Popularmente, ela era conhecida como Escadão da Alves Guimarães. Mas, há cerca de 30 dias, se tornou a Escadaria das Bailarinas. Em um mês, o novo nome já superou o antigo em menções no Instagram, além de atrair visitantes. O motivo é a recente intervenção do grafiteiro Kobra, que desenhou seis bailarinas nos degraus e nos muros do espaço, em Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo.
A escolha do local surgiu após o artista percorrer diversos espaços da capital. “É a primeira vez que eu pinto uma escadaria. Ela é muito bonita, charmosa, tem uma área verde incrível, mas, obviamente, precisava ser recuperada”, conta ele. Por isso, a ação não só envolveu o grafite, mas também a reforma. O custo foi arcado por uma parceria com a empresa Bonafont, pela qual o artista participou de um projeto comercial em troca do patrocínio.
Agora, Kobra busca apoio para fazer o ajardinamento do local – que ainda não foi oficialmente inaugurado. “Quando cheguei lá, na escadaria, decidi transformá-la com esse tema, de bailarinas, justamente porque era um ambiente um pouco escuro, um pouco pesado, até com usuários de drogas”, conta. Inicialmente, a pintura ocorreria apenas nos degraus da escada, mas, durante o trabalho, moradores cederam seus muros para integrar a ação.
Ao centro da escadaria, está um retrato da bailarina Mel Reis, de 33 anos, que se apresenta com o Studio Gnética. Em 2014, a artista teve uma das pernas amputadas e, por isso, utiliza perna mecânica com uma sapatilha de ponta para dançar. “Quando me falaram (sobre o mural), eu pulei de alegria, pois meu artista favorito havia me homenageado dessa forma”, conta Mel. “O balé, para mim, realmente traz alegria e leveza, mas, vai muito além, me trouxe vida.”
Nos muros, Kobra desenhou três bailarinas inspiradas nas irmãs Isabela e Yasmin de Souza da Silva, respectivamente de 13 e 15 anos, que integram o Ballet Paraisópolis, desenvolvido pela coreógrafa Monica Tarragó. Há, ainda, mais duas dançarinas no local. Uma delas é uma releitura da escultura A Pequena Bailarina de 14 Anos, do francês Edgar Degas, que integra o acervo do Masp. Já, a outra, retrata a bailarina russo Maya Plisetskaya, que integrou o Balé Bolshoi e já foi tema de um mural de Kobra em Moscou.
Uma das admiradoras da obra é a bailarina e professora de dança Rafaela Monteiro, de 31 anos. Quando soube que a peça estava pronta, chamou um fotógrafo e foi ao local fazer registros. Detalhe: todos com collant e saia tutu. “Nasci pra ser bailarina. É só por a sapatilha e já sinto bater o meu coração", escreveu no Instagram.
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