O Memorial da Resistência, na região central da capital paulista, exibe até maio do ano que vem uma mostra que conta a história de pessoas negras e a sua luta por direitos civis, sociais e políticos no Estado de São Paulo. A exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência abrange o período de 1888 até os dias de hoje. “Nesse tempo presente, imaginamos um futuro melhor, um futuro antirracista, um futuro em que haja o respeito aos direitos que todo cidadão possui”, afirma o curador e sociólogo Mário Medeiros sobre o nome da mostra.
“Imaginar um futuro antirracista foi o que esses homens e mulheres (retratados na exposição) fizeram o tempo todo”, acrescenta Medeiros.
A exposição reúne fotografias, cartazes, jornais, documentos da repressão, manifestos e manifestações artísticas das lutas lideradas pela população negra brasileira. “Com exceção de algumas fotografias, tudo o que se vê aqui veio de arquivos públicos e instituições universitárias, como USP e Unicamp”, afirma o sociólogo.
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Para a coordenadora da ação educativa do memorial, Aureli Alves, a mostra promove uma reflexão em um público diverso. “A exposição dialoga o tempo todo com a educação sobre os direitos humanos, entendendo que a população negra o tempo todo teve e tem os seus direitos violados. É só a partir da cidadania ativa, dos movimentos, das agremiações que a população negra consegue avançar na aquisição dos seus direitos”, diz.
A exposição relembra a ocupação da cidade pelos negros, suas experiências coletivas (como grêmios recreativos e clubes), as manifestações artísticas (o samba negro paulista e o hip hop) e intelectuais (a produção literária de escritores negros e a imprensa negra), além da perseguição e da intolerância religiosa (como os ataques a terreiros de candomblé). “Mostra também a experiência de resistência e manutenção da vida negra ainda sob ditadura, em diferentes momentos de autoritarismo”, afirma o curador.
Medeiros destaca ainda os movimentos das mulheres negras em São Paulo, especialmente nos últimos 40 anos.
O Memorial da Resistência, ligado à Associação Pinacoteca Arte e Cultura (Apac), foi aberto em 2009 no espaço onde funcionou, durante a ditadura militar, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Dops-SP), um símbolo da tortura no País.
Serviço
Exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência
Até 14 de maio de 2023
Endereço: Memorial da Resistência - Largo General Osório, 66. Santa Ifigênia
Horário de funcionamento: Aberto de quarta a segunda (fechado às terças), das 10h às 18h.
Entrada gratuita
Mais informações e agendamento para grupos mediados a partir de 10 pessoas: http://memorialdaresistenciasp.org.br
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