atende às diretrizes da gestão reitoral atual, pois utilizará toda a estrutura existente, realizada com o auxílio de empresas e aumentará o conceito de sustentabilidade ambiental no local", disse o reitor.
Atualmente, de mais de dois quilômetros de extensão do muro de vidro, 1.055 metros estão finalizados, 597 metros não foram concluídos, 240 metros estão com mureta de concreto e colunas de alumínio instaladas e 135 metros estão apenas com uma mureta de concreto.
De acordo com a universidade, o projeto está em fase de desenvolvimento. A prefeitura do Campus reuniu pesquisadores da USP - ecólogos, botânicos, paisagistas, especialistas em poluição, entre outros - para a elaboração de diretrizes que resultaram em um termo de referência para contratação da empresa que desenvolverá o projeto do corredor.
Uma comissão formada por biólogos e especialistas em poluição já está envolvida com o novo conceito de sustentabilidade. "A ideia é utilizar plantas nativas da região. Oferecer um novo paisagismo ao local", destacou Carlotti Júnior.
A proposta da mudança do muro tradicional para a instalação de painéis, orçada em R$ 20 milhões, teve início há quatro anos. Conforme a USP, o projeto foi uma iniciativa do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, o município fez, inclusive, o anúncio da instalação do muro de vidro, em julho de 2017, quando o governador João Doria (PSDB) era prefeito da capital paulista.
Custeada por mais de quarenta empresas privadas, a iniciativa não onerou financeiramente a USP. O projeto foi doado pelo escritório de design Jóia Bergamo. Como a retomada da obra está sob gestão somente da USP, o Governo paulista e o município disseram que não vão se pronunciar sobre a alteração da proposta.
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