‘Estou em estado de choque’, diz moradora de casa que teve jardim destruído por avião em Vinhedo

Aeronave com 58 passageiros e quatro tripulantes caiu em uma área residencial no interior de São Paulo; ninguém sobreviveu

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Foto do author Caio Possati
Foto do author Ítalo Lo Re
Por Rafael Franco, Caio Possati e Ítalo Lo Re
Atualização:

Moradora da casa cujo jardim foi atingido pela queda do avião que matou 58 passageiros e quatro tripulantes, no início da tarde desta sexta-feira, 9, em Vinhedo (SP), Aline Lima ainda se recupera do trauma que vive após escapar ilesa, junto com a sua família, do trágico acidente.

“Estou em estado de choque”, disse Aline ao Estadão.

Aeronave caiu em uma área residencial de Vinhedo, próximo à rodovia Miguel Melhado de Campos. Foto: Claudia Vitorino

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Ela estava em casa, no condomínio Recanto Florido, ao lado do marido e de uma ajudante no momento em que a aeronave caiu. “Meu jardim ficou completamente destruído, mas estamos todo bem, graças a Deus”, reforçou a moradora.

A aeronave com 58 passageiros e quatro tripulantes caiu em uma área residencial, próximo à rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324). Vinhedo fica a aproximadamente 95 quilômetros do Aeroporto de Cumbica, onde o avião pousaria, e 927 quilômetros de Cascavel, de onde saiu.

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Luis Augusto de Oliveira, Analista de Sistemas, 56 anos, também teve a casa danificada por causa do acidente e sua residência foi interditada. Ele foi para portaria do condomínio Recanto Florido com alguns pertences, como malas, roupas, produtos de cosméticos e itens de geladeira.

Outro relato de desespero vivido no momento do acidente foi dado por Beatriz Contatto, moradora da mesma rua onde o avião caiu no condomínio no interior paulista. “Na hora do acidente eu estava com o meu pai fora de casa, mas minha mãe me ligou desesperada. Ela presenciou o acidente e achou que o avião poderia cair na nossa casa. Minhas filhas estavam na casa e, felizmente, também não aconteceu nada com elas”, afirmou Beatriz ao Estadão. “Minha mãe disse que percebeu o barulho muito alto aumentando e ficando cada vez mais próximo, e que acompanhou o avião caindo e depois ouviu uma explosão quando ele tocou no solo.”

A biomédica Ana Paula Ferragut, outra moradora do Residencial Recanto Flórido, disse que estava trabalhando em casa dos pais quando começou a ouvir “um barulho muito alto”. “Era por volta das 13h20. Eu fui para a sacada e vi o avião girando, ‘parafueseanddo’ no ar, até cair. Foi horrível”, relatou ao Estadão. Após a queda, ela diz que começou a ver uma fumaça preta, densa, e a ouvir uma “sequência de explosões”. “Estamos em choque até agora”.

Renata Mezzanati, moradora de um condomínio vizinho ao Recanto Florido, descreveu o pânico que passou ao lado da sua filha no momento do acidente. “Eram por volta das 13h25 e eu chamei a minha filha para a gente ver pela janela de onde estava vindo aquele barulho muito alto e, logo depois, quando a gente olhou de novo, vimos que o avião estava descendo rodopiando em cima da nossa casa antes cair bem pertinho da gente”, conta.

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‘A parede até tremeu’

A aposentada Gertrudes Pereira, de 72 anos, estava na cozinha quando ouviu o barulho do avião em queda e saiu rapidamente na varanda. “Achei que ia cair em cima da minha casa”, conta. A aeronave caiu em um condomínio que fica em frente à casa dela.

“A parede até tremeu”, disse a educadora Michele Simões, de 40 anos. Nora de Gertrudes, ela estava em casa com a sogra quando o avião caiu.

Em um primeiro momento, ela achou que era um helicóptero querendo pousar. Até ouvir o estrondo da queda. “Subiu uma fumaça preta muito forte”, disse.

Morador de um condomínio vizinho, o comerciante Edson Martins, de 46 anos, conta que chegaram a cair destroços do avião dentro da casa dele. “Caiu um pedaço de ferro em um dos quartos”, disse. O condomínio foi isolado para averiguação da polícia.

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Inicialmente a informação era de 62 pessoas na aeronave, posteriormente retificada pela empresa. Segundo a Voepass, a prefeitura de Cascavel e a Polícia Militar paulista, não houve sobreviventes.

De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), é o acidente com o maior número de vítimas desde a queda da aeronave da TAM, em São Paulo, em 17 de junho de 2007, que vitimou 199 pessoas.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foi acionada para atuar na investigação da queda do avião. Até o momento, não há informações sobre a causa do acidente.

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