Não é de hoje que se fala da importância do contato com a natureza, especialmente para a saúde mental. É ali, no meio do mato, que muitos vão para reenergizar e se esquecer dos problemas da rotina na cidade. Claro que precisa também de um pouquinho de conforto, porque ninguém é de ferro. Glamping é um termo que, desde 2016, faz parte do dicionário inglês de Oxford e junta a palavra glamour e camping.
Esse tipo de turismo tem como objetivo proporcionar a experiência da natureza, mas deixar o rústico só para o entorno e, às vezes, para a decoração. O resto da viagem é com luxo e conforto.
Junto com a febre dos espaços instagramáveis e do turismo de experiência, a onda aumentou, permitindo que diversos tipos de hospedagens surgissem, de cabanas a kombis reconstruídas. Mas uma ganhou o coração de muitos rapidamente: os domos geodésicos, espécies de esferas de madeira que permitem integração maior com o verde ou a montanha.
A estrutura surgiu por volta de 1926 nas mãos do arquiteto americano Richard Buckminster Fuller, que a concebeu como solução de baixo custo para abrigos temporários e militares. Com o tempo, seus outros benefícios, como menor impacto ambiental, boa circulação de ar, resistência estrutural e apelo visual, fizeram com que a popularidade aumentasse.
São diversos espalhados pelo Brasil - a maioria de peças de madeira com vidros que servem de janelas. Alguns abusam do policarbonato para criar uma espécie de bolha.
Independentemente do material, estão sempre em um refúgio natural. Na Eco Glamping Brasil, é a Reserva Alto das Laranjeiras, em Paraibuna, a 125 quilômetros de São Paulo. Para chegar ali, são alguns minutos de subida em estrada de terra, mas tudo é compensado quando se alcança o topo.
Dali de cima, a paz se instaura. É possível escutar o barulho do pássaros e até do vento, mas nenhum ruído traz ansiedade ou sentimentos ruins - pelo contrário. Siga as trilhas para chegar até a casa e relaxar completamente.
Além da estadia, os anfitriões oferecem experiências adicionais, como trilhas guiadas, meditação ao ar livre e degustações.
Para o francês Fréderic Larre, proprietário do Eco Glamping Brasil, o País oferece cenário privilegiado, “com biodiversidade e paisagens únicas que atraem turistas do mundo todo” - inclusive ele, que veio da Europa no início dos anos 2000, apaixonado pela natureza brasileira.
“A tendência do slow tourism - turismo lento, um movimento que promove viagens mais conscientes e imersivas, valorizando a qualidade em vez da quantidade de atividades ou destinos - faz com que as pessoas se desliguem da correria, desacelere e aproveite o entorno natural de forma consciente, confortável e respeitosa”, diz ele que, além desse, criou outros dois domos no Estado.
Dentro da estrutura, que aceita até duas pessoas, é possível usufruir de churrasqueira, rede e fogueira. A indicação é levar sua própria comida e vinho para desfrutar a noite sem preocupações. Diárias custam a partir de R$ 1.065 o casal.
Hospedagem com sensação de casa
A maioria das hospedagens que oferecem o conceito do glamping são AirBnBs. Para a família Souza, o conceito nunca serviu tão bem. “Queríamos ter uma fuga da loucura de São Paulo para descansar e respirar. E essa vontade só aumentou quando a gente descobriu que eu estava grávida da Manu (hoje com quatro anos)”, conta Lucia de Souza, co-proprietária do Casa Domo Brasil.
Assim, criaram um domo geodésico que seria para a família ter uma casa do campo. Mas, junto do marido, o engenheiro civil Bruno Todesco, se interessou em investir no assunto. “O domo é uma estrutura que permite utilizar o mínimo de materiais para fazer o maior espaço possível, algo que traz a ideia de reduzir o desperdício, aproveitamento melhor dos materiais e sustenta a pauta da sustentabilidade, que é importante pra gente”, diz ele.
A residência foi uma das primeiras do Brasil, em formato domo, a ter todas as estruturas de uma casa convencional e ter dois andares. Tudo isso em plena mata fechada. “A arquitetura se moldou à natureza. Encontramos um espaço ali para não derrubar árvores justamente porque o objetivo é integrar a natureza e deixá-la como protagonista”, afirma.
Na parte de dentro, todas as madeiras são de reflorestamento. O biodigestor da casa faz com que o ciclo da água seja dentro do próprio terreno e todos os produtos de limpeza e banho oferecidos são biodegradáveis.
A casa atende até cinco pessoas. São dois andares, sendo o superior destinado para os quartos e um banheiro com banheira (e vista sensacional). Já o andar de baixo abriga cozinha, lavanderia, lavabo e sala de estar.
Ao fechar o pacote, o hóspede recebe um guia com orientações e regras da casa, indicações de passeios próximos e o pacote de café da manhã, com três cardápios diferentes (a partir de R$ 150) para incrementar a estadia.
“Queremos que os outros, assim como a gente, possam fugir da cidade para desligar, como fazemos aqui. Olhar o simples para descansar a cabeça e renovar as energias”, afirma Lúcia.
Se chover, a casa conta com adega carregada (com valores pagos à parte), jogos, violão e ofurô. Mas se fizer sol, é possível se aventurar na trilha do espaço, ficar na rede, acender fogueira e fazer marshmallows ou simplesmente degustar um bom almoço na mesa do deque. As diárias custam a partir de R$ 570 (mínimo de duas noites).
Serviço
- Eco Glamping Brasil
Saiba mais sobre a empresa: www.instagram.com/ecoglampingbrasil
- Casa Domo Brasil
Saiba mais sobre a empresa: www.instagram.com/casadomobrasil/
- Outras opções de Domo em São Paulo
Eco Glamping Brasil - Santa Branca: https://www.airbnb.com.br/rooms/607334360934425032?source_impression_id=p3_1730473577_P3hQ0gE-oj9S9w3b
Sky Domo Glamping - Salesópolis: www.instagram.com/skydomobrasil
Clube do Mato - Monteiro Lobato: www.instagram.com/clubedomato/
Goat Lodge - Ibiuna: www.instagram.com/goat_lodge/
Domo Uaná - Águas da prata: www.holmy.com.br/hospedagem/domo-uana/
Lunar House - Joanópolis: www.instagram.com/lunar.airbnb/
Nomad Place - São Bento do Sapucaí: www.instagram.com/_nomadplace/
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