Para a Polícia Civil, o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi executado em novembro do ano passado por vingança. Os investigadores apontam que o traficante Emilio Gongorra Castilho, vulgo João Cigarreira ou Bil, encomendou a morte de Gritzbach para vingar o assassinato do seu antigo parceiro Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, ocorrido em 2021. O Estadão não localizou a defesa de Castilho.
“Cigarreira é o mandante, principal articulador deste crime por vingança da morte do amigo Anselmo, que auxiliou ele a crescer no mundo do crime. Também por vingança por ter perdido dinheiro. O Vinícius ficou com dinheiro e imóveis que eram dele. Então, a motivação seria tanta a vingança pela morte (do Cara Preta) como por essa perda de dinheiro e também, é claro, uma eventual delação que ele poderia fazer”, afirmou nesta quinta-feira, 13, o delegado Rogério Barbosa Thomaz, do do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Nesta quinta-feira, a Polícia Civil deflagrou uma operação para tentar prender Cigarreira. Cerca de 120 policiais foram às ruas para cumprir mais de 20 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados. Familiares e pessoas próximas aos suspeitos foram conduzidas ao departamento e prestaram depoimento. Foram apreendidos celulares, pen drives e outros objetos, mas Cigarreira não foi encontrado.
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Quem era o delator Antônio Vinícius Gritzbach?
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé, zona leste paulistana.
Sua trajetória está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas ao PCC. Ele fechara acordo de delação premiada em abril do ano passado. Em reação, a facção pôs um prêmio de R$ 3 milhões pela sua cabeça.
Gritzbach era um jovem corretor de imóveis quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Vinícius Gritzbach foi demitido pela empresa em 2018. A empresa informa que “jamais teve conhecimento acerca dessas relações até que as investigações viessem a público”.
Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.
Para a polícia, Gritzbach havia sido responsável por desfalque em Cara Preta de R$ 100 milhões em criptomoedas e, quando se viu cobrado pelo traficante, decidira matá-lo. O empresário teria contratado Noé Alves Schaum para matar o traficante.
O crime foi em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o atirador matou Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada na 2.ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon.