De relógio a uísque falsificado: como é o novo ‘museu da pirataria’ em Santos

Espaço está no centro histórico da cidade, na região do Valongo; visitação será gratuita e começa em janeiro

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Foto do author José Maria Tomazela

A impressão é de estar em um free shop entre perfumes e champanhes franceses, uísques escoceses, relógios suíços, bolsas e roupas de grife, tênis americanos e camisas de grandes astros do futebol. Mas é tudo falsificado ou produto de contrabando. Uma imensa lista de itens, que inclui ainda peças de veículos, cigarros eletrônicos e brinquedos, integra o acervo do Museu da Alfândega de Santos, que também poderia se chamar ‘Museu da Pirataria’.

O espaço, com os produtos expostos para visitação - que só começa em janeiro -, foi inaugurado no fim de novembro como parte das comemorações dos 90 anos do edifício sede da Alfândega de Santos.

Acervo do Museu da Alfândega é formado por produtos e peças apreendidos pela Receita Federal por irregularidades, como contrabando e falsificação. Foto: Receita Federal/Divulgação

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Segundo Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, a ideia é mostrar o trabalho da alfândega, chamar a atenção para os riscos de consumir produtos pirateados e uma uma oportunidade de “aproximação com a população”.

O acervo está exposto em uma área de 263 m² no piso térreo do edifício. Parte das peças está em um contêiner de quase 90 m², dando a noção de como o contrabando acontece. Logo na entrada, o visitante se depara com uma grande quantidade de peças, como rolamentos e discos de embreagem adulterados, que poderiam colocar em risco a vida dos ocupantes de um veículo.

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A ambientação lúdica do contêiner simula o fundo do mar, com escotilhas na parede e peixes nadando sob os pés dos visitantes. Óculos de realidade virtual permitem uma imersão nas atividades de campo realizadas pelos servidores da alfândega durante os trabalhos de fiscalização das cargas que entram e saem do Porto de Santos.

A exposição tem foco educativo. Ao lado das mercadorias, como cigarros eletrônicos e celulares contrabandeados, há sempre uma explicação sobre o risco potencial dos produtos. Ao final, é mostrado como os materiais podem passar por diferentes transformações e retornar para o consumo. Cigarros contrabandeados, por exemplo, viram adubo orgânico.

Ao lado das mercadorias, como cigarros eletrônicos e celulares contrabandeados, há sempre uma explicação sobre o risco potencial do uso desses produtos.  Foto: Receita Federal/Divulgação

Os produtos falsificados, apreendidos pela Receita no Porto de Santos, estão acompanhados de textos e vídeos sobre os danos que causam à sociedade e os riscos a que expõem seus usuários. Há também depoimentos, imagens e informações sobre o trabalho da Receita, como o monitoramento de quase 12 mil contêineres por dia.

O museu ganhou forma graças a uma parceria da Alfândega de Santos com o Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina) e a Associação Paulista de Empreendedores do Circuito das Compras (Apecc). Para a instalação do acervo, o prédio passou por restauração.

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Edifício também é atração

O edifício que abriga o museu foi inaugurado em 19 de dezembro de 1934 e tem arquitetura eclética, com influência art-dèco. As fachadas são guarnecidas com mais de 90 janelas. O prédio, com 12,3 mil m² de construção em cinco pavimentos, na região central da cidade, é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa).

As fachadas externas são revestidas de granito e cimento brusco, com portais e grades de ferro. Os adereços imitam folhas e frutos de café. No interior, chamam a atenção o piso decorado, as escadarias de mármore importado, assim como os lustres, afrescos e vitrais, com acabamento de luxo.

O edifício que abriga o Museu da Alfândega fica em área turística, no centro de Santos. Foto: Prefeitura de Santos/Divulgação

A Alfândega de Santos é considerada a maior unidade aduaneira do País, com jurisdição sobre 24 municípios, de Bertioga até Cananéia, na divisa com o Paraná. Responsável pelo controle de quase 30% do fluxo de comércio exterior do Brasil, a repartição santista, criada em 1950, foi a terceira a funcionar no Brasil, sendo a primeira em Salvador e a segunda em São Vicente (SP).

Além de estar vinculado às atividades aduaneiras, o edifício tem localização estratégica para a Receita, pois fica próximo ao canal do porto, permitindo acesso por mar aos vários terminais sob jurisdição da alfândega. A localização facilita o embarque e desembarque da tripulação das lanchas-patrulha da Receita, agilizando a fiscalização aduaneira.

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Conforme a prefeitura, o novo museu vai incrementar o turismo, pois está no centro histórico, na região do Valongo, que vem passando por uma reurbanização. A nova atração fica próxima do Museu Pelé e do Museu do Café, importantes atrativos turísticos da cidade.

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Serviço

Museu da Alfândega de Santos:

  • Localização: Praça da República, s/n, Centro
  • Inauguração: dia 7 de janeiro
  • Horário de funcionamento: visitação de terça a sexta-feira, das 14 às 17 horas
  • Entrada gratuita
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