Usuários de drogas invadiram e saquearam uma drogaria e um mercado na Avenida São João, no centro de São Paulo, na manhã desta sexta-feira, 7. O grupo havia acabado de ser retirado do local em que estava na Cracolândia por uma ação de zeladora.
Desde o ano passado, quando houve dispersão dos dependentes químicos após operação policial, a região tem visto uma escalada de transtornos, com aumento de roubos, migração de bancas de venda do tráfico e sujeira nas ruas. As gestões de Tarcísio de Freitas (Republicanos), do governo estadual, e a de Ricardo Nunes (MDB), da Prefeitura, anunciaram novos planos para resolver o problema da Cracolândia, mas a recorrência de crimes e tumultos no centro tem elevado a pressão sobre o poder público por respostas rápidas.
Apesar do terror, segundo relataram funcionários da Drogaria SP ao Estadão, nenhum deles se feriu. O grupo ainda saqueou um minimercado ao lado, mas em número menor. A Secretaria da Segurança Pública diz que reforçou o policiamento na região.
“Só não entraram aqui porque abaixamos a porta de vez”, diz o cozinheiro Adenilson Santos da Silva. Funcionário do restaurante em frente à drogaria, ele e os colegas viram o grupo carregando o que podia da farmácia.
O saque ocorreu por volta das 8h, quando o restaurante ainda estava abrindo. “Se fosse na hora do almoço seria pior”, diz Silva.
Por volta das 15h30, os funcionários da Drogaria SP ainda trabalhavam na limpeza da loja e na arrumação do que foi destruído. A empresa não quis se manifestar, mas confirma que não houve feridos.
Ao lado da drogaria, uma unidade móvel da Polícia Militar fazia guarda desde a manhã. Em frente, na Praça Júlio de Mesquita, viaturas da Guarda Civil Metropolitana também estavam no local.
A Secretaria da Segurança Pública afirma que a Polícia Militar reforçou o policiamento na área central de São Paulo nesta sexta-feira. “Equipes realizam buscas para localizar os autores das invasões a comércios na área central, ocorridos nesta manhã, após ação de zeladoria realizada por agentes da Prefeitura na região.”
Ainda segundo a SSP, “a 1ª Seccional e os distritos policiais da região central estão à disposição dos representantes dos estabelecimentos para registrar os fatos”. “As imagens veiculadas pela imprensa são analisadas pelas equipes de investigação, que trabalham para identificar e individualizar a conduta de cada um.”
Já a Prefeitura disse que a GCM participou ontem, em conjunto com as polícias Militar, Civil e a Subprefeitura da Sé, de ação de zeladoria e desobstrução de ruas, que são feitas diariamente na região. Disse que a Guarda, em parceria com a PM e a Civil, ajudou na prisão de quatro suspeitos, mas não esclareceu se eles haviam sido identificados como parte do grupo que fez o saque.
“Durante a ação, um grupo de pessoas invadiu uma drogaria, saqueando alguns produtos da loja. A GCM imediatamente controlou a situação. Não houve confrontos, nem feridos, nem condução de pessoas ao DP por parte da GCM”, acrescentou o Município.
Casos como esse não são raros na região da Cracolândia, que se deslocou da Rua Helvetia para as ruas de Santa Ifigênia. A cada ação rotineira de limpeza das vias, a peregrinação dos usuários recomeça.
A mudança de local da Cracolândia vem sendo alvo de reclamações de comerciantes locais. No último domingo, os usuários de drogas atearam fogo a sacos de lixo. A polícia foi hostilizada ao chegar no local.
Reforçar o policiamento no centro, reformular o centro de atendimento para usuários de álcool e drogas, mais leitos de internação e aluguel social a quem passou pelo tratamento em equipamentos municipais estão entre as estratégias anunciadas pelo Estado e pela Prefeitura em janeiro para a Cracolândia. Muitas das medidas já foram adotadas por gestões anteriores, mas não conseguiram solucionar o problema.
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