Diretor feito refém na Fundação Casa continua internado

Unidade teve tentativa de fuga frustrada nesta quinta e menores fizeram reféns; clima no órgão segue tenso desde o dia 14

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SÃO PAULO - O diretor da Unidade Encosta Norte, da Fundação Casa, permanece internado na manhã desta sexta-feira, 4, depois de ter sido feito refém em uma rebelião ocorrida na unidade em São Miguel Paulista, na tarde de quinta. 3. Outros dois servidores, que também foram agredidos, tiveram alta médica e estão com suas famílias. É mais um episódio na escalada de violência que a antiga Febem vem passando nos últimos 15 dias.

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No motim desta quinta-feira, os internos tentaram fugir da unidade, mas foram contidos. Entretanto, conseguiram dominar sete educadores e fizeram uma rebelião. Três dos reféns foram alvo de agressões. O mais atingido foi o diretor da unidade, Ozório Rodrigues Silva Filho. Depois de duas horas de negociações, todos foram liberados. Segundo a assessoria de imprensa da Fundação, a família de Silva Filho não autorizou a Fundação a divulgar detalhes de seu estado de saúde. O Estado não localizou a família para confirmar a informação.

Os demais agentes foram agredidos na cabeça, com pedaços de madeira. Um deles teve ferimentos na testa e atrás da orelha, com forte sangramento.

Também segundo a Fundação, os internos vão passar pela Comissão de Avaliação Disciplinar (CAD), que vai determinar quais medidas serão aplicadas nos infratores.

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Tortura. Conforme reportagem do Estado publicada no último sábado, a Justiça, o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública do Estado apura denúncia de tortura de internos depois de uma tentativa frustrada de fuga ocorrida no Complexo Vila Maria da Fundação, que abriga três unidades, entre os dias 14 e 16 deste mês.

Segundo a denúncia, feita pelo Coletivo de Advogados dos Direitos Humanos (CADhu), parte dos jovens recapturados teriam sido espancados para "dar exemplo" aos demais internos.

Em uma das fugas, 36 internos fugiram e sete foram recapturados. Na segunda, dia 16, cinco escaparam. Dois deles apareceram mortos, boiando no Rio Tietê, enquanto dois foram recapturados. A Fundação Casa diz que sindicância interna apura as fugas e eventuais abusos -- que o órgão estadual diz não compactuar.

Paralelamente, agentes da Fundação ensaiam um movimento grevista. Acusam as unidades de estarem superlotadas, com menores dormindo no chão, e poucos servidores para lidar com adolescentes perigosos, alguns deles homicidas.

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O deputado estadual Antonio Mentor (PT) visitou o complexo Vila Maria nesta quinta-feira e fez uma enfática defesa dos educadores. Segundo ele, os agentes passam por um "momento difícil" e negou que haja casos de tortura praticado pelos servidores. Chegou até a criticar os advogados do CADhu.

Entretanto, o deputado afirma que conversou com um dos menores recapturados na fuga do dia 16 e diz que o menor chegou a ser ameaçado de morte pela Polícia Militar quando foi recapturado."Ele disse que os policiais falaram que iriam jogá-lo no rio também, como os demais que se afogaram. Então ele falou que já havia telefonado para o pai. Ele acha que isso o salvou", disse o deputado, ressaltando que não vê indícios que confirmem as denúncias de tortura praticada pelos servidores, parte de sua base eleitoral. Mentor afirma que, segundo o menino, os internos achados no rio morreram afogados, tentando cruzar o Tietê a nado durante a fuga.

A Defensoria Pública do Estado informou que, antes mesmo de receber a denúncia feita pelo CADhu sobre abusos, havia feito por conta própria uma vistoria no Complexo Vila Maria e já havia recebido relatos de espancamentos por parte dos jovens. A apuração continua.

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