Guarda municipal mata secretário adjunto de Segurança dentro da prefeitura de Osasco

Autor dos disparos fez vítima refém e se rendeu após negociação com a PM; agressor teria se revoltado com sua saída da equipe que acompanha o prefeito; defesa não vai se manifestar

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Foto do author Caio Possati
Foto do author Juliana Domingos de Lima
Por Fabio Grellet, Caio Possati e Juliana Domingos de Lima
Atualização:

Um guarda-civil matou o secretário adjunto da Segurança do município, Adilson Custódio Moreira, de 53 anos, a tiros dentro da prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, no início da noite desta segunda-feira, 6. Após negociação com o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar, o autor dos disparos, Henrique Marival de Souza, de 46 anos, foi detido por volta das 19h30.

Guarda-civil se rendeu após negociação com a polícia Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Fotoarena

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Conforme a PM, ao menos oito tiros foram disparados no local - quatro atingiram o secretário, mas ainda será feito o laudo necroscópico. A defesa não vai se manifestar.

A prefeitura diz que houve confronto após uma reunião em que o secretário adjunto discutia mudanças de funções da equipe.

O guarda foi informado que sairia de uma função administrativa para o patrulhamento nas ruas, o que o revoltou. “Ele foi cortado da equipe de segurança institucional que faz a guarda do prefeito”, disse ao Estadão o delegado Daniel Alois Martins, que investiga o caso.

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O autor do disparo fazia parte da equipe de segurança havia dois anos do novo prefeito, Gerson Pessoa (Podemos), que antes era deputado estadual.

Ao final da reunião com a equipe, Custodio Moreira disse que receberia individualmente aqueles que tivessem dúvidas, e Marival ficou por último. Nesse momento, o guarda manteve o secretário trancado como refém dentro de uma sala. Moreira não estava armado.

Ele chegou a montar barricadas e o prédio da administração municipal foi interditado durante a negociação. O guarda requisitava a presença do advogado e da esposa.

O aparelho detector de vida do Gate mostrou que havia apenas uma pessoa viva dentro da sala, o que permitiu aos policiais concluírem que já não havia mais reféns.

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Prefeitura de Osasco chegou a ser interditada após tiroteio Foto: Alex Silva/Estadão

A cidade da região metropolitana passa por transição de governo: Pessoa foi eleito em outubro para substituir Rogério Lins, do mesmo partido. O ex-prefeito é agora secretário de Esportes e Lazer da capital paulista, na gestão Ricardo Nunes (MDB). O novo chefe do Executivo não estava no Paço Municipal na hora do tiroteio.

O guarda foi encaminhado ao 5º Distrito Policial da cidade, onde será ouvido e indiciado. A audiência de custódia será nesta terça-feira, 7.

Segundo o comandante Erivan da Silva Gomes, da GCM de Osasco, em princípio não havia investigações ou histórico de problemas em relação ao guarda que atirou, que está na corporação faz 15 anos. “Não tem questão de Corregedoria nem responde a processo administrativo”, disse. Segundo a reportagem apurou, havia histórico de desavença entre eles.

Já Custodio Moreira estava na secretaria havia oito anos - na gestão passada foi titular de Segurança e Controle Urbano e, depois, secretário adjunto. Antes, ele havia atuado como guarda-civil. Ia fazer 54 anos no domingo, 12, e era natural de Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais, mas mudou para São Paulo ainda na infância. Em Osasco, ele teve uma empresa de motoboys antes de prestar o concurso para a GCM.

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Gomes, que está no cargo há 11 meses, afirmou que uma das suas metas é fortalecer a rede de assistência psicossocial dentro da corporação./ COLABOROU ITALO LO RE

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