A Polícia Civil prendeu nesta terça-feira, 23, dois suspeitos pela morte da soldado da Polícia Militar Sabrina Freire Romão Franklin, de 30 anos. Ela foi atingida por disparo de arma de fogo na última quinta-feira, 18, durante um assalto na região de Parelheiros, zona sul de São Paulo.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as prisões ocorreram após a Justiça expedir mandado de prisão temporária contra a dupla, identificada com Lucas da Conceição e Carlos Daniel da Cruz Andrade, ambos de 18 anos. Na última sexta-feira, 19, outros dois suspeitos também chegaram a ser detidos pela polícia, mas foram liberados depois de prestar depoimento.
A secretaria informou que um dos suspeitos preso nesta terça-feira foi localizado durante o período da tarde por investigadores do 25º Distrito Policial (Parelheiros), unidade policial que conduz o inquérito sobre a morte da soldado Sabrina Franklin. A moto usada no crime estaria na sua casa, de acordo com as investigações.
Na noite do mesmo dia, o segundo suspeito se apresentou no 8º Distrito Policial (Belenzinho) acompanhado de um advogado. Conforme a secretaria, um deles seria o autor dos disparos que resultaram na morte da PM. Os dois foram recolhidos à carceragem e estão presos de forma temporária.
De acordo com delegado Domingos Paulo Neto, da 6ª seccional de Polícia, ambos os suspeitos não chegaram a confessar o crime. “Um deles se reservou no direito de falar em juízo, e o outro disse que não participou (do crime), mas que o outro, sim”, disse em conversa com a imprensa, nesta quarta-feira, 24. A reportagem não localizou as defesas dos suspeitos.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, se manifestou sobre as prisões em publicação nas redes sociais. “A pronta resposta dada foi muito importante para mostrar que, no Estado de São Paulo, ninguém vai ficar impune”, disse, em vídeo.
Nesta quarta, o secretário afirmou que a arma roubada da soldado Sabrina ainda não foi localizada. Uma Operação Escudo (leia mais abaixo) foi deflagrada após a morte da agente e, segundo Derrite, as ações policiais se encerrarão apenas quando o armamento for localizado.
“Neste contexto, nosso objetivo é permanecer para localizar a arma de fogo que foi subtraída da soldado Sabrina. Não tem previsão para acabar (a operação Escudo)”, disse Derrite.
“Agora, temos uma arma de fogo, propriedade da Polícia Militar, que está nas mãos do crime. Nós continuaremos a operação até que tecnicamente isso seja decidido pela secretaria e pelas polícias. Nosso objetivo é recuperar a arma de fogo o mais rápido possível”, destacou o secretário.
Relembre o caso
O caso que resultou na morte da soldado Sabrina Franklin ocorreu por volta das 22h30 da última quinta na Estrada Ecoturística de Parelheiros. Segundo a PM, a agente estava de folga e transitava de moto em roupas civis quando foi surpreendida por dois criminosos em uma outra motocicleta.
A dupla teria anunciado o assalto e, na tentativa de se defender, a policial militar acabou sendo atingida por disparo de arma de fogo. Os criminosos fugiram às pressas do local e levaram o armamento de Sabrina, segundo registro da Polícia Militar.
A agente ainda foi socorrida por uma equipe policial e levada ao pronto-socorro do Hospital Parelheiros, próximo ao local onde ela foi atingida. Por lá, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Ela era casada e não tinha filhos, informou a corporação.
Na última sexta-feira, 19, um dia após a morte da policial, dois suspeitos de participação no crime chegaram a ser detidos, mas foram liberados após serem ouvidos pela Polícia Civil. Conforme a Secretaria da Segurança Pública, eles são investigados em outro inquérito, sobre roubo de motos.
Operação Escudo
A Secretaria da Segurança Pública informou que, atualmente, em resposta a três tentativas de latrocínio e dois latrocínios ocorridos contra policiais militares nos últimos dias, há Operações Escudos acontecendo simultaneamente em quatro regiões do Estado:
- ABC Paulista;
- região sul da cidade de São Paulo;
- Piracicaba;
- Guarulhos.
A primeira fase da Operação Escudo, deflagrada na Baixada Santista em julho do ano passado após a morte de um soldado da Rota, batalhão de elite da Polícia Militar, foi alvo de denúncias de abusos e de episódios de violência policial como forma de retaliação.
Foram contabilizadas 28 mortes de civis durante a operação, que durou pouco mais de um mês. No último mês, dois agentes da Rota que participaram da ação tornaram-se réus por homicídio duplamente qualificado. Eles são acusados de tampar suas câmeras corporais e plantar uma arma de fogo para forjar um confronto na Via Zilda, no Guarujá.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.