BRASÍLIA- O tempo médio de atendimento a ocorrências emergenciais pela distribuidora de energia Enel em São Paulo aumentou cerca de três horas entre 2019 e 2024. A concessionária demorava, em média, 9,13 horas para atender a um incidente e agora demora 12,21 horas para dar resposta aos chamados.
As informações foram apresentadas pelo superintendente de Fiscalização Técnica dos Serviços de Energia Elétrica da Aneel, agência reguladora do setor, Giácomo Bassi, durante audiência pública na Câmara dos Deputados. A empresa afirma que pretende contratar 1,2 mil funcionários novos e prevê cerca de R$ 10,4 bilhões em investimentos até 2027.
Em outubro, 3,1 milhões de clientes ficaram no escuro na Grande São Paulo após um apagão na rede de energia elétrica em decorrência de eventos climáticos. Na época, o restabelecimento total dos serviços levou até sete dias. O problema levou o governo federal a abrir um processo disciplinar para investigar a atuação da empresa no país.
Eventos climáticos extremos, como tempestades e rajadas fortes de vento, devem se tornar cada vez mais frequentes, como efeito do aquecimento global.
Bassi explicou que o tempo médio é um indicador composto por outras métricas, como tempo médio de preparo, deslocamento e tempo de execução. O representante da Aneel afirmou que a maior demora da empresa é registrada no preparo para atender ao chamado, quando é considerado o tempo entre o conhecimento da ocorrência e a autorização para deslocamento da equipe.
“A quantidade de equipes que a distribuidora tem para fazer frente à quantidade de atendimentos está inadequada”, afirmou Bassi.
Na audiência, o CEO da Enel SP, Guilherme Lencastre, afirmou que a empresa pretende contratar até o ano que vem 1,2 mil funcionários novos. Lencastre argumentou que há dificuldade de contratação de mão de obra qualificada. “A gente não tem profissionais prontos no mercado.”
O CEO da Enel afirma ainda que a empresa está investindo na formação de profissionais e diz que a empresa vai investir cerca de R$ 10,4 bilhões nas operações da empresa no ciclo de 2025 a 2027. Segundo ele, a empresa está aprimorando o serviço e diz que reduziu o tempo de solução entre os eventos de novembro de 2023 e outubro de 2024.
“Não significa que a gente está satisfeito, que não se sensibiliza com a situação do cliente, mas aqui mostra que a gente está fazendo o que precisa”, acrescenta Lencastre.
O deputado Fernando Marangoni (União-SP) perguntou ao representante da empresa qual a meta de tempo de atendimento da Enel caso ocorra novo evento climático no próximo ano, mas Lancastre evitou fixar um número máximo de horas de atendimento. O empresário disse apenas que “a nossa resposta vai ser melhor que a deste ano”.
Além de São Paulo, a Enel tem histórico de problemas em outros Estados, como Goiás, Rio de Janeiro e Ceará. A empresa foi forçada em Goiás a entregar a concessão após pressão do governo estadual, que mobilizou o Ministério Público Federal, o Ministério de Minas e Energia e a Aneel para encerrar a atividade da empresa em solo goiano. A Enel vendeu a empresa para a Equatorial Energia para minimizar os prejuízos, já que corria o risco de ter a concessão encerrada.
No Rio e no Ceará, a empresa tem sido alvo de ações do Ministério Público e questionamentos em Comissões Parlamentares de Inquérito.
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