O Estado de São Paulo registrou alta de homicídios, estupros e furtos em janeiro deste ano, segundo dados divulgados na tarde desta segunda-feira, 27, pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Foi o primeiro mês da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente do Palácio dos Bandeirantes.
Em nota, a secretaria deu destaque para o aumento no número de prisões no começo deste ano (15,4%), mas afirmou “estar ciente que ainda há muito trabalho a ser feito”. Complementou que a comparação com janeiro do ano passado pode ser afetada por conta das medidas de combate ao coronavírus. Na época, houve uma onda da variante Ômicron no País.
Conforme as estatísticas, o total de casos de estupros saltou 14,9% na comparação entre janeiro deste ano com o mesmo mês do ano passado. Os casos foram de 921 para 1.058. Já o número de homicídios subiu de 236 para 250 na comparação entre os mesmos recortes, o que representa alta de 5,9%.
Em paralelo, os furtos subiram de 42,5 mil, em janeiro do ano passado, para 47,5 mil, no primeiro mês deste ano. A variação representa alta de 11,5% entre os dois períodos. No caso dos roubos, a oscilação foi menor (2%), com o número de ocorrências indo de 20,5 mil para 20,9 mil.
Os roubos de carga caíram 11,5% – foram de 572, em janeiro do ano passado, para 506, no início deste ano. Os latrocínios, por sua vez, tiveram um caso a menos nesses recortes, com 12 registros em janeiro deste ano, ante 13 no ano passado.
Estupros sobem 20% na capital paulista
Na cidade de São Paulo, os estupros subiram 20% em janeiro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 60 casos, dez a mais do que os 50 registrados no ciclo anterior.
“É preciso um olhar multisetorial sobre estes crimes, que envolva, além das forças de segurança, os serviços de educação, da assistência social e da saúde”, disse o coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha, em análise enviada à imprensa.
Na contramão do Estado, os homicídios caíram 21,8% em janeiro deste ano na capital paulista, indo de 55 ocorrências para 43. No resto da Grande São Paulo, houve alta de 64,9%, com as ocorrências saltando de 37, no primeiro mês do último ano, para 61, no recorte mais recente. Em São Bernardo do Campo, os casos saltaram de um para cinco. Em Guarulhos, de cinco para 11.
Os furtos subiram 17,8% na capital paulista nesse mesmo período, variação mais expressiva do que a observada no Estado. Os casos registrados subiram de 16,2 mil para 19,1 mil. No caso dos roubos, a oscilação foi de 1,5%, com 12 mil casos em janeiro deste ano, ante 11,8 mil no recorte passado.
Em nota publicada no site, a Secretaria da Segurança Pública destacou que a quantidade de pessoas presas aumentou no início deste ano. “As polícias conseguiram retirar das ruas do Estado 14.947 criminosos somente em janeiro”, disse. O número é 15,4% maior que o de janeiro do ano passado (12.957).
Segundo a secretaria, a Polícia Civil instaurou mais de 30 mil inquéritos policiais no mês passado, 2,6 mil a mais que no mesmo período de 2022. Houve aumento 50% na apreensão de drogas (foram 11,4 toneladas, ante 7,7 no recorte anterior) e de 7,2% na quantidade de armas apreendidas (foram 817, ante 762 em janeiro passado).
Sobre os dados criminais, a pasta afirmou “estar ciente que ainda há muito trabalho a ser feito, mas esforços estão sendo empenhados para reduzir a criminalidade e aumentar a sensação de segurança da população”.
A secretaria ponderou que a comparação com janeiro do ano passado pode ter sido afetada por medidas de combate ao coronavírus. “Se considerarmos a pandemia do covid-19, as primeiras medidas de distanciamento social foram tomadas na segunda quinzena de março de 2020 e perduraram até meados de 2022 (ano em que não houve carnaval), reduzindo a circulação de pessoas, o que afeta diretamente as estatísticas criminais”, disse a pasta.
Os dados de janeiro deste ano são os primeiros divulgados sob a gestão do novo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. No início deste ano, ele nomeou como secretário de Segurança Pública do Estado o capitão Guilherme Derrite, que havia feito críticas ao uso de câmeras corporais por policiais meses antes, na campanha eleitoral.
A indicação recebeu críticas de especialistas em segurança pública, uma vez que estudos apontam que as câmeras nas fardas de PMs fortalecem o combate ao crime e diminuem a letalidade policial. Em entrevista ao Estadão em janeiro, Derrite moderou o tom e afirmou que iria ampliar o uso de câmeras corporais por agentes da Polícia Militar.
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