Haddad sanciona lei que cria Parque Minhocão e diz que via é um erro

Prefeito afirmou que não teria erguido elevado se administrasse a cidade na década de 1970 e se comprometeu a garantir serviços

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta quarta-feira, 19, que o Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, é "errado" e que não teria erguido a via se fosse prefeito na década de 1970, época em que foi criada. Haddad sancionou nesta quarta-feira uma lei determinando que o elevado passe a se chamar Parque Minhocão quando não houver carros. 

Embora tenha ponderado que sua posição pessoal sobre a demolição da via "é o que menos importa", já que toma decisões com base em estudos técnicos, Haddad afirmou que é "errado" o viaduto. "Não faria o Minhocão se eu fosse prefeito. Não faria aquilo. Acho errado. Não gosto de viaduto. Gosto de ponte", disse.

Segundo o prefeito Fernando Haddad, a discussão sobre o desmonte do Minhocão ainda é precipitada porque o debate não está suficientemente amadurecido Foto: Juliana Diógenes/Estadão

PUBLICIDADE

Na prática, com a lei que entra em vigor, a Prefeitura se compromete a executar serviços garantidos a parques da capital paulista, como varrição e segurança. O prefeito disse que vai recomendar ao subprefeito da área a formação de um Conselho Gestor, constituído por moradores da região, para a criação de regras previstas a um parque.

Segundo Haddad, a discussão sobre o desmonte do Minhocão ainda é precipitada porque o debate não está suficientemente amadurecido. "Não tem posição formada se destrói ou transforma em parque", disse.

O prefeito defendeu, no entanto, que a lei sancionada é um passo para chamar atenção da sociedade ao elevado e reeducar o olhar da cidade sobre as funções do espaço. 

Publicidade

Na prática, com a lei que entra em vigor, a Prefeitura se compromete a executar serviços garantidos a parques da capital paulista, como varrição e segurança Foto: Juliana Diógenes/Estadão

Haddad destacou ainda que qualquer decisão terá de vir precedida de "ações de mitigação de qualquer efeito social para a população local". "Temos uma preocupação com a gentrificação da região porque não queremos expulsar ninguém do ambiente", afirmou.

Para o engenheiro e presidente da Associação Parque Minhocão, Athos Comolatti, presente no evento de sanção, a lei é importante porque a Prefeitura passa a reconhecer o elevado como espaço de lazer, e não somente como via expressa.

"A Prefeitura estava ignorando o que acontecia no Minhocão. Mas, pelo volume de pessoas, não estava certo continuar assim. A Prefeitura deveria tratar com o mínimo de atenção. Então, hoje a Prefeitura reconhece o uso como área de lazer", afirmou Comolatti. 

Fechamento do Minhocão. Desde julho do ano passado, o Minhocão passou a ser fechado para carros e aberto para pedestres também aos sábados, às 15 horas. A via permanece quase 40 horas fechada e é reaberta na segunda-feira, às 6h30. 

Antes, o elevado era aberto para lazer somente aos domingos. De segunda à sexta, o tráfego no Minhocão já fica fechado à noite (21h30 às 6h30).

Publicidade

O projeto de lei 439/2015, sancionado nesta quarta-feira, é de autoria do vereador José Police Neto (PSD) e foi aprovado na Câmara Municipal em dezembro do ano passado.

O debate sobre a eficiência do Minhocão como via de tráfego vem ganhando força desde julho de 2014, quando a gestão Haddad aprovou o Plano Diretor. No artigo 375 do projeto, a Prefeitura previu a elaboração de uma lei específica para o Minhocão "determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado" e "definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque".

Um estudo da Companhia de Engenharia do Tráfego (CET), divulgado no ano passado, concluiu que a desativação do elevado causaria baixo impacto trânsito da região central.

O Minhocão, criado há 45 anos pela gestão do então prefeito Paulo Maluf (Arena), tem 3,4 quilômetros de extensão. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.