Golpe do Pix: veja dicas para se proteger de crimes

Com o aumento da ação de bandidos envolvendo a solução de pagamento instantâneo, 'Estadão' traz lista de orientações de especialistas em segurança

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Por Ítalo Lo Re
Atualização:

SÃO PAULO - Desde que o Pix, solução de pagamento instantâneo do Banco Central, foi implementado em novembro de 2020, ele passou a facilitar uma série de transferências bancárias no País. O que não era previsto de acontecer em tão pouco tempo, no entanto, era o aumento de ações criminosas feitas após o roubo de celulares ou até mesmo coação em sequestros-relâmpago.

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Além de ocorrências desse tipo, há casos de pessoas que se passam por outros indivíduos, normalmente em conversas de WhatsApp, para receber transferências pelo Pix. Como o pagamento cai de forma instantânea, isso dificulta com que a vítima, mesmo sabendo do golpe minutos depois, desfaça a transação.

“Os golpistas acabam utilizando o Pix dada a notoriedade do meio de pagamento, mas a sistemática de golpe já é antiga, ocorrendo nos instrumentos de transferência mais tradicionais, como TED, e em outros meios de pagamentos, como cartões de crédito e débito”, informou o Banco Central.

Com o aumento das ocorrências de crimes utilizando Pix, o Estadão preparou uma série de dicas para se proteger em relação aos golpes envolvendo Pix. Confira abaixo:

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Revise e configure o limite de seu Pix

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) alerta que, desde abril, o usuário pode controlar seu limite no sistema de pagamento instantâneo, reduzindo ou aumentando o valor disponível para realizar transações. A medida é importante para auxiliar o cliente na gestão e controle de transações no Pix, mitigando danos.

Delegado da divisão antissequestro do Departamento de Operações Especiais de Polícia (Dope), Tarcio Severo reforça que a orientação é que os usuários de aplicativos de celular estabeleçam um limite não só para o Pix, mas para toda a conta bancária, principalmente em transações no período noturno. “O Pix está embutido dentro da conta. Mesmo que o ladrão veja que tem um limite nele, pode tentar por outras vias se o limite da conta for maior”, explica.

Baixada Santista e interior de São Paulo têm onda de golpes pelo Pix e pelo Whatsapp Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Não utilize a senha do banco em outros aplicativos

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Outro ponto é que a senha do aplicativo de banco deve ser exclusivamente usada para acessar a instituição financeira, recomendam especialistas. Até para facilitar a memorização, alguns usuários costumam repetir a senha em outros aplicativos, mas isso pode facilitar a ação de criminosos, principalmente em casos em que o recurso de “lembrar/salvar senha” é utilizado em navegadores e sites.

Não anote senhas dentro do celular

Para além dos recursos de “lembrar/salvar senha”, outra prática frequente é a de adotar senhas em aplicativos do celular, para acessá-los sempre que houver esquecimento. Mas isso não é recomendado. "Jamais anote senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de WhatsApp ou outros locais em seu celular”, reforça a Febraban.

Utilize o bloqueio da tela de início do celular

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Recorrer ao recurso de bloqueio da tela de início do celular pode ser útil senão para evitar que as transações via Pix aconteçam, para retardar a ação de criminosos. Desse modo, ganha-se mais tempo para acionar o banco e bloquear aplicativos de forma remota. “A maioria dos golpes envolvem engenharia social, ou seja, se aproveitam da vulnerabilidade do usuário para obter informações pessoais e financeiras”, explicou o Banco Central.

Desconfie de números desconhecidos

Ao receber mensagens ou ligações, é fundamental desconfiar de contatos desconhecidos, principalmente em casos em que uma transferência de dinheiro é solicitada de forma emergencial. Em caso de dúvida, é recomendado ainda ligar para o número antigo da pessoa pela qual o golpista pode estar se passando ou até pedir ajuda de conhecidos sobre a situação.

Não reaja a abordagens de criminosos

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Segundo o analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Guaracy Mingardi, por mais que seja difícil prever um roubo ou sequestro-relâmpago, é indicado não reagir a abordagens de criminosos. A reação, explica, pode atentar contra a própria vida da vítima, principalmente em casos envolvendo pessoas armadas.

Roubos via Pix estão aumentandoem São Paulo desde que a solução do Banco Central foi implantada no fim do ano passado. Foto: Leo Souza/Estadão - 16/11/2020

Notifique imediatamente seu banco

A partir do momento em que o celular é roubado ou que o golpe por Pix é consolidado, deve-se notificar imediatamente o banco do qual o dinheiro foi transferido. Desse modo, podem ser tomadas medidas adicionais, especialmente de bloqueio do app do banco e senha de acesso. A depender do caso, além disso, o banco pode acabar retendo a transferência.

De acordo com Roberto Monteiro, delegado de polícia da 1ª Seccional do Centro de São Paulo, há caminhos distintos depois que os roubos utilizando Pix são notificados na delegacia. “O que se percebe é que alguns bancos devolvem o valor, mas outros, não”, disse.

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O Banco Central informou que em junho foram divulgadas as regras do “mecanismo especial de devolução”, que entrará em vigor em 16 de novembro. Em tese, ele padronizará as regras e procedimentos para viabilizar a devolução de valores nos casos em que exista fundada suspeita de fraude.

Avise também a operadora de celular

Outro passo complementar é, em caso de roubo ou furto de aparelho celular, avisar a operadora. Assim, pode-se providenciar o bloqueio imediato da linha, evitando que criminosos entrem em contato com outras pessoas por meio do celular e apliquem mais golpes.

Registre um boletim de ocorrência

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É fundamental, além disso, registrar boletim de ocorrência junto às autoridades policiais, ação fundamental que dá visibilidade ao crime, ajuda nas investigações policiais e permite, posteriormente, a identificação e as prisões de quadrilhas de criminosos.

“Por seu desenho tecnológico, todas as operações com o Pix são 100% rastreáveis, o que permite a identificação das contas recebedoras de recursos produtos de golpe/crime”, informou o Banco Central. Desse modo, a notificação das autoridades permite a ação “mais incisiva da polícia e da Justiça, o que não acontece com saques em caixas eletrônicos, por exemplo”.