Há quatro anos, as 13 famílias que moram no Condomínio Ronchamp, em Santos, sonhavam com um terraço de frente para o mar. A sacada era o único conforto que faltava aos apartamentos de 398 m² erguidos na Praia do Gonzaga em 1986. Naquela época, eram os janelões que ditavam o estilo dos prédios da orla. Mas o tempo passou e o desejo por áreas externas levou os proprietários a buscar uma alternativa. A solução foi construir um "puxadinho", que, encaixado à estrutura original do edifício, transformou a janela em varanda.A obra durou cerca de um ano e, segundo o arquiteto Daniel Proença, só foi possível após a revisão do plano diretor da cidade. "Ficou permitida a construção de terraço dentro da área de recuo do prédio. Para viabilizar a ideia, optamos por fazer uma estrutura independente, que foi justaposta ao prédio desde o subsolo", explica um dos autores do projeto.O ganho na área privativa do imóvel foi de 31 m². Para acessar o novo cômodo, duas portas foram abertas nas laterais do edifício, em substituição às janelas. Como acabamento, paredes revestidas em granito deram ainda mais pompa à nova fachada. Durante a obra, a intervenção fazia pedestres e motoristas acreditarem que se tratava de uma construção totalmente nova.Depois das sacadas, foi a vez das garagens. Uma reformulação no térreo e no subsolo permitiu a concessão de uma vaga extra por unidade - a cobertura, que é dúplex, ganhou duas. "A ideia inicial era fazer só os terraços, mas, como toda reforma, uma coisa levou à outra." Três anos depois de iniciada a obra, os últimos serviços ainda são finalizados.Financiamento. O aquecimento do mercado movimenta as empreiteiras locais, que acumulam projetos com pedidos de orçamentos. A Projexe Engenharia diz receber até 15 solicitações novas por dia. Mas, para que as propostas saiam do papel, é preciso anuência da maioria dos condôminos e fundo de caixa. Para não perderem o cliente, as empresas parcelam os custos da mão de obra em até cem parcelas.Além das facilidades de pagamento, quem contrata a reforma completa de um prédio também busca discrição dos operários e horários diferenciados para início dos trabalhos. As exigências são maiores em Santos e São Vicente, onde os edifícios ficam ocupados praticamente o ano todo. No Guarujá e na Praia Grande, há mais liberdade para execução do trabalho, já que as construções são usadas mais para o turismo do que para moradia.Seja qual for o objetivo da repaginação, o retorno é garantido, segundo Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato de Habitação). "A valorização vai depender do projeto, do material utilizado durante o serviço e da qualidade da execução da proposta. Mas se deve primar também pela segurança da obra. É preciso acompanhamento técnico de um engenheiro especializado e total cumprimento à legislação", afirma.As normas são definidas pelas prefeituras e, em geral, incluem apresentação de projeto e solicitação de guia para início da obra, além de documento que ateste a aprovação de representantes do condomínio, decidida em assembleia. A fiscalização compete aos departamentos municipais de edificações. "Esse cuidado não assegura apenas uma obra sem imprevistos, mas também sem multas." / ADRIANA FERRAZ
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