Doria diz que vai executar projeto de revitalização do centro encomendado pelo Secovi

Segundo o prefeito, o projeto elaborado pelo escritório do urbanista Jaime Lerner foi 'oferecido' à gestão por meio de termo de cooperação técnica; proposta prevê bulevares, verticalização de áreas e linhas de transporte turístico

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O projeto, que prevê bulevares, polos de economia criativa e verticalização de áreas, foi encomendado e pago pelo Secovi e elaborado pelo escritório Jaime Lerner (à direita); gestão Doria afirma que ele foi "oferecido" à administração por meio de um termo de cooperação técnica. Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), quer executar um projeto de revitalização do centro com bulevares e duas linhas turísticas de Veículo Leve Sobre Pneus (VLP). A Prefeitura prometeu entregar os modais até 2020, sem cobradores e com cobrança de tarifa por celular. Especialistas, porém, já criticam a falta de debate da proposta com a sociedade. O projeto ainda precisar de análise e aval da Câmara Municipal.

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Elaborado pelo escritório Jaime Lerner, a gestão Doria afirma que o projeto foi oferecido à administração por um termo de cooperação técnica com o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi). O prefeito ressaltou, porém, que o Centro Novo é analisado por diversas secretarias desde o primeiro semestre e a execução “é uma decisão de governo”. O projeto prevê ainda polos de economia criativa e verticalização de áreas - como o entorno da Avenida Rio Branco. 

Segundo Doria, o plano será executado em oito anos. Para o desenvolvimento das intervenções, a gestão tucana vai recorrer a financiamentos de bancos privados. A administração também projeta que, caso seja aprovado pelo Legislativo, o Fundo Mobiliário com recursos da venda de imóveis municipais será utilizado para bancar a proposta de revitalização.

A administração municipal também vai enviar à Câmara uma proposta com alterações na Operação Urbana Centro, aumentando os coeficientes para a construção de prédios na região central. “Grande parte do que traz o projeto (Centro Novo) depende dessas alterações”, explica a secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento, Heloísa Proença. “Isso porque grande parte da legislação regular de zoneamento do centro traz muitos imóveis tombados, muitas Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social). Isso tudo tem de ser tratado ao mesmo tempo.”

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De acordo com Heloísa, o desafio do projeto será “atrair a classe de renda média”. Conselheiro da gestão Doria em desenvolvimento urbano e ex-presidente do Secovi, Claudio Bernardes diz que a operação poderá render cerca de R$ 1 bilhão de arrecadação apenas com a venda do potencial construtivo para as construtoras. 

Doria quer entregar as duas linhas de Veículos Leves Sob Pneus (VLP) em três anos. De acordo com o prefeito, os veículos da Circular Centro serão elétricos e não terão cobradores. O projeto prevê integração com o sistema de transporte público e linhas no sentido horário (6 km e 18 paradas) e anti-horário (7,7 km e 19 paradas). “As duas linhas vão contemplar pontos de interesse da cidade e privilegiar a conexão entre as estações de metrô, ônibus e trem”, diz o secretário de Transportes e Mobilidade, Sergio Avelleda. 

Debate público. Membros do Conselho Municipal de Política Urbana, os urbanistas Valter Caldana e Mauro Calliari, autor do blog no Estado Caminhadas Urbanas, criticam o fato de o projeto não ter sido apresentado preliminarmente ao grupo. “Nenhum projeto de urbanismo do século 21 prosperará se não nascer de profunda discussão com a sociedade”, diz Caldana, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

Segundo ele, o plano também precisará do aval de vários conselhos, incluindo o do patrimônio, que terá poder de veto. “Outros conselhos têm caráter consultivo, como o de política urbana. É importante que esse conjunto de diretrizes apresentados seja colocado em discussão para ter apoio da sociedade.” 

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Mestre em Urbanismo, Calliari cita ainda a necessidade de avaliação do conselho participativo da região central. “Ter a garantia de que passou por várias instâncias às vezes dá mais trabalho, mas certamente aumenta a velocidade de implementação depois”, afirma./COLABOROU FABIANA CAMBRICOLI

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