SÃO PAULO - O Dia Mundial Sem Carro é celebrado neste domingo, 22, em diversos países. Ao longo da semana, o Estado contou algumas histórias de paulistanos que passaram a priorizar outros meios de locomoção no dia a dia, além de pedir relatos de leitores e assinantes sobre o assunto.
Nas redes sociais, abrir mão do carro por um dia recebeu comentários positivos e negativos. “Nem pensar”, escreveu um usuário identificado como Marcos Padilha, enquanto o leitor Leo Pires comentou que já abre mão do automóvel quatro vezes por semana.
Há também quem abordou os obstáculos cotidianos que dificultam a adesão à prática, como o perfil da Stella Jaber, que reclamou do “sol escaldante” e da “pura fumaça para respirar”. “Voltei para casa, desisti”, escreveu.
Entre os comentários, também teve quem brincou com a ideia e aplaudiu a possibilidade de poder dirigir em um dia com menos trânsito. “Vou chegar rapidão”, escreveu o leitor Rodrigo Siqueira. “Espero que a maioria não use carro, pelo menos assim não pego trânsito”, disse um usuário identificado como Alex Cristovam.
Já Gabriel Diaz questionou a eficiência da proposta: “esse tipo de manifestação não muda a raiz do problema. Segunda-feira continua tudo igual”. Nei Azambuja, por sua vez, declarou se considerar “sortudo” por fazer “praticamente tudo” de bicicleta, como ir ao supermercado. “Fiquei sem carro durante aproximadamente seis meses. Acabei comprando um para eventuais passeios nos fins de semanas ou uso nos dias de chuva. Mas utilizo muito pouco.”
A contadora Giselle Scalabrin, de 47 anos, fez um longo relato sobre a experiência de estar sem carro há cerca de cinco anos. O motivo foi econômico e, com o dinheiro economizado, ela conseguiu juntar dinheiro para viajar mais. As descobertas de novos lugares pela contadora também ocorrem no dia a dia.
“De ônibus, sempre somos o passageiro, então temos tempo de ver o que acontece na cidade: as festas nas igrejas e clubes da cidades, as comemorações, ações públicas da Prefeitura, novos restaurantes que ficam escondidos - e são ótimos, o pôr do sol que está ali todos os dias te esperando, as pessoas diferentes, as loucas, as solitárias, as simpáticas, as religiosas, as alternativas.”
Leia um trecho de depoimento de Giselle abaixo:
“Atualmente, moro em Santos. Aqui, o uso de bicicletas e patinetes é frequente. Eu uso o transporte público para me locomover de casa até o trabalho. Quando vou a São Paulo, para visitar minha família, sempre vou de ônibus - e as pessoas ficam assustadas e incrédulas porque não tenho carro. Já não sinto mais falta de carro, faço tudo a pé, aqui na cidade: vou no mercado com meu carrinho de mão, que nem vovó, mas nem ligo.
Em São Paulo, a família continua abismada com esse estilo de vida. Eu acho um absurdo a pessoa que nem tem a chave da portão de entrada principal do prédio que mora, porque só sai de carro. Olha a que ponto chegamos. Sair de casa, fazer parte da comunidade onde você vive, conhecer o vizinho, ver as mudanças que acontecem todo dia na sua rua e na rua de trás da sua casa, não ser alienado a ponto de só ir e vir sempre para o mesmo lugar e ligar a TV no final do dia: isso é mobilidade. Mobilidade é estar inserido no sociedade de forma plena e contributiva.”
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