SÃO PAULO - O prefeito João Doria (PSDB) já marcou sua primeira viagem internacional. A partir de 12 de fevereiro, o tucano inicia um roteiro de quatro dias pelos Emirados Árabes e Catar. Serão visitados potenciais investidores em Dubai, Abu Dabi e Doha. Doria vai atrás de interessados em seu pacote de desestatização, que inclui a privatização dos complexos de Interlagos e do Anhembi e a concessão do Estádio do Pacaembu.
Para evitar custos extras, a Prefeitura afirma que Doria será acompanhado apenas de seu secretário municipal de Relações Internacionais, Júlio Serson. Os dois viajarão sozinhos, sem assessores – segundo o Estado apurou, passagens e hospedagens serão custeadas pelos governos dos dois países.
“Vamos fazer contato com os fundos soberanos desses países com a intenção de atrair investimentos, recursos, e ajudar a gerar empregos aqui. A ideia é mostrar o potencial do Anhembi, do Autódromo de Interlagos e de outras propriedades da Prefeitura que podem ser alvo de privatização ou concessão. Acreditamos que São Paulo pode ser a alavanca para o Brasil sair da crise”, diz Serson.
Entre as propostas que serão apresentadas durante a viagem está a possibilidade de o Município vender o direito de nome (naming rights) do Pacaembu, por exemplo, ou mesmo de Interlagos, que poderia passar a chamar, por exemplo, Interlagos/Emirates, numa referência à principal companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos.
O destino da primeira viagem de Doria revela uma mudança na política externa de São Paulo. Na gestão passada, de Fernando Haddad (PT), parcerias dentro da América do Sul foram priorizadas. “Vamos olhar para todos os lados possíveis. Temos de identificar as oportunidades. Se elas estão na América do Sul, ótimo, mas se estão na China é nossa obrigação ir ao outro lado do mundo buscá-las”, afirma o secretário, que já tem outras duas viagens marcadas com o prefeito ainda neste semestre.
A capital da Coreia do Sul, Seul, deve ser visitada em março. No mês seguinte, Doria e Serson desembarcarão nos Estados Unidos, para visitas de negócios em Nova York e Washington. Até maio, a Prefeitura deve formalizar propostas de captação de recursos a serem levadas ao Banco Mundial e também ao Banco Interamericano de Desenvolvimento.
“A ordem do prefeito é apresentar São Paulo ao mundo. Hoje, a cidade está fechada. Temos de reverter isso”, diz o secretário municipal de Justiça, Anderson Pomini.
Com a renegociação da dívida do Município com a União, assinada ano passado por Haddad, o saldo a pagar passou de R$ 74 bilhões para R$ 29 bilhões, em valores atuais, abrindo a possibilidade de a cidade obter empréstimos. A situação econômica atual permite a Doria contrair até R$ 23,8 bilhões para custear obras em São Paulo, como projetos de mobilidade e drenagem. Mas o teto não deve ser aplicado. Estima-se que, para não comprometer novamente a saúde financeira da cidade, o valor não ultrapasse R$ 8 bilhões em quatro anos.
Central Park. Em Nova York, Doria não buscará apenas financiamento, mas exemplos de políticas públicas. O prefeito vai conhecer de perto o modelo de gestão do Central Park, comandado por uma organização social. A ideia é conhecer para replicar por aqui, a começar pelo Parque do Ibirapuera.
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