Após três de obras, o Edifício Vital Brazil, cartão-postal do Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo, foi reaberto para visitação pública nesta terça-feira, 2. Pela primeira vez, a Biblioteca Científica da instituição, antes restrita a pesquisadores e estudantes, poderá ser acessada pelo público geral. O horário de visitação é o mesmo dos museus, de terça a sexta-feira, das 9h às 16h45.
A construção, que leva o nome do sanitarista fundador do Butantan, fica em um dos pontos mais altos dos 725 mil m² que compõem o Parque da Ciência. O investimento total da obra de restauro, que levou três anos, foi de quase R$19 milhões, provenientes da Fundação Butantan.
Conforme o governo do Estado, a Biblioteca Científica foi ampliada e ganhou novos ambientes para palestras, aulas e para pesquisas individuais. O acervo é constituído por cerca de 4,5 mil obras relacionadas a temáticas de pesquisas da instituição, em áreas como herpetologia, artrópodes, biodiversidade, saúde pública, medicina, soros e vacinas, biologia, farmacologia, tecnologia, imunologia e patologia. Muitos dos títulos são centenários.
O prédio abriga também agora o espaço Semear Leitores, um projeto realizado em parceria com a Fundação Bunge, que busca estimular o contato de crianças com a leitura. Diferente do edifício, esse espaço fica aberto das 12h30 às 16h30.
Com parte do acervo digitalizada, em breve, a produção científica dos mais de 120 anos de história da instituição estará acessível para consulta no Sapientia, repositório digital do instituto.
História
O edifício, projetada pelo arquiteto e engenheiro Mauro Álvaro de Souza Camargo, foi inaugurada em 1914, 13 anos após a inauguração do Instituto, em 1901. De acordo com o governo estadual, as características arquitetônicas foram preservadas e a execução do projeto revelou pinturas antigas com retratos de grandes pesquisadores da história, como Edward Jenner, responsável pela criação da vacina da varíola, e Louis Pasteur, que revolucionou o combate a doenças infecciosas.
Na época da inauguração, a edição do Estadão do dia 8 de abril de 1914, lembrou o motivo da escolha do local de construção do equipamento, no bairro Butantã, um pouco afastado do centro da cidade.
O texto destaca que a criação do Butantã foi impulsionada por um surto epidêmico de peste bubônica no Porto de Santos, em 1898. Na época, ocorriam quase 3 nil acidentes por ano provocados por animais peçonhentos só no Estado de São Paulo. Com a necessidade de se criar um soro para evitar que a doença se alastrasse, foi iniciado o trabalho de pesquisa e desenvolvimento do medicamento.
Para isso, o diretor do Serviço Sanitário do Estado, Emílio Ribas, decidiu instalar a produção do soro em um local afastado do centro, para não provocar pânico na população. O lugar escolhido, então, foi a Fazenda Butantã, cujo nome, em tupi-guarani, significa terra firme-firme.
Sucateamento
Os cem anos do prédio, comemorados em 2014, foi de pouca festa e marcado por protesto contra sucateamento da estrutura - funcionários do Butantan deram um abraço simbólico no edifício. Conforme matéria do Estadão, de abril daquele ano, os problemas eram muitos: infiltrações de água, telhado deteriorado, fachada precisando de restauro e, de acordo com a própria administração da instituição, danos estruturais.
A Biblioteca estava interditada há mais de um ano, com livros guardados em contêineres do lado de fora. E os laboratórios que funcionam em seu porão estavam “sufocados”, precisando urgentemente de uma nova casa, conforme mostrou a reportagem.
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